14 maio 2015

IPO retornam ao México enquanto o mercado do Brasil continua dormindo

O mercado de aberturas de capital do México poderia estar organizando um retorno.

A empresa de leasing Unifin Financiera SAB planeja realizar uma abertura na semana que vem na Bolsa Mexicana de Valores, com potencial para terminar uma seca de aberturas na América Latina que leva seis meses, o período mais prolongado desde 2009.

A venda de ações no México poderia começar a preencher o vazio de emissão deixado pelo Brasil, que durante muito tempo foi líder regional e se encaminha para sua maior contração econômica em mais de duas décadas. Será assim especialmente se a transação da semana que vem abrir as portas para uma crescente lista de emissores que esperam que a volatilidade do mercado amaine.

"No caso específico do México, demos um passo decisivo nas últimas semanas", disse Ian Taylor, banqueiro de investimentos do Goldman Sachs Group Inc. em Nova York, que trabalha na emissão de ações na região. "Os investidores se mostram muito mais construtivos quanto à busca de potenciais emissões novas".

A carteira de aberturas em preparação distingue o México. Pelo menos cinco empresas mexicanas apresentaram a documentação para abrir seu capital nos últimos seis meses, entre elas a fabricante de autopeças Tenedora Nemak SA e a desenvolvedora de propriedades Grupo Gicsa SAB, mostram documentos da bolsa. A Gisca visa realizar uma abertura em junho, segundo um porta-voz da companhia. Enquanto isso, apenas uma empresa no Brasil apresentou a documentação para realizar uma abertura nos últimos seis meses.

Um representante da Nemak não quis comentar.

José María Muñiz Liedo, vice-diretor-geral de relações financeiras institucionais da Unifin, disse que a princípio sua empresa tinha considerado uma listagem no primeiro trimestre, mas que ele está contente de ter resolvido esperar.

Antes de julho

José Oriol Bosch, CEO da Bolsa Mexicana de Valores, disse em uma entrevista neste mês que é provável que se acumule cerca de US$ 1 bilhão em aberturas de capital feitas no México antes de julho. Ele disse que além da Unifin e da Gicsa, a construtora de casas Servicios Corporativos Javier SAB e o fundo de investimentos imobiliários Fibra HD Servicios SC manifestaram interesse em realizar aberturas dentro desse período.

O dinheiro arrecadado nos mercados de capital acionário - entre eles aberturas e continuações de emissores já existentes - bateram um recorde com US$ 12,3 bilhões em 2013, em um momento em que o país estava começando a trabalhar para abrir seu setor de energia a investimentos privados. Desde então, o impulso se perdeu, já que o crescimento econômico ficou abaixo das estimativas, o desmoronamento mundial do petróleo enfraqueceu a moeda local e a perspectiva de uma alta das taxas de juros nos EUA semeou incerteza entre os investidores.

Agora, o índice de referência IPC ficou a 3 por cento de um recorde. A volatilidade histórica - medida pelo desvio padrão anualizado a 30 dias - está em 10,3 por cento, seu valor mais baixo em seis meses.

Peso estável

O peso parece ter se estabilizado - um sinal bem-vindo para os investidores estrangeiros que calculam os retornos em dólares. A moeda caiu 11 por cento nos últimos seis meses, a maior desvalorização de uma moeda latino-americana depois da desvalorização do real.

A economia está prestes a se expandir 2,8 por cento neste ano, segundo previsões compiladas pela Bloomberg, em contraste com a contração de 1 por cento esperada no Brasil.

"O México é um dos mercados mais estáveis da América Latina", disse Miguel Brinkman, diretor de investment banking do Grupo Financiero Interacciones, em entrevista da Cidade do México. "Se o Fed esperar até dezembro, poderíamos ter um ano excelente para o mercado de aberturas".

Título em inglês: 'IPOs Return to Mexico With Unifin as Brazil Market Stays Dormant' Leia mais em Bol.Uol 14/05/2015

14 maio 2015



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