31 março 2020

TI - RADAR de Fusões e Aquisições, em fevereiro/2020

Crescimento de 72%, em fevereiro/20,  no volume de fusões e aquisições de empresas de Tecnologia da Informação – TI e Telecom, no Brasil. Foram realizadas 43 transações.
  Em relação  ao valor dos negócios, apurou-se o montante de R$ 2,8 bilhões,  um crescimento de 415%, comparativamente ao mesmo mês do ano anterior.
  O segmento de maior volume de operações foi o de SOFTWARE.
  Os investidores Estratégicos foram  mais ativos em volume, com 22 negócios realizados, enquanto os investidores Financeiros ficaram com 21.  Por sua vez , os Investidores Nacionais responderam por 40 operações e os Estrangeiros somente por 3.
  Em relação ao montante, os Estrangeiros foram responsáveis  por 49,9% dos investimentos,  e  os  Nacionais por 50,1% do total.
  O valor médio das transações no ano  foi de R$ 111,5 milhões,  crescimento de 286% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
  O Indicador de Volume de Transações de M&A do mês sinaliza uma retomada do crescimento.
  A maior transação no mês de fevereiro/20, foi Locaweb levantando R$ 1 bi em IPO.

Operações de Fusões e Aquisições de Tecnologia da Informação – TI e Telecom, noticiadas com destaque na imprensa brasileira ao longo do mês corrente As informações deste relatório, elaborado pelo Blog FUSÕES & AQUISIÇÕES (http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br) estão apresentadas em blocos, detalhando as transações por Volumes e Valores, Segmentos, Racional do Investimento, Porte das empresas, Perfil do Investidor, Destaques do mês, etc.

ANÁLISE DO MÊS

Principais constatações.

Volume de negócios - 
No primeiro bimestre de 2020, com 76  transações, apresentou um crescimento de 72,7% comparativamente ao mesmo período de 2019. No mês fevereiro de 2020, foram apuradas 43 transações, representando um crescimento de 72% comparativamente ao mesmo mês do ano  anterior (25 transações).



Tendência - O objetivo do Indicador de Volume de Transações de M&A é sinalizar uma expectativa de tendência, com base na análise do verificado nos períodos semestrais móveis. O período móvel findo em fev/20, retoma o crescimento mas sinaliza uma perspectiva de queda.



Maiores apetites - Os segmentos de maior volume de operações em fevereiro/20 foram os de Software, Serviços de TI e Mídia, representando uma concentração de 86%.



Segmentação - Na classificação entre os Segmentos de TI no corrente mês, os subsegmentos de Finanças, Comunicações, Educação, Saúde, Energia e Meio ambiente, Setor público.. (Verticais App) de SOFTWARE, e   Implementação de hd, softw, redes;  consultoria & gerenciamento de redes, aplicativos; segurança; de SERVIÇOS DE TI  lideraram. No acumulado do bimestre, SOFTWARE  vem liderando o número de transações, seguido por SERVIÇOS DE TI.


Valor dos investimentos -  No mês de fevereiro, o total das transações, incluindo as operações que divulgaram os valores (85,2%) e as não divulgadas (estimadas  14,8%), alcançaram R$ 2,8 bilhões, representando um crescimento de 415%,  em relação ao mesmo mês do ano anterior, sendo fortemente influenciada, 42,5%,  por uma só operação, da Locaweb levantando R$ 1 bi em IPO.



Segregação setorial nos últimos três anos - Comparando-se o número de transações do primeiro bimestre do ano, por segmentos, compiladas nos últimos três anos,  vale destacar  o crescimento de todos.



Perfil do investidor - Em relação ao perfil do investidor no corrente mês, das 43 operações destacadas, os Investidores Estratégicos foram responsáveis por 22 negócios. Todas as operações foram realizadas por empresas de capital nacional. Os investidores Financeiros realizaram  21 negócios, sendo 18 de capital nacional e 3 de capital Estrangeiro.
Por sua vez,  o Investidor de Capital Nacional foi mais ativo com 40 operações (93%), enquanto o Investidor Estrangeiro foi responsável por 3 negócios (7,0%).

Investimentos nacionais & estrangeiros - Já no que tange ao montante das transações no mês, de R$ 2,8 bilhões, os Investidores Estrangeiros foram responsáveis por 49,9% dos investimentos enquanto os Nacionais ficaram com 50,1%.
(1) Empresa adquire outra empresa (controladora ou não) relevante do ponto de vista estratégico, a fim de ter acesso a tecnologia, produto ou serviço.
(2) Fundo de Investimento Private Equity; Venture Capital, Angel;
(3) Empresa de capital nacional adquirindo participação em empresa brasileira (controladora ou não).
(4) Fundo de Investimento de capital estrangeiro adquirindo participação em empresa brasileira (controlador ou não).

Valor médio dos investimentos - O valor médio das transações no acumulado do ano  foi de R$ 111,5 milhões, representando um crescimento 286%   em relação ao valor médio do mesmo mês do ano passado.

Nacionalidade dos investidores - Em relação à nacionalidade das empresas que estão investindo no Brasil no mês de fevereiro/20, quando foram registradas 3 operações de dois países.

Maiores transações no mês de fevereiro/20: Locaweb levanta R$ 1 bi em IPO - A empresa atua no segmento de hospedagem de sites e e-commerce. A empresa estreia na B3 avaliada em R$ 2,15 bilhões.  04/02/2020

Relação das transações - A relação das transações de Fusões e Aquisições na área de TI, segue a data em que foram divulgadas pela imprensa e compiladas pelo blog fusoesaquisicoes.blogspot.com. Todas podem ser pesquisadas e localizadas no blog.

RELATÓRIO ANTERIOR: TI - RADAR de Fusões e Aquisições, em janeiro/20

M&A - QUEM, O QUÊ, QUANDO, QUANTO, COMO e POR QUÊ
 O RADAR de M&A em TI tem o propósito de captar o “clima” do mercado das operações de Fusões e Aquisições bem como sinalizar suas principais tendências. Trata-se da compilação de notícias visando tornar mais acessíveis e conhecidos os negócios de fusão, aquisição e venda anunciados/realizados entre empresas com atuação no Brasil. Todas as informações sobre os negócios citados no presente relatório são obtidas a partir de notícias consideradas confiáveis publicadas pela imprensa e divulgadas no “estado" pelo blog FUSOESAQUISICOES.BLOGSPOT http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br , não sendo feita qualquer verificação quanto à sua veracidade, precisão ou integridade do conteúdo. Operações divulgadas em relatórios anteriores podem sofrer alterações, por conta de cancelamentos, renegociações, atualizações,  etc. Sempre que possível, serão mencionados os nomes dos compradores – investidor estratégico ou fundos de private equity, dos vendedores, a tese de investimento e principais “value drivers”, o valor da transação, forma de pagamento, múltiplos praticados (Valor da Empresa/EBITDA, Valor da Empresa/Receita) etc. Muitas vezes a notícia não é clara a respeito dos valores/forma de pagamentos e respectivos múltiplos. É bem-vinda toda e qualquer contribuição para tornar as informações mais precisas e transparentes. 

31 março 2020



Edson Rigonatti, da Astella Investimentos, dá sua receita para as startups enfrentarem a crise

Com 13 empresas no portfólio, como Resultados Digitais e Omie, a Astella se movimentou rápido para apoiar suas investidas. Nesta entrevista, Rigonatti conta o que está fazendo, fala do mercado de venture capital e de seu quarto fundo de R$ 400 milhões

O investidor Edson Rigonatti, fundador e sócio da Astella Investimentos, é considerado o rei do playbook , um “documento” que padroniza os processos em diversas áreas com o passo a passo do que fazer. E ele não poderia deixar de desenvolver sua própria receita para que as startups enfrentem essa crise por conta da pandemia do coronavírus.

Nesta entrevista, Rigonatti conta o playbook que desenvolveu com as 13 empresas de seu portfólio, como a Resultados Digitais e a Omie, e faz uma avaliação dos riscos e oportunidades do mercado de venture capital.

“Não desfizemos nenhum contrato e nenhuma negociação. Só estamos pedindo para aqueles com quem estávamos no final da transação para esperar um ou dois meses para ter fluidez no desembolso do dinheiro”, afirmou Rigonatti, ao NeoFeed.

Ele diz que a crise vai trazer as avaliações das startups a patamares mais realistas e compara essa crise com a do estouro da bolha da internet, no começo dos anos 2000, dada a incerteza de curto prazo. Mas, em sua visão, as startups de hoje estão muito mais preparadas para enfrentar essa crise do que as daquela época.

“Eu acho que vai ter uma postergação do crescimento, uma postergação do famoso “triple, triple, double, double, double”. Vai ser um “triple, triple, zero, double, double”, diz Rigonatti, referindo-se à teoria conhecida com T2D3, na qual a startup triplica a receita por dois anos seguidos e depois duplica por três anos seguidos.

Rigonatti também fala de seu novo fundo de R$ 400 milhões, cuja captação acaba de ser concluída. “Vai ficar mais fácil vender serviços digitais”, diz ele. Acompanhe.

Você é considerado o rei do playbook. Qual é a sua receita para as startups enfrentarem essa crise?
Vou te contar o playbook até aqui. E, nas próximas semanas, vamos atualizar. Mas a primeira etapa foi garantir a segurança física de todo mundo e de todos os colaboradores. Preparamos todos para o isolamento social e para as práticas de higiene. A segunda etapa, há 15 dias, foi preparar todo mundo para as dinâmicas e para os rituais de home office. Na sequência, entramos com um material preparando psicologicamente, para evitar pânico e tomadas de decisões apressadas. Começamos a orientar todo mundo a procurar algum tipo de psicólogo, mentor e começar a extravasar a parte psíquica de todo o processo. A quarta etapa, que acabamos há uma semana, foi a de planejamento.

Como foi essa etapa?

Trabalhamos com todo mundo para ter três cenários. Um deles, com uma redução de 25% da demanda, outro com 50% e um com 75%. E, baseado em cada um desses cenários, estabelecemos gatilhos de ações para nos prepararmos para o cenário seguinte. E fizemos isso de acordo com a disponibilidade de caixa. Classificamos a empresa em três categorias: quem tinha mais de 12 meses de caixa; quem tinha entre seis e 12 meses; e quem tinha menos de seis meses. Mas todas as empresas, com exceção de uma delas, tinham caixa suficiente para lidar com seis meses de estresse dentro desses cenários. E para aquelas que estão em situação abaixo de 12 meses (de caixa), estamos ativamente buscando linhas de financiamento, especialmente dívida, para garantir algum tipo de colchão em caso de necessidade.

“Todas as empresas, com exceção de uma delas, tinham caixa suficiente para lidar com seis meses de estresse”

Quantas empresas no portfólio atual?

São 13 empresas. Elas estão bastante saudáveis. É uma situação razoavelmente confortável. Nesta última semana, começamos a trabalhar as oportunidades. Começamos a trabalhar em cada uma delas onde não só poderíamos ajudar a sociedade, mas também, de uma certa maneira, aproveitar o momento para tomar espaço de competidores e lançar novos tipos de produto. É a hora de buscar vender lenço. Estamos nessa fase agora.

Como a crise vai afetar o mercado de venture capital?

A primeira reação vem dos investidores (que alocam recursos nos fundos). É uma indústria que tem um colchão de longo prazo, o que traz um pouquinho de resiliência. A parte boa do Brasil é que os principais fundos já tinham fechado novas captações. Então, de uma certa maneira, tem o dinheiro garantido para esse próximo ciclo (de investimentos). Mas está todo mundo tendo o máximo de parcimônia, porque os investidores estão pedindo o mínimo de chamada de capital possível. Está todo mundo preferindo ficar com caixa em mãos.

Por quê?

Porque vão ter tantas oportunidades na Bolsa e tantas oportunidades em negócios que vão estar em distress, que acredito que vai ter um deslocamento, num primeiro momento, para esse tipo de oportunidade. O dinheiro vai primeiro para as oportunidades da bolsa e depois para as coisas que estariam quase que quebrando. E, nos próximos três, nove meses, o venture capital deve retomar a atividade com uma certa normalidade. Parta do princípio que normalidade é uma readequação de “valuation”. O principal ajuste vai ser no preço e não no nível de atividade.

O que você está me dizendo é que nos próximos meses você não deve fazer novos investimentos e nem follow ons?

Só para dar uma perspectiva nossa. Estamos chamando capital só para as coisas que já havíamos nos comprometido. Não vou dar furo em ninguém. E para os investimentos que estávamos prestes a fazer, estamos pedindo um pouquinho de tempo para entender o real fluxo do dinheiro. Não tiramos o comprometimento, não desfizemos nenhum contrato e nenhuma negociação. Só estamos pedindo para aqueles com quem estávamos no final da transação para esperar um ou dois meses para ter fluidez no desembolso do dinheiro. E acredito que é isso que deve estar acontecendo na maior parte dos fundos.

Você falou de uma readequação das “valuations”. É a crise que está forçando ou elas estavam irrealistas antes da crise?

Acredito que as “valuations” voltam para um patamar histórico. Tem essa teoria econômica que chama “reversão à mediana”. Ela diz que tudo volta para um patamar mediano histórico. Acredito que é isso que estamos vivendo. Não devemos ver uma depressão significativa de preço, mas devemos ver uma volta a um patamar de alguns anos atrás.

“Acredito que as “valuations” voltam para um patamar histórico. Não devemos ver uma depressão significativa de preço, mas devemos ver uma volta a um patamar de alguns anos atrás”

O patamar de preços, antes do coronavírus, era irreal?

Era. A gente estima que estava uns 30% a 40% acima da mediana histórica.

Você está se referindo ao Brasil ou aos casos internacionais?

Inclusive no Brasil. Acho que tem um pedacinho da cadeia aqui no Brasil que estava sendo precificada a preço de mercado americano. Os melhores empreendedores, aqueles globais, aquelas coisas que chamam mais atenção, estavam sendo precificadas a preço de “Silicon Valley”.

Você comentou que os principais fundos concluíram suas captações. A Astella concluiu a captação do seu quarto fundo?

Sim. Ele é um fundo de R$ 400 milhões. E tem a Kaszek, que captou, no fim do ano passado, quase US$ 600 milhões. A Monashees, quase US$ 300 milhões. A Canary e o Valor também captaram. Todos estão com recursos significativos para os próximos dois anos.

Você vai mudar a tese de investimento com esse novo fundo de R$ 400 milhões?

A ideia segue sendo investir em empresas no estágio inicial. Nosso sweet spot é o seed, quando a empresa tem “product market fit”. E estamos ajudando a empresa a escalar. A ideia é manter o ritmo. Temos feito cinco a sete investimentos. Não vamos acelerar o número de novos investimentos. O que queremos é prolongar o tempo que estamos dando suporte às empresas. Com um fundo maior, a gente consegue dar suporte e liderar a série A, como também apoiar a série B, que é um elemento importante para ajudar o empreendedor a dar esses saltos.

Já fez investimentos com esse fundo?

Ainda não fizemos. Esperamos começar a fazer em abril. Os comprometimentos que eu comentei contigo, estou fazendo investimentos do terceiro fundo, que ainda temos bastante dinheiro. Os novos investimentos faríamos a partir do quarto fundo. E, no caso dos follow ons, ainda estamos reavaliando para saber qual vai ser o novo patamar de mercado. Tinha uma expectativa de taxa de crescimento para poder fazer follow ons. Mas, claramente, essas metas não vão ser atingidas. Elas vão ser postergadas nos próximos seis a nove meses, senão mais. Ainda estamos tentando estimar qual vai ser esse novo patamar de tração para poder redefinir qual vai ser a nossa estratégia de follow on. O que tenho dito para os nossos investidores é que não vamos chamar capital para salvar empresas. Precisamos definir um novo patamar de taxa de crescimento, um novo patamar de valuation, para aí sim definir o que merece receber dinheiro fresco para continuar crescendo. Essa é a parte do playbook que ainda não conseguimos terminar de estruturar.

O cenário está muito incerto ainda?

Está muito incerto porque depende de toda a cadeia. O que estamos fazendo agora é estudar as crises passadas e tentando entender o que os fundos de late stage vão fazer daqui para frente. A primeira coisa que tem de fazer é fugir da zona de barganha. O primeiro ciclo vai ser as barganhas, as galinhas mortas. Vai todo mundo procurar as galinhas mortas. E só depois disso é que vamos conseguir saber, de verdade, o que é que vai ser o preço de um ativo saudável para definir e ajudar os empreendedores a uma estratégia de captação das próximas rodadas.

Você comentou sobre as galinhas mortas. Mas o fato de os preços caírem não seria uma boa hora para investir?

O que eu estava comentando é que existe perspectivas diferentes em cada estágio. Eu acho que, nos estágios iniciais, o que vai mudar é preço. Mas o volume e o desejo de investimento permanece. No meio da cadeia, você tem aquelas coisas que vão precisar de dinheiro e não têm dinheiro. Essas vão ser as galinhas mortas. É quem tem um bom ativo, mas não estava preparado para enfrentar a crise. E tem uma terceira etapa que são os reajustes de preços, ou seja, o que é preço novo ao longo da cadeia para continuar crescendo sua empresa. São esses três diferentes tipos de movimentação de preço e dinâmica de mercado.

Outro comentário seu foi sobre a incerteza. Você já viu uma crise com a atual?

Eu acho que na minha vida no setor de venture capital não. Atuamos desde 2010. Começamos depois da última crise (a de 2008). Mas, pelo que me lembro de bolha da internet, me parece aquilo que se viveu em 2001, 2002 e 2003. Cheira um pouco a ser aquilo.

Você vê semelhanças entre o estouro da bolha pontocom e esse momento? Por quê?

Bastante. Pela dificuldade de enxergar três meses, seis meses adiante. Eu acho que, de uma maneira geral, na indústria de venture capital, todo mundo enxerga isso que está acontecendo como algo benéfico para a sociedade. Respeitando quem está sofrendo com isso e vai sofrer com isso, tanto do ponto de vista de saúde, como no econômico, a humanidade tende, no agregado, a melhorar muito depois desse tipo de situação. A humanidade dá saltos quânticos depois desse tipo de coisa. A peste negra criou o saneamento básico, que permitiu a Revolução Industrial. A febre espanhola criou a penicilina, que gerou um outro boom econômico. A gente sabe que, no longo prazo, as coisas tendem a melhorar até mais do que antes. A dificuldade é saber quanto tempo vamos ficar em lockdown, quantos meses vai demorar à atividade econômica retomar a um patamar intermediário. A volatilidade é de curto e médio prazo, não de longo prazo. Tanto isso é verdade que não se vê os investidores recuando da cadeia produtiva de venture capital.

Você disse que vê semelhanças sobre esse momento e o estouro da bolha pontocom nos anos 2000. Me lembro que havia muito capital, pelo menos para aquela época, mas as startups não tinham planos de negócios tão consistentes como hoje. As startups de hoje me parecem que não são vapor. Elas estão muito mais preparadas do que as startups de 2001. Muitas daquelas empresas iam quebrar, com crise ou sem crise.

Você está coberto de razão. Eu não me referia à estrutura das empresas. E uma outra diferença significativa é que naquele momento, grande parte do dinheiro vinha do mercado público. E hoje o dinheiro vem do mercado privado. O que restringe a crise dentro do mundo de tecnologia. O que eu estava querendo comparar era o quão difícil era planejar próximas etapas, dada a incerteza do cenário de curto prazo.

“O segmento de tecnologia vai ser o que mais vai se beneficiar disso tudo. O comportamento humano mudou. Vai ficar mais fácil vender serviços digitais”

Você acredita que as startups hoje estão preparadas para enfrentar essa crise?

Do nosso portfólio, acredito que tivemos bastante sorte e um pouco de tese. A gente está com empresas no fundo com bastante caixa. Me parece que vamos continuar tendo uma certa saudabilidade no mercado brasileiro de uma maneira sistêmica.

Você não acredita que possa ter uma quebradeira generalizada de empresas financiadas por fundos de venture capital?

Não. Eu acho que vai ter uma postergação do crescimento, uma postergação do famoso “triple, triple, double, double, double”. Vai ser um “triple, triple, zero, double, double”. (Essa é a teoria conhecida com T2D3, no qual a startup triplica a receita por dois anos seguidos e depois duplica por três anos seguidos)

As startups estão acostumadas a serem cobradas para ter um crescimento exponencial. Agora, elas vão ter de tirar o pé do acelerador. É uma mudança de mindset, não?

De maneira mediana, sim. Mas terão empresas de segmentos que vão bombar, como telemedicina, educação, entretenimento, ferramentas de trabalho remoto. Muda significativamente a maneira como a sociedade inteira vai usar tecnologia daqui para frente. De uma certa maneira, acredito que o segmento de tecnologia vai ser o que mais vai se beneficiar disso tudo. O comportamento humano mudou. Vai ficar mais fácil vender serviços digitais... leia mais em neofeed 31/03/2020




Caixa Seguridade e Icatu recebem aval do Cade para parceria em capitalização

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a formação de joint venture de Caixa Holding Securitária e Caixa Seguridade Participações, subsidiárias da Caixa, com a Icatu Seguros.

A operação aprovada consiste na criação de uma associação entre as empresas para distribuição, divulgação, oferta, venda e pós-venda de produtos de capitalização, com exclusividade, na rede de distribuição da Caixa.

De acordo com parecer sobre o negócio, a joint venture terá a participação da Icatu com 50,01% do capital social votante e da Caixa Seguridade com 49,99% do capital social votante e 100% do capital social não votante.

A parceria comercial, que recebeu aval do Cade por meio de despacho publicado no Diário Oficial da União (DOU), terá prazo de duração de 20 anos... estadão Leia mais em istoedinheiro 31/03/2020



Após fusão, DSV e Panalpina integram sistemas

No Brasil, integração dos softwares de desembaraço aduaneiro foi realizado com a e.Mix.

Mais de 720 mil processos foram unificados e mais de 2,1 milhões de arquivos, integrados. Foto: divulgação.

A DSV e a Panalpina, duas provedoras de soluções logísticas que anunciaram fusão no ano passado, concluíram a integração entre os seus sistemas de desembaraço aduaneiro no Brasil.

O sistema da Panalpina havia sido desenvolvido internamente, enquanto o da DSV era o FollowNet, da e.Mix, especializada em software para empresas de comércio exterior - e que agora atuou na integração dos dois sistemas.

Segundo a companhia, os dois softwares se complementavam, pois eram voltados ao gerenciamento da documentação, regulação e trato com os órgãos anuentes do setor.

O processo de integração dos softwares, portanto, tornou-se natural e complementar à fusão das duas empresas.

Com os processos e algoritmos desenvolvidos ao longo de semanas, foram 10 profissionais envolvidos nas áreas técnicas, funcionais e de qualidade com mais de 515 horas de trabalho dedicadas ao projeto.

No processo, uma infraestrutura redundante foi utilizada em paralelo, como suporte à operação de integração.

No total, mais de 720 mil processos foram unificados e mais de 2,1 milhões de arquivos, integrados.

"Tivemos o prazer de participar ativamente desse processo e estamos honrados da continuidade dessa parceria de tantos anos, orgulhosos dos resultados e prontos para seguirmos juntos à DSV nessa nova etapa", ressaltou Marcio Rodrigues, diretor comercial da e.Mix.

Para não impactar as operações em curso, a execução foi realizada durante o último carnaval, com início na sexta-feira, 21 de fevereiro, e término na madrugada de quarta-feira, 26, com a equipe se revezando para garantir a data acordada de conclusão.

Agora, milhões de registros e arquivos são gerenciados sob o nome DSV.

"A unificação foi um sucesso absoluto, ainda mais considerando o tamanho do desafio e o prazo que tínhamos para a conclusão", avaliou Gustavo Silva, diretor geral da DSV Brasil.

Em abril do ano passado, a dinamarquesa DSV adquiriu a concorrente suíça Panalpina por US$ 4,6 bilhões, tornando-se o quarto maior grupo que atua no transporte internacional de mercadorias.

Com faturamento conjunto previsto em US$ 17,8 bilhões, a companhia fica atrás somente das líderes DHL, Kühne & Nagel e DB Schenker.

A empresa conta com 60 mil colaboradores em mais de 1,4 mil escritórios e instalações logísticas de 80 países.

No Brasil, tem sete escritórios no estado de São Paulo, além da presença em Curitiba, Manaus, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Já a e.Mix está no mercado há mais de 22 anos com sede em Campinas, São Paulo. Seus serviços gerenciam, anualmente, milhões de operações de clientes das mais variadas atividades e portes... Leia mais em baguete 31/03/2020



Borretora Binance pode adquirir CoinMarketCap por até US$ 400 milhões

O acordo poderia ser uma das maiores aquisições na indústria cripto, no mesmo nível da aquisição de US$ 400 milhões da Poloniex pela Circle em 2018

Binance, uma das maiores corretoras de criptoativos do mundo, planeja anunciar a aquisição do CoinMarketCap, site que classifica ativos e a capitalização de mercado da indústria cripto, em um acordo de até US$ 400 milhões esta semana.

O acordo poderia ser uma das maiores aquisições na indústria cripto, no mesmo nível da aquisição de US$ 400 milhões da Poloniex pela Circle em 2018.

O acordo será o primeiro investimento externo da empresa, pois a Binance sempre esteve bem preparada até agora.

Binance já possui mais tráfego de transações do que qualquer outra corretora, de acordo com o site de estatísticas SimilarWeb, apesar de a Coinbase estar na disputa acirrada.


Com a ajuda do CoinMarketCap, que teve mais de US$ 200 milhões de visualizações nos últimos seis meses, Binance pode tomar a grande liderança.

Esse acordo marca a décima aquisição feita pela Binance desde o início de 2019.

CZ, CEO da corretora, anunciou, em sua mensagem de ano-novo, que havia duas futuras aquisições pelas quais ele estava muito empolgado e que seriam anunciadas na hora certa. É provável que essa tenha sido uma delas, além da segunda aquisição que ainda está por vir... Leia mais em moneytimes 31/03/2020




Vulcabras Azaleia conclui venda de fábrica em Sergipe à Dok

Valor de R$ 41,5 milhões da operação ficou acima dos R$ 25 milhões anunciados em janeiro, quando a operação foi informada ao mercado

A Vulcabras Azaleia  informou que finalizou nesta terça-feira (31) a operação de venda da fábrica em Frei Paulo (SE) para a Dok, por R$ 41,5 milhões. .. Leia mas em valoreconomico 31/03/2020



Ingredion procura startups para desafio e futuramente parcerias comerciais

A empresa de ingredientes alimentícios e para nutrição animal Ingredion abriu inscrições para o programa "Ingredion Open" (Crédito: Reprodução/Ingredion)

A empresa de ingredientes alimentícios e para nutrição animal Ingredion abriu inscrições para o programa “Ingredion Open”. A ideia é formar uma parceria comercial com startups que atendam alguns desafios da empresa e solução para problemas de gestão.

Seis pontos serão avaliados pela Ingredion. São eles gestão de ponto e jornada de trabalho, automação do planejamento da produção industrial, gestão digital de documentos fiscais, antecipação de recebíveis, rastreabilidade de matéria prima e novos canais para comercialização de ingredientes.

Somente startups que tenham um MVP (produto mínimo viável, na sigla em inglês) testado, em pequena escala ou em andamento no mercado, poderão participar do programa. O modelo precisa estar desenvolvido e validado, não podendo ser uma ideia.

As inscrições ficarão abertas até 26 de abril e poderão ser feitas por meio do hotsite do concurso. A oportunidade é uma forma de alavancar os negócios da startup vencedora, já que a Ingredion possui clientes em mais de 120 países e conta com vendas líquidas anuais na casa dos US$ 6 bilhões.

O resultado das empresas selecionadas para o “pitch day” sairá no dia 30 de abril, com a fase de filtragem dessas empresas programada para o dia 5 de maio, em São Paulo.

A divulgação das empresas nascentes selecionadas acontece no dia 14 do mesmo mês e a imersão dos projetos em cada uma das áreas da Ingredion serão feitas entre os dias 23 e 25 de junho, com resultado das aprovadas em 3 de julho.

O início do piloto, com a realização da prova de conceito (PoC), acontece em 13 de julho e os resultados serão apresentados em 28 de outubro.

Vale lembrar que a propriedade intelectual dos projetos seguirá com as startups mesmo após o fim do evento.. Leia mais em istoedinheiro 31/03/2020



Xerox desiste oferta hostil de compra da HP por US$35 bi, dizem fontes

A Xerox Holdings decidiu nesta terça-feira abandonar oferta de 35 bilhões de dólares para aquisição da rival maior HP Inc, depois que a epidemia de coronavírus colocou freios em sua campanha, afirmaram fontes com conhecimento do assunto.

A decisão foi tomada depois que a Xerox afirmou neste mês que iria adiar reuniões com acionistas da HP para se concentrar na crise gerada pela epidemia. A desistência também marca um golpe para o investidor bilionário Carl Icahn, que detêm participações significativas em ambas as empresas e vinha incentivando a fusão.

O conselho de administração da Xerox concluiu que buscar a aquisição da rival sem ter acesso aos dados contábeis da HP seria muito arriscado para a empresa, considerando as incertezas geradas pela pandemia, disseram as fontes.

Representantes da Xerox e da HP não comentaram o assunto de imediato.., Reuters Leia mais em msn 31/03/2020



Bolsa tem pior trimestre da história, com perda de 36,86% de janeiro a março

Até esta terça-feira, 31, a maior perda acumulada em um trimestre, de 31,88%, havia ocorrido entre julho e setembro de 1998b

O Ibovespa fechou o primeiro trimestre de 2020 com perda de 36,86%, a pior de que se tem registro para o intervalo de três meses, com a crise do coronavírus superando mesmo os momentos mais depressivos de 2008. Até esta terça-feira, 31, a maior perda acumulada em um trimestre, de 31,88%, havia ocorrido entre julho e setembro de 1998 - antes, em 1995, houve queda de 31,58% no primeiro trimestre ante o quarto de 1994, de acordo com AE Dados.

Nesta terça-feira, o principal índice da B3 encerrou o dia em baixa de 2,17%, aos 73.019,76 pontos, acentuando as perdas na hora final, enquanto, em Nova York, os índices de referência cederam entre 0,95% (Nasdaq) e 1,84% (Dow Jones) no fechamento da sessão. Em meio à quarentena do coronavírus, a percepção de que a economia americana já esteja em recessão levou os investidores a optarem pela cautela, após a relativa recuperação dos preços das ações desde a semana passada.

"Existia certa expectativa de que grandes investidores pudessem ingressar hoje para puxar um pouco mais para cima no fim de trimestre, mas não se confirmou", diz Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos. "De qualquer forma, tem-se observado menos volatilidade desde a semana passada e, ao longo de abril, à medida que se tiver mais clareza sobre a extensão da quarentena, a tendência é que o mercado financeiro, como de hábito, antecipe o movimento da economia real", acrescenta.

Ele nota que até o dia 10 de março a economia se manteve em conformidade, mas antes disso os ativos já refletiam um padrão de maior cautela, pelo que estava por vir: a quebra da normalidade. No mês de março, o Ibovespa colheu perda de 29,90%, a pior desde agosto de 1998, quando cedeu 39,55% em meio à crise da Rússia. A queda livre de março ocorreu após retração de 8,43% em fevereiro, que já havia sido o pior mês para a B3 desde maio de 2018. O giro financeiro ficou em R$ 23,8 bilhões nesta terça-feira, com o índice tendo oscilado entre mínima de 72.385,14 e máxima de 75.511,03 pontos na sessão.

Em dólar, o Ibovespa já tinha ficado 12,4% mais barato em fevereiro ante o encerramento de janeiro. No fim do primeiro mês do ano, o Ibovespa dolarizado estava em 26.548,55, passando a 23.260,37 pontos no encerramento de fevereiro e, agora, a 14.051,44 no de março. No dia 23 de janeiro, quando o Ibovespa renovou máxima histórica de fechamento, aos 119.527,63 pontos, o índice dolarizado estava em 28.688,46 e, no encerramento de 2019, a 28.826,29 pontos. Assim, no ano de 2020, o Ibovespa ficou 51,26% mais barato em dólar.

A última sessão do mês e do trimestre ensaiava ser positiva. "Bolsas no exterior (Ásia) subiram na madrugada, com dados positivos do PMI chinês mostrando recuperação industrial e de serviços no país, importante para o Brasil, já que a economia de lá impacta muito as nossas exportações de commodities", observa Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti.

Desde o início da tarde, contudo, o índice se firmou em baixa, renovando mínima na hora final da sessão, quando as perdas se acentuaram a 3% no pior momento. A presidente da distrital de São Francisco do Federal Reserve, Mary Daly, afirmou nesta terça-feira que os Estados Unidos já podem estar em recessão devido aos impactos da pandemia de coronavírus... Leia mais em epocanegocios 31/03/2020



McDonald’s ou Tesla? Com queda das bolsas, Buffett tem dinheiro para comprar uma delas

A Berkshire Hathaway conta com US$ 125 bilhões em caixa. É recurso suficiente para comprar muitas empresas americanas de capital aberto de uma tacada só. E, ao que indica, o megainvestidor Warren Buffett está com apetite

“O mercado é uma ferramenta que transfere dinheiro do impaciente para o paciente.” A lição do megainvestidor Warren Buffett talvez nunca tenha sido tão valiosa em tempos de pandemia do coronavírus.

Graças a esta lição, o oráculo de Omaha, como Buffett é conhecido, agora tem cacife para comprar uma empresa “do tamanho de um elefante”, como ele gosta de se referir quando está à procura de um ativo gigante para o seu portfólio.

Até dezembro do ano passado, a Berkshire Hathaway contava com US$ 125 bilhões em dinheiro e investimentos de curto prazo no Tesouro americano.

Com esse dinheiro acumulado, Buffett poderia comprar pelo menos uma dentre 450 das empresas listadas no S&P 500, uma ou mais dentre 80 das ranqueadas na Nasdaq 100 e uma ou mais dentre 11 que figuram na Dow 30.

Pressupondo que o caixa da companhia tenha se mantido o mesmo e levando em consideração apenas os valores de mercado, Buffet tem agora poder de fogo para comprar a rede de fast-food McDonald’s, cujos papéis se desvalorizaram-se 16% desde o começo do ano. O valor do mercado da companhia é de US$ 125 bilhões.

O Paypal, que acumula perdas de 12,4% desde o início do ano e vale US$ 113 bilhões, também poderia ser comprado pela Berkshire Hathaway. Assim como a problemática Boeing, que viu seus papéis despencarem 54,3% e está avaliada em US$ 85 bilhões.

Ainda que se leve em conta outra regra de Buffett, que prometeu nunca testar os limites de seu fluxo de caixa, preservando US$ 20 bilhões, a Berkshire Hathway ainda poderia adquirir o Goldman Sachs, que vale US$ 54,5 bilhões. A Tesla, avaliada em US$ 92,5 bilhões, também “caberia no bolso” de Buffett.

Caso esteja “faminto”, Buffett poderia levar, em uma tacada só, a companhia aérea United Airlines (US$ 7,4 bilhões), o conglomerado de turismo Expedia Group (US$ 7,8 bilhões), o portal de e-commerce eBay (US$ 24,8 bilhões), a rede de hotéis Marriott (US$ 24,6 bilhões) e a farmacêutica Walgreens (US$ 40 bilhões). Todas as companhias fazem parte da Nasdaq 100.

Numa compra em atacado no S&P 500, Buffet e seus US$ 105 bilhões podem adquirir, simultaneamente, a empresa de eletrodomésticos Whirlpool (US$ 5,4 bilhões), a companhia de tecnologia e geolocalização Garmin (US$ 14,6 bilhões), a gigante de alimentos General Mills (US$ 31,7 bilhões) e a rede de mercados Target (US$ 48 bilhões).

Já na Dow 30, o “carrinho de compras” da Berkshire Hathaway tem espaço para a empresa química Dow (US$ 21,2 bilhões), a seguradora Travelers Companies (US$ 26,2 bilhões) e a companhia de máquinas pesadas Caterpillar (US$ 61,4 bilhões). Juntas.

Mas será que Buffett irá aproveitar as oportunidades que estão surgindo por conta da desvalorização das ações em razão da crise econômica que nasce na esteira dos problemas sanitários? O índice S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas dos EUA, já se desvalorizou quase 20% desde o começo deste ano.

Em carta aos acionistas, no ano passado, Buffett disse que estava à procura de um investimento. Embora tivessem alguns alvos não-declarados sob a mira, Buffett e sua Berkshire Hathaway se esquivaram de puxar o gatilho por julgarem as companhias superavaliadas. Agora, elas podem estar baratas.

Buffett pode sair para caçar. E, convenhamos,  a temporada parece ser toda para o caçador... Leia Mais em neofeed 31/03/2020



Após coronavírus, empresas de capital aberto intensificam pedido de recompra de ações

Forte queda nos preços dos papéis na Bolsa estimula movimento de grupos comprando seus próprios ativos

A forte queda do preço das ações na B3, a Bolsa de Valores brasileira, por conta do novo coronavírus, estimulou um movimento de empresas para a recompra de seus próprios papéis em circulação no mercado. No mês de março até ontem, 25 companhias registraram pedido de aquisição de suas ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – volume cinco vezes maior que o observado em fevereiro.

Nesta lista, estão os três maiores frigoríficos do País – JBS, Marfrig e BRF –, construtoras, como Eztec, Trisul, Cyrela e Gafisa, além de bancos médios como Inter e BMG e a própria B3. Em todo o ano de 2019, 30 companhias abriram programas de recompra de ações, um movimento comum quando os mercados acionários perdem valor. Foi assim na crise global de 2008, durante a recessão de 2015 e logo após o Joesley Day, em maio de 2017, quando veio à tona as gravações do empresário Joesley Batista, dono da JBS, com o presidente Michel Temer.

A operação de recompra, prevista na Lei das S.A., serve como estabilizador de preços das ações, explica Alexandre Bertoldi, sócio-gestor do Pinheiro Neto Advogados, um dos mais tradicionais escritórios de advocacia do País. “Esse movimento é uma aposta de que a empresa confia no seu negócio”, disse. “Quem tem dinheiro em caixa pode avaliar a alocação de capital”, disse.

"A queda (dos papéis) aumentou a atratividade de nossas ações”, disse Marcelo Martins, vice-presidente de Finanças e de Relações com o Mercado do grupo Cosan. “Nós temos consistentemente investido na recompra de ações em linha com nossa estratégia de que essa é a melhor forma de investir o nosso capital no próprio grupo. Tem sido assim nos últimos quatro anos, sem perder foco em disciplina e nível de alavancagem.”  ...  Mônica Scaramuzzo, O Estado de S. Paulo Leia mais em estadão 31/03/2020



30 março 2020

Semantix anuncia aquisição da Tradimus para expandir atuação em saúde

Com compra, empresa deseja ampliar presença em verticais do mercado de Big Data e Inteligência Artificial na América Latina

A brasileira Semantix que apresenta soluções de Big Data e inteligência artificial na América Latina, anunciou a compra da Tradimus, companhia fundada em 2012 com foco no desenvolvimento de tecnologias para o mercado de saúde B2B.

A Tradimus oferece produtos e serviços a hospitais, clínicas e laboratórios de medicina diagnóstica com o objetivo de melhorar a gestão e análise de dados coletados, otimizar processos operacionais e redução de perdas.

"O segmento de saúde é importante e estratégico para a Semantix. Com a aquisição, estamos ampliando a equipe, portfólio de produtos e serviços e a expertise em mais esta vertical para termos ofertas cada vez mais adequadas e relevantes para nossos clientes", explica Leonardo Santos, co-fundador e CEO da Semantix.

Com a conclusão do acordo, a Sematix passa a controlar 100% das operações da outra marca, incluindo produtos e serviços e carteira de clientes, além de ampliar seu quadro para 320 profissionais, entre engenheiros e cientistas de dados, desenvolvedores, especialistas setoriais e força de vendas no Brasil e demais países da América Latina.

“Com a Semantix, completamos nossas ofertas com soluções de Big Data/analytics e inteligência artificial e, com uma evolução mais acelerada das nossas ferramentas atuais, nos preparamos para atender um mercado que passará por grandes mudanças”m afirma Fábio Monsanto, co-fundador da Tradimus.

Em janeiro, a Semantix também formalizou a compra da FastOmni, companhia que desenvolve infraestrutura tecnológica para e-commerce de grandes e pequenas empresas. Leia mais em computerworld 30/03/2020

30 março 2020



‘Preservar o capital deve ser a maior preocupação’

A Avenue Securities é uma corretora americana que fala português. Aberta no ano passado por um grupo de brasileiros, a empresa concluiu na semana passada sua primeira aquisição: a carteira de clientes da plataforma Drive Wealth.

O negócio fez o número de investidores praticamente dobrar e ficar próximo de 100 mil. Isso significa um total de ativos sob custódia de US$ 200 milhões. O sócio Roberto Lee, ex-XP, Clear e Ágora, diz que esse foi um passo importante para a internacionalização da Avenue, que em breve vai oferecer também outros serviços financeiros na plataforma.

Nessa crise, ele enxerga um movimento de flight to quality, ou seja, a procura de qualidade de ativos para preservação de patrimônio dos investidores. “A diversificação internacional para proteção de poder de compra é uma transformação que vamos ver acontecer”, diz Lee, que está em Miami.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Que percepção o sr. tinha sobre as bolsas de valores antes da crise?

Os mercados estavam nas máximas históricas, mas com múltiplos dentro da normalidade, diferentemente do que acontecia em 2001. Era esperada uma correção de preços, mas nem perto do que a gente vê.

A crise tem sido diferente nos EUA e ao redor do mundo?

Quando se fala no sistema financeiro, sinto uma diferença sobre como a crise tem sido tratada aqui nos EUA em comparação aos países emergentes, principalmente o Brasil. Enquanto aqui vemos uma cautela um pouco maior, no Brasil sinto um pouco de euforia nas pessoas que chegaram agora ao mercado financeiro. Aqui temos visto mais buscas por proteção e menos buscas por oportunidades. O americano usa a máxima de esperar a faca cair para começar a olhar as oportunidades.

Há ligação entre a maturidade do mercado americano em comparação com a do mercado brasileiro?

Não tenho dúvida. A maturidade não é só em achar o momento certo para se expor, que até pode ser o atual, mas achar o capital correto para se expor. O que a gente percebe daqui é a busca pela preservação de capital, as pessoas estão mais conservadoras. No Brasil, obviamente à distância, tenho me preocupado com o movimento de busca por oportunidades em vez de segurança.

Como o mundo vai sair dessa crise?

Há dois tipos de crises, as financeiras e as sociais. As financeiras não promovem tantas transformações, mas as sociais sim. Em 2001, depois do ataque terrorista às Torres Gêmeas, em Nova York, o mundo se transformou e até hoje vivemos os efeitos dessa transformação. Desta vez, tende a acontecer a mesma coisa. O mundo vai sair muito mais global, mais conectado. As informações vão rodar mais fluidamente de uma região para outra.

Haverá, também, uma mudança no perfil das carteiras de investimento?

Com certeza. O que temos visto aqui, até pelos picos de demanda dos últimos dias, infelizmente pela dor do momento, é uma percepção de que a diversificação financeira internacional é fundamental não só para busca de oportunidades, mas fundamentalmente para proteção e preservação de capital. É o que tem acontecido neste momento.

Isso significa ter ativos de todos os lugares do mundo?

Essa demanda vai crescer muito. Sempre houve uma tendência, mas o acesso nunca foi dado no Brasil, a não ser para investidores muito grandes e institucionais. O varejo sempre ficou fora desse acesso. O que acontece quando vem um momento como esse é que a nação, em termos de população, empobrece tremendamente. Agora, com a demanda latente, aprende-se pela dor que a diversificação internacional para proteção de poder de compra é uma transformação que vamos ver acontecer.

Mas esse pequeno investidor tem receio de enviar dinheiro para o exterior, não?

No imaginário popular, diversificação internacional beira a ilegalidade. Enquanto a parcela mais rica e informada tem exposição internacional há muitos anos, a população fica à mercê de uma poupança puramente doméstica. O acesso nunca foi dado – e entenda-se aí a informação e a educação financeira. A internacionalização de poupança é uma das transformações que a gente deve ver nas sociedades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. .. Leia mais em istoedinheiro 30/03/2020



Bradesco avança sobre o Fleury

 Bradesco, através da Bradesco Seguradora Participações, aumentou sua participação no Fleury, uma das maiores redes de laboratórios do Brasil.

Aproveitou a queda geral da bolsa e agora possui 20,23% da empresa. Autor: Lauro Jardim Referência: O Globo.. leia mais em capitólio 30/03/2020;;



Klabin compra unidade de papel ondulado e embalagens da IP Brasil por R$ 330 mi

A Klabin informou neste domingo a aquisição das unidades de papel ondulado e de embalagens da Internacional Paper Brasil. O negócio foi fechado por R$ 330 milhões, que serão pagos com desembolso de caixa de R$ 280 milhões no fechamento da operação e os R$ 50 milhões restantes um ano depois.

De acordo com comunicado da empresa assinado pelo diretor de Relações com Investidores, Marcos Paulo Conde Ivo, a transação está alinhada à estratégia de crescimento nos negócios de papéis e embalagens, ampliando flexibilidade da companhia e trazendo maior estabilidade aos seus resultados.

A conclusão da operação ainda estará sujeita à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)... Leia mais em terra 30/03/2020
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Klabin adquire unidades da International Paper no Brasil

Movimento consolida a estratégia de crescimento da Klabin e amplia a sua atuação em território nacional

São Paulo, 31 de março de 2020 — A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, anuncia a aquisição dos negócios de embalagens de papelão ondulado e papéis para embalagens da International Paper no Brasil. Com investimento de R$ 330 milhões, a transação está alinhada à estratégia da Klabin de integração e ampliação da flexibilidade operacional e de produtos, expandindo o atendimento aos mercados e clientes. Hoje, as unidades de papéis para embalagens da International Paper somam capacidade de produção anual de 310 mil toneladas, já as operações de papelão ondulado têm capacidade de 305 mil toneladas por ano, com 6,6%* de market share no mercado doméstico.

A aquisição faz com que a Klabin passe a ter capacidade instalada de mais de 1 milhão de toneladas de embalagens de papelão ondulado por ano, com participação de mercado de 23,9%* e robustece a sua consolidada posição de líder no segmento de papelão ondulado no Brasil. A empresa também amplia a sua posição de destaque de maior recicladora de papéis para embalagens e maior fabricante de papéis reciclados do Brasil, utilizados na produção do miolo do papelão ondulado, em uma cadeia totalmente integrada, o que reforça a sua responsabilidade em atuar ativamente na economia circular e gestão de resíduos sólidos no Brasil.

Com os ativos obtidos, localizados em São Paulo, Goiás e Amazonas, a Klabin contará com fábricas de embalagens de papelão ondulado nas cinco regiões do Brasil, e destaca a chegada com unidade industrial ao Centro-Oeste, reforçando o atendimento ao setor de proteína animal, importante para a economia brasileira e com ampla vantagem competitiva no mundo. “Estamos sempre atentos às oportunidades de negócios de integração e, após um longo período de negociações, estou bastante satisfeito em anunciar essa operação, que reforça a crença no mercado brasileiro e confirma a nossa visão estratégica de longo prazo”, declara o diretor-geral da Companhia, Cristiano Teixeira.

A conclusão da transação ocorrerá somente após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A Klabin, com sólida posição de caixa e com o melhor perfil de dívida da sua história (com cerca de oito anos de prazo médio), usará recursos próprios para o pagamento e o impacto na alavancagem financeira será imaterial.

Com foco em eficiência operacional, cuidado com as pessoas e o meio ambiente, a Klabin tem desenvolvido cada vez mais produtos a partir de fontes renováveis. As soluções em papel e embalagens de papelão ondulado são feitas a partir de fibras recicladas e florestas plantadas e certificadas, provenientes de fontes sustentáveis, renováveis e recicláveis. As embalagens da Klabin são certificadas por órgãos internacionais e garantem segurança e qualidade aos produtos de seus clientes.

*dados da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), de 2018... Leia mais em Klabin 31/03/2020













29 março 2020

Microsoft compra empresa especializada em virtualização de redes 5G

A Microsoft confirmou a compra da norte-americana Affirmed Networks nesta quinta-feira, 26. A empresa adquirida atua com nuvem-nativa e virtualização para rede móveis, inclusive 5G. Na prática, a aquisição marca a entrada dos serviços de nuvem na quinta geração da Internet móvel, como relatou Yousef Khalidi, vice-presidente corporativo da Azure.

“As gerações anteriores de redes móveis foram construídas com base no hardware. Nós acreditamos que a inovação em software, a disponibilidade e o uso amplo de plataforma de cloud computing, como o Microsoft Azure, podem ajudar as operadoras na instalação e preservação das redes 5G e de seus serviços, de maneira mais eficiente, rápida, segura e com menos custos”, disse Khalidi, em mensagem publicada no site da Microsoft.

O CEO da Affirmed, Anand Krishnamurthy, afirmou que a tecnologia de sua empresa ajudará a acelerar o momento de instalação do 5G entre seus clientes. Com presença em 76 países, a companhia dirigida por Krishnamurthy tem mais de 100 clientes, como Vodafone, AT&T, Orange, Turkcell e SoftBank.

Vale dizer, o anúncio da compra pela Microsoft ocorre um dia após Krishnamurthy assumir oficialmente o cargo. Ele substituiu Hassan Ahmed, antigo CEO e fundador da firma, que passou para o comando do conselho. De acordo com o Crunchbase, a Affirmed angariou US$ 155 milhões em rodadas de investimentos nos seus dez anos de atuação.

Informações sobre a operação e os valores da aquisição não foram compartilhadas. .. Leia mais em mobiletime 26/03/2020

29 março 2020



Banco do Brasil resiste à proposta de fundos para compra da Atvos

A proposta deixaria os fundos com uma participação de cerca de 35% na empresa

O Banco do Brasil (BBAS3) é o único credor que resiste à proposta apresentada pela Lone Star Funds e o Castlelake para assumir a unidade de açúcar e etanol da Odebrecht, a Atvos, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

Os fundos dos EUA, que têm um empréstimo garantido na unidade, ofereceram a outros credores e à empresa um plano para assumir a Atvos e reestruturar sua dívida.

A proposta deixaria os fundos com uma participação de cerca de 35% na empresa, disseram três pessoas, pedindo para não serem identificadas, já que as negociações são privadas.

Os fundos trarão pelo menos R$ 300 milhões para injetar capital de giro na empresa e buscam uma gestão profissional para administrá-la, substituindo a equipe da Odebrecht, disseram as pessoas.

O BNDES já concordou com o plano, mas o Banco do Brasil quer que os fundos estrangeiros detenham menos de 30% da Atvos, disseram as pessoas, acrescentando que o limiar é muito baixo para os fundos concordarem.

O BB diz, por meio da assessoria de imprensa, que não tem conhecimento da proposta.

A Atvos diz, em nota por email, que continua negociando com os credores e segue comprometida em obter uma solução definitiva que permita retomar o ciclo de produção e investimento, a fim de alcançar a capacidade máxima das unidades industriais.

Castlelake e BNDES não responderam aos pedidos de comentário. Lone Star não quis comentar.

A Atvos, que entrou com pedido de recuperação judicial em maio, tem uma assembleia marcada para o dia 16 de abril, que provavelmente será adiada em meio ao surto de Covid-19.

A proposta a ser votada nessa reunião não é a que está sendo negociada fora dos tribunais entre credores, disseram as pessoas.

Embora todos os credores tenham um objetivo comum – tirar a família Odebrecht do controle da empresa açucareira – o Banco do Brasil não está convencido de que os fundos estrangeiros possam assumir a empresa, disseram as pessoas. Por Bloomberg Leia mais em moneytimes 27/03/2020



Apoio do BNDES a aéreas sai em abril e banco pode comprar ações de empresas afetadas por pandemia, diz Montezano

O BNDES vai apoiar empresas em dificuldades por causa da crise gerada pela pandemia de coronavírus por meio de um sistema que envolve debêntures conversíveis e pode aportar capital nessas companhias através de compra de participações usando modelo que está sendo preparado para o setor aéreo e deve ficar pronto em abril, disse o presidente do banco, Gustavo Montezano, em entrevista coletiva por videoconferência neste domingo.

Montezano acrescentou que a BNDES Participações (BNDESPar) vai atuar de forma contra-cíclica e vai "estar aportando capital em empresas de setores específicos" que estão sendo alinhados com ministérios do governo federal.

Ao ser questionado pela Reuters se o modelo utilizado para as companhias aéreas poderá ser replicado para o apoio a outros setores da economia afetados pela pandemia, Montezano confirmou essa possibilidade.

"Esse modelo que a gente está usando para as companhias aéreas de debênture ou quase equity, a idéia é que a gente adote sim para outros setores", disse ele. "Estamos montando modelos e parâmetros para empresas grandes e médias e a ideia é distribuir não só empréstimo, mas também capital para as empresas passarem pela crise. Não é só giro. Dado a perda de demanda e a perda de valor, é importante que essas empresas sejam capitalizadas também. A resposta é sim."

Montezano disse que as conversas com as empresas do setor aéreo têm sido intensas e aceleradas. Na semana passada, por conta dos efeitos da pandemia sobre a economia e o deslocamento de pessoas, as principais companhias aéreas brasileiras anunciaram um profundo enxugamento de rotas.

"Nosso objetivo é fazer a disponibilização e liquidação da linha idealmente no mês de abril. A gente trabalha para que até o fim de abril as linhas já estejam liquidadas e no caixa das empresas", disse ele em entrevista coletiva por videoconferência neste domingo.

Entre as premissas já definidas para as empresas aéreas estão, por exemplo, a liberação de recursos para operações exclusivamente nacionais das companhias e os recursos não poderão ser usados para pagamento de dívidas e credores financeiros.

"O dinheiro é para o fluxo e operações das empresas, mas o credor financeiro e o BNDES terão que fazer um tipo de esforço e de alongamento", disse Montezano.

O apoio ao setor aéreo, frisou Montezano, será através de debêntures conversíveis em ações com objetivo de permitir uma taxa de juros baixa que não cause pressão adicional no fluxo das companhias aéreas. Ele garantiu que não haverá subsídio do governo ou do BNDES nessa operação.

"A idéia é que o BNDES tenha uma remuneração para suas contas. Não faremos uma operação subsidiada, não é um bailout (resgate). É um fluxo financeiro para facilitar a passagem pela crise por parte das companhias aéreas", garantiu.

FOLHA DE PAGAMENTO

Na videoconferência, Montezano disse esperar que estejam disponíveis até maio os recursos do programa de 40 bilhões de reais anunciado recentemente pelo governo para contribuir para o pagamento por dois meses da folha se salários de empresas cujo faturamento anual está entre 360 mil reais e 10 milhões de reais.

"A gente trabalha para que o financiamento para folha de pagamento seja pago na primeira semana de maio, referente à folha de abril, e trabalhamos para antecipar isso", disse ele, que disse não temer que os bancos privados, que terão participação de 15% no programa, atrasem a disponibilização dos recursos, apesar de haver uma natural aversão de risco dessas instituições em tempos de crise e instabilidade.

O presidente do BNDES lembrou que o financiamento para folha de pagamento foi construído em conjunto com os bancos privados e que haverá uma supervisão do Banco Central.

"Isso vai ser supervisionado pelo Banco Central... há naturalmente uma aversão a risco e cabe ao BC, BNDES e Tesouro propor medidas para garantir esse fluxo", finalizou... Leia mais em terra. 29/03/2020



28 março 2020

Covid-19 e a cláusula de earn-out na compra e venda de empresas

O título desse artigo contém dois termos que até pouco tempo era pouco conhecidos da população em geral. A Covid-19, nome da doença causa pelo coronavírus, ficou globalmente popular após a questão de saúde pública originária da China atingir status de pandemia, com a declaração da Organização Mundial de Saúde- OMS. Já o earn-out (ou complemento de preço) continua sendo um termo em inglês familiar somente daqueles que atuam no setor de fusões e aquisições ou já participaram de uma transação de M&A como comprador ou vendedor.

Mas afinal, qual é a relação existente entre esses dois termos? Se eles forem analisados de forma isolada, não há conexão alguma, são termos utilizados na área da saúde e de negócios, respectivamente.

Ocorre que, se analisarmos a pandemia da Covid-19 como um evento econômico, e não apenas sanitário, conseguimos visualizar com certa facilidade os impactos que a doença está causando na economia local e global, decorrentes recomendações da OMS e das autoridades de saúde locais para o controle do avanço da pandemia, e das restrições que estão sendo impostas a diversos setores para evitar a circulação e aglomeração de pessoas. Somado a isso, ainda há grande incerteza sobre o que acontecerá no futuro.

Se no mercado especulativo nós estamos acompanhando as bolsas de valores de todo o mundo literalmente “derreterem” nas últimas semanas – no Brasil o índice Ibovespa caiu mais de 30% desde o início de Março – começam a ser divulgados números de economia “real” que mostram forte retração da atividade econômica nos países onde as medidas de controle da pandemia foram mais severas, como China e Itália, por exemplo.

O fato é que a grande maioria da comunidade empresarial, no Brasil em especial, não tinha uma crise de tamanha proporção no radar, e muitas empresas simplesmente não estavam preparadas para o momento atual e as dificuldades que ainda virão com o desenrolar desse problema de magnitude global.

Os efeitos desse cenário no setor de fusões e aquisições não serão diferentes do que já ocorreu em crises anteriores: durante e após a tempestade surgirão oportunidades de aquisição e consolidação, ou seja, empresas mudarão de mãos. Quem serão as sobreviventes? As empresas dos setores que forem menos afetados pela pandemia e que tiverem maior robustez de caixa. Quem serão as empresas vendidas?

Aquelas que não tiverem condições de suportar grande queda do seu fluxo de caixa, algumas por períodos menores do que outras. Apesar do momento de incerteza, não é difícil prever que empresas dos segmentos do turismo e do entretenimento, apenas para citar alguns, sofrerão fortemente (como já estão sofrendo) os impactos do coronavírus.

Tudo bem, mas onde a cláusula de earn-out entra nessa estória toda? Explico: haverá empresas com bons fundamentos econômicos, se analisarmos o período anterior a pandemia da Covid-19, que terão de ser vendidas pela falta de liquidez (ou caixa). Ocorre que muitas dessas empresas conseguirão se recuperar nos meses e anos seguintes ao término da pandemia, e os seus atuais proprietários, na medida do possível e cabível, exigirão que essa perspectiva de recuperação seja considerada no valor a ser pago pela empresa. Esse complemento de preço, fundamentado no desempenho futuro e incerto de uma empresa, é o que se denomina por earn-out.

Usualmente o earn-out é utilizado nas transações em que o vendedor da empresa permanece na gestão dessa por um período de transição de curto ou médio prazo. Porém, existem transações em que esse complemento de preço é acordado sem que seja exigida tal permanência.

O grande ponto de atenção é que estabelecer metas ou gatilhos para o pagamento do earn-out é uma das tarefas mais complexas numa transação de compra e venda de empresa, dado que o comprador, via de regra, quer ter total autonomia na gestão da sociedade adquirida, enquanto o vendedor terá o seu complemento de preço condicionado a atingimento de determinados indicadores, usualmente financeiros, que serão diretamente impactados pelas ações da nova gestão.

Dito isto, a grande recomendação para os empresários que decidirem por (ou forem forçados à) vender as suas empresas, é que seja estudada com cautela a estruturação do pagamento da transação com a inclusão de earn-out. O que pode no primeiro momento parecer como uma boa oportunidade para receber uma bolada futura, pode revelar-se posteriormente como objeto de uma complicada disputa com o comprador. Por Gustavo Pires Ribeiro - sócio da Área Corporativa do Marins Bertoldi Advogados... Leia mais em startupi 28/03/2020


28 março 2020



Vero Internet ainda planeja expansão em 2020, incluindo fusões

Apesar do cenário global cercado de incertezas por conta da pandemia do coronavírus e de seus efeitos na população e na economia, a mineira Vero Internet pretende continuar a estratégia de crescimento observada em 2019. Isso inclui a expansão orgânica, por construção de rede própria, e inorgânica, por meio de aquisições de outros provedores regionais, segundo o CEO do grupo, Fabiano Ferreira. O investimento total para isso é "em torno de R$ 750 milhões" para o projeto de cinco anos, podendo "aumentar o valor em função de todo o desempenho e oportunidades".

No contexto atual, em que telecomunicações e banda larga são considerados serviços essenciais, Ferreira diz que a companhia toma todas as providências necessárias, mas que não vem sentindo impacto. Assim, baseia o plano de investimentos estruturantes em backbone, rede, atendimento e em aumentar a cobertura. "A intenção do projeto é expandir Brasil a fora. O início foi em Minas pela função do contexto e da oportunidade em mãos, mas a ideia é que tenhamos outros ativos, outras empresas fazendo parte do grupo em várias regiões do País", disse ele a este noticiário.

Em meio à crise do coronavírus, tráfego da Vero Internet aumentou 8,5% em um dia
O executivo explica ter feito "várias negociações exclusivas" em 2019. Enquanto algumas acabaram não sendo concluídas, outras continuaram em 2020 e ainda estão sendo discutidas. "Se tudo der certo, vamos fazer consolidação com novos ativos nos próximos meses", diz. Por questões de confidencialidade na transação, os ativos em questão não podem ser revelados, mas Ferreira garante serem "importantes e representativos em outras regiões do País" – ou seja, além de Minas Gerais.

O propósito é não parar o projeto de expansão, nem mesmo diante das dificuldades do cenário econômico, com alta variação cambial. "No momento, não temos ideia de para o investimento. Claro que tem impacto referente ao dólar, isso é evidente. Mas estamos tentando fazer de todas as maneiras para que o impacto seja o menor possível, realizando parceria com fornecedores, testando compras e alinhando expectativas", explica. Ainda assim, por terem se antecipado, ele diz que o impacto "não é relevante".

Expansão

A Vero começou a atuação em 39 cidades com 710 funcionários e uma base de 139 mil clientes. Atualmente, já são 49 municípios, com a previsão de adicionar mais dez neste ano. Por meio do avanço próprio e de fusões, a expectativa da companhia é de chegar a cerca de 200 cidades (o potencial em Minas é de 850 localidades). O CEO diz que o acionista majoritário, o fundo de investimento Vinci Partners, tem observado que é necessário manter os investimentos pesados em backbone, por exemplo. "A nossa ideia é tocar a vida normalmente em função do prazo de investidor, com aporte com sustentação bem relevante."

A companhia nasceu em meados de 2017 com a fusão de oito provedores mineiros, que decidiram se unir com a ajuda da Vinci Partners. A transação foi concluída em novembro de 2018, e o início da operação, em janeiro do ano passado – a marca Vero Internet começou a ser adotada em abril. Segundo o CEO, apesar da junção de diferentes empresas, havia cultura similar entre todas. Naturalmente, a integração de processos, sistemas e governança foi necessária. "A gente intensificou ao máximo, mas ainda não está tudo concluído. Investimos tempo para processos e precisamos continuar evoluindo neste sentido", declara.

A companhia diz que está implantando sistemas mais robustos para estimular o crescimento, como ferramentas para aumentar a resiliência e a capacidade. A companhia também investe na digitalização, com plataformas de atendimento para resolução de problemas técnicos pelo próprio cliente.

Auditoria

Além disso, a empresa está concluindo um processo de auditoria para, já no primeiro ano de operação, ter o balanço auditado. Segundo o executivo, em 2019 foi possível atingir objetivos de receita com crescimento saudável. Todo o Capex investido foi igual ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA). "Não é porque temos grande acionista com poder financeiro extraordinário que não daremos foco na rentabilidade, nossa margem é muito saudável. É importante para o dia a dia, pois ter margem EBITDA permite gerar investimento."

Conteúdo

Também no planejamento está o soft launch do novo portfólio, o que deve acontecer uma vez que os sistemas estiverem unificados. A previsão é que em maio, 100% das operações sejam realizadas por meio um CRN único – sete das oito empresas originais já estão na plataforma. Ferreira promete mais velocidades e serviços, incluindo novas parcerias de conteúdos over-the-top. "Não acreditamos que o IPTV seja o caminho", declara, quando perguntado sobre a possibilidade de oferecer serviço de acesso condicionado (SeAC). "Queremos ter parcerias com 'N' conteúdos para o cliente poder fazer a escolha por meio da Vero, já que muitas vezes ele tem dificuldades de contratar serviços por conta da forma de pagamento, e nós podemos fazer isso pelo billing", explica. Além de mídia e entretenimento, ele cita soluções de treinamento, software de colaboração e gestão de negócios.

Institucionalmente, a Vero Internet ainda deverá inaugurar a "Universidade Vero", com conteúdos online e offline, utilizando ferramentas colaborativas... Leia mais em teletime 27/03/2020



Coronavírus: 40% das empresas brasileiras aguentam, no máximo, 30 dias

Shopping center Center 3, na Avenida Paulista, fechado pela quarentena do coronavírus
Corda no pescoço: micro e pequenas empresas são as mais pressionadas pela falta de caixa

No mesmo dia em que o governo federal anuncia R$ 40 bilhões para financiar a folha de pagamento das empresas, em meio à paralisação causada pelo coronavírus, a XP Investimentos dá uma medida da crise. Segundo levantamento da gestora, 40% das companhias têm caixa para aguentar, no máximo, 30 dias.

A pesquisa mostra que 19% das empresas suportariam uma suspensão das atividades entre 0 e 15 dias, antes de apresentarem problemas no caixa. Outras 21% aguentariam de 16 a 30 dias. Mais 21%, de 31 a 60 dias.

Como era de se esperar, quanto menor a empresa, mais frágil encontra-se seu caixa, diante da pandemia de coronavírus. No segmento de micro e pequenos negócios, 41% resistiriam até 30 dias. Entre os de médio porte, 37% está nessa situação, ante 22% das grandes empresas.

A sondagem também revela que as empresas estão muito mais preocupadas com a pandemia, do que no início do mês. Em 03 de março, 11% delas não esperava nenhum impacto sobre os negócios, 29% previam um impacto muito pequeno, e 39%, pequeno.

Já em 26 de março, apenas 0,8% não acreditavam em impactos sobre os negócios, ante 32% que esperavam um impacto muito grande, e 45%, um impacto grande.

Segundo a XP, 77% das micro e pequenas empresas aguardam impactos grandes ou muito grandes da pandemia. No segmento de médias empresas, o percentual é idêntico. Entre as grandes, 78% deram a mesma resposta.

A sondagem foi realizada entre 26 e 27 de março, com 392 empresas de todos os portes, via internet... Leia mais em moneytimes 27/03/2020



27 março 2020

O Grupo Martins tem o mapa dos estragos do Covid-19 na economia

Com faturamento de R$ 5,1 bilhões, o grupo distribui para 115 mil varejistas e sabe em tempo real o que acontece com os pequenos comerciantes no Brasil. Em entrevista ao NeoFeed, o CEO Flávio Martins conta como está lidando com esta crise

Em tempos de pandemia, onde a volatilidade é a única certeza para empresários e executivos, Flávio Martins ocupa uma posição singular. Assim como seus pares, o mineiro de 51 anos ainda não consegue vislumbrar uma saída para a crise. Mas ele tem à mão, diariamente, um verdadeiro mapa com os estragos já gerados pelo surto no Brasil. E em um setor vital para a economia do País.

CEO do grupo Martins, de distribuição e atacado, o executivo comanda uma operação que fatura R$ 5,1 bilhões e alcança, indiretamente, boa parte dos brasileiros. Todos os dias, a frota de 1,2 mil caminhões da companhia percorre todo o País para entregar mercadorias a uma base ativa de 115 mil varejistas, em sua maioria, comércios de pequeno e médio portes.

Com 4 mil funcionários e um batalhão de 4 mil vendedores autônomos, a empresa tem um catálogo de fornecedores, que oferecem cerca de 25 mil produtos. De alimentos e eletrônicos a materiais de construção, itens de higiene e peças automotivas.

Nas últimas semanas, com a propagação do coronavírus, Martins vem lidando com o dilema de manter uma operação que tem um peso fundamental para o abastecimento do País. Ao mesmo tempo em que testemunha os efeitos devastadores da pandemia no setor.

“No nosso caso, no pior dos mundos, estamos falando de uma perda de 60% de faturamento”, afirma o executivo, que, apesar do sobrenome, não é parte da família responsável pela fundação do grupo. “Mas tenho certeza absoluta que passaremos por essa crise.”

Martins não enxerga, porém, a mesma perspectiva otimista para muitos dos varejistas, especialmente os pequenos e médios empresários. E aponta os decretos que instauraram a quarentena em boa parte do País como a razão para essa projeção pouco animadora. “Eu não conheço um cliente nosso que sobreviva dois meses fechado.”

Em entrevista ao NeoFeed, o executivo falou sobre esse e outros temas relacionados à crise. Confira:

Como você enxerga o momento que estamos vivendo?

Eu tenho 51 anos, 35 deles no mercado. Já passei por muitas crises. Conversão de moeda, inflação, deflação, planos econômicos malucos, crise de 2008, greve dos caminhoneiros. Mas essa é completamente distinta de tudo o que já vivemos. O conhecimento e as respostas que nós acumulamos não servem para todas as perguntas que temos hoje. É uma situação global, fruto de um agente biológico e que causa mortes. E há uma superexposição midiática, muito agravada pelas redes sociais, que trazem informação de pouca qualidade. Tem uma zona de controle e uma zona de influência. Nós estamos focando na nossa zona de controle.

Quando a empresa começou a se preparar para esse cenário?

Começamos a monitorar há três semanas. Mas viramos a chave, de fato, há duas semanas, quando criamos um comitê de crise. Fazemos reuniões todos os dias, às 7h30 e às 17h. É um contexto de volatilidade absurda. Ajustamos, ajustamos e assim vamos. Nós atendemos 115 mil varejistas por mês. Desses, mais de 80 mil são de alimentos, pequenos supermercados, muitas vezes, o único naquela cidade. Eu não posso deixar de atender esse cliente.

Mas o grupo tem fôlego para atravessar essa crise?

Uma das primeiras coisas que fizemos foi um teste de estresse da área financeira. E posso dizer que, mesmo com o pior cenário, nós passaremos por isso. No pior dos mundos, estamos falando de uma perda de 60% do faturamento, provavelmente até agosto. Vamos ter que ajustar aqui e ali, mas a empresa sobrevive.

Esses ajustes podem passar por demissões?

Nesse momento, isso não está no escopo. Agora, se esse cenário perdurar por muito tempo, eu não tenho como manter a estrutura que eu tenho hoje. Mas essa é uma ferramenta possível apenas num cenário catastrófico.

“O conhecimento e as respostas que nós acumulamos não servem para todas as perguntas que temos hoje”

Quais foram as medidas adotadas para preservar os funcionários e, ao mesmo tempo, a operação?

Desde a segunda-feira 16, todos aqueles que fazem parte do grupo de risco estão trabalhando de casa. No escritório, adotamos todas as normas de distância social e de higienização. No decorrer dessa semana, colocamos mais gente em home office, inclusive 100% do meu call center, que tem 450 pessoas. Hoje, o escritório está operando com cerca de 40% das pessoas. Eu e a diretoria seguimos trabalhando presencialmente. O capitão é o último que sai do navio.

E quanto aos vendedores autônomos em campo?

Temos 4 mil vendedores hoje em todo o Brasil. Todos eles têm tablet, celular e conseguem fazer tudo de casa. Nós já vínhamos incentivando isso há algum tempo, antes da crise. Com base no histórico e no relacionamento, ele envia um pré-pedido para o cliente, que consegue comprar tudo pelo nosso marketplace. E a comissão vai para esse vendedor. É especialmente importante agora. Não tem impacto na remuneração dele. Está funcionando muito bem. Neste mês, estamos com um crescimento de 32% nesse canal.

E na área da logística e das entregas, vocês já sentiram algum impacto?
Até agora, não. O que nós fizemos foi aumentar nossa gestão de risco. Estamos carregando os caminhões com menos valor por carga, porque temos informação que pode haver mais assaltos nesse momento. E, dependendo da carga, estamos colocando até escolta.

Municípios como Tabira (PE) seguem no roteiro do grupo, mesmo com o avanço do Covid-19
E os efeitos dessa situação na demanda?

No todo, nas duas últimas semanas, nosso volume cresceu 6%. Especialmente por conta da categoria farma/alimentar, que avançou 9%. Já em eletrônicos e materiais de construção, o recuo foi de 15%. A seguir do jeito que está, nossa projeção é de uma queda geral de, no mínimo, 30% em abril. Houve um pico irreal, com uma corrida, a meu ver, desnecessária às compras. Uma antecipação do consumo. Mas agora, o que a gente espera é um vale profundo na demanda.

A retomada será lenta?

Tenho certeza que a demanda não será no mesmo nível de antes da crise. O consumidor perdeu a confiança, não sabe se vai ter emprego. Então, essa demanda vai mudar para gêneros básicos, alimentação, higiene, limpeza. Agora, as pessoas, talvez até inconscientemente, foram chamadas a uma reflexão. Vai ter sim, um perfil diferente. Qual vai ser, não sei dizer. Mas vai ser menor. E beleza, material de construção, eletrônicos são categorias que vão sofrer um pouco mais.

E na ponta dos varejistas, como vocês estão trabalhando?

A primeira coisa é proteger esse cliente dele mesmo. Pra não deixar ele quebrar. Ele vê essa demanda de agora e quer estocar também para garantir o atendimento. Mas não estamos deixando comprar e explicamos. Ele não vai gastar o capital de giro estocando porque eu vou assegurar o abastecimento, dentro do que ele precisar.

E o que mais o grupo tem feito para apoiar esses clientes?

Via Tribanco, que é o nosso braço financeiro, estamos fazendo integração com recebíveis que eu consigo financiar, alongar os prazos e dar mais crédito pra ele. Já está acontecendo. Aqueles clientes que têm recebíveis no nosso banco, tem um crédito maior, muito mais alongado. Já fazíamos isso, agora mais ainda.

Vocês atendem varejistas de todos os portes, em todo o País. Qual é a perspectiva diante do fechamento das lojas?

Eu não conheço um cliente nosso que sobreviva dois meses fechado. O fluxo de caixa do pequeno e médio varejo brasileiro é de 27 dias. Estou falando da vendinha no interior do Brasil. Não estou falando de Carrefour, do Pão de Açúcar. Esses têm onde recorrer. Agora, o pequenininho, o fluxo de caixa dele é aquela pasta sanfonada, com os boletos de cada dia do mês. Ele depende da venda pra pagar funcionário. O tempo não parou. O imposto está lá, a folha de pagamento, a prestação do banco, o fornecedor. Tudo isso vai continuar vencendo. E existe todo um impacto na cadeia. A cada emprego no varejo, tem 25 para trás, e no mínimo, 5 para frente. Isso está travado. Essa é a grande preocupação.

E o que os seus clientes têm dito a respeito dessa situação?
Existe uma incerteza e, acima de tudo, insegurança quanto a própria existência. O que me leva a acreditar que, até posso ser mal interpretado por isso, teremos mais falidos do que falecidos. Vamos imaginar que essa situação perdure por muito tempo. Vamos ter uma horda de desempregados. O risco, no limite do limite, é de uma convulsão social. É gravíssimo. O desemprego vai gerar muito mais problema na saúde do que o problema em si.

“Teremos mais falidos do que falecidos”

O que deveria ser feito, então?

Acho que o isolamento horizontal é válido, foi acertado, mas já estamos nele, de fato, desde a semana passada. É preciso proteger as pessoas de risco, evitar aglomerações e migrar gradativamente para o isolamento vertical. Deixar a economia girar. Não estou falando das grandes empresas, mas do peão de obra, do manobrista, do cara que ganha diária. Esse cara não tem caixa. Então, tem que começar a voltar. A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Tem que saber dosar.

E como você enxerga a atuação do governo nesse contexto?

Tem muito a melhorar, principalmente, em termos de conexão. De deixar os interesses eleitoreiros, partidários e ideológicos de lado nesse momento. O inimigo não é o outro, não é a outra ideologia, a outra eleição. Temos um risco biológico de fato. Acho que precisava haver uma comunicação maior, deixar os interesses pessoais e olhar o bem maior da nação. Está faltando isso.

Como você avaliou o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na noite da última terça-feira 24?

Eu tenho minha opinião, que não necessariamente reflete a opinião da empresa. Então, eu não gostaria de tocar nesse assunto. Qualquer coisa que falar, a gente perde.

E quanto à equipe econômica, o que poderia ser feito para reduzir os impactos imediatos da crise e dar maior segurança no médio prazo?

Mesmo à custa de alguma inflação, o governo deveria adotar medidas para incentivar o consumo. Porque ele gera emprego, renda, produção, demanda. E como eu incentivo consumo? Preservando e gerando emprego. Dando acesso a crédito mais barato e fazendo a roda girar. O mais urgente é desonerar a folha de pagamento e postergar impostos. O governo vai ter que abrir mão, ou pelo menos postergar por um bom tempo, parte da arrecadação. Podemos aproveitar esse momento para uma revisão, de fato, de tributos. E para sairmos melhores da crise. Como pessoas e com uma economia mais forte. É possível. Mas depende das ações que tomarmos hoje.

Siga o NeoFeed nas redes sociais.   Moacir Drska .. Leia mais em neofedd 27/03/2020


27 março 2020



Covid-19 acende alerta para cláusula MAC nos contratos de M&A

A cláusula MAC (material adverse change) incluída em operações de M&A engloba a situação provocada pela pandemia do novo coronavírus, possibilitando ao comprador não fechar a aquisição de uma determinada companhia no Brasil?

Esse é um questionamento bastante frequente neste momento, principalmente em relação aos casos em que o comprador já assinou um contrato de compra e venda mas sem que a operação tenha sido fechada, em especial por causa do período necessário para cumprimento de condições precedentes. Como se sabe, por meio de uma cláusula MAC é possível dividir os riscos da operação entre as partes, cada uma assumindo os que são compatíveis com sua posição. Normalmente, o comprador assume os riscos exógenos, como oscilações econômicas e políticas. Já o vendedor assume os endógenos, como falhas internas ou performance da companhia alvo.

Para nossa reflexão, trago à discussão três hipóteses. Na primeira, o contrato previa a MAC clause; na segunda, o contrato previa a MAC clause com excludentes; e, na terceira, o contrato era omisso quanto à hipótese de ocorrência de um efeito adverso relevante entre a assinatura e o fechamento do negócio. Vamos refletir sobre cada uma delas.

Cláusula MAC prevista

No primeiro cenário teríamos redações similares à seguinte: “MAC significa um efeito adverso relevante nos negócios, resultado das operações, ativos, passivos da companhia”.

É ônus da parte que alega a ocorrência de um evento apontar seus efeitos, demonstrar que são materiais e duradouros e que o impacto sofrido não pode ser atribuído a nenhum dos riscos assumidos de forma razoável.

Para se ter uma ideia, no caso WPP vs. Tempus Group, julgado 6 de novembro de 2001 na Inglaterra, não se considerou que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 constituíram uma MAC clause. Segundo o Takeover Panel, a compradora (WPP) precisaria demonstrar de que forma, exatamente, o 11 de setembro inviabilizou a continuidade da companhia alvo (Tempus) e que a queda no faturamento não foi causada por falhas anteriores já conhecidas.

Mas pode ser que um tribunal, arbitral ou judicial, reconheça que houve um material adverse effect caso a companhia desmorone. Foi o que aconteceu no único caso em que a MAC clause foi reconhecida na jurisprudência americana — e o episódio não envolveu terrorismo ou doença: Akorn vs. Fresenius¸ julgado em 1º de outubro de 2018.

Esse caso é central para qualquer análise sobre cláusulas MAC nos contratos de M&A, pois o julgamento de 247 páginas é um verdadeiro manual sobre como redigir e interpretar disposições contratuais. A compradora (Fresenius), uma companhia alemã do ramo farmacêutico, assinou contrato de compra da fabricante de genéricos americana Akorn. O contrato dizia que o risco de “qualquer falha no cumprimento de projeções, previsões, diretrizes, estimativas, marcos, orçamentos ou previsões financeiras ou operacionais internas ou publicadas de receitas, ganhos, fluxo de caixa ou posição de caixa, internos ou públicos” não seria considerado um efeito adverso relevante. Contudo, nos trimestres após a assinatura, o faturamento da companhia alvo despencou e, além disso, a compradora recebeu cartas anônimas que denunciavam várias falhas no sistema de coleta de dados dos testes farmacêuticos. A correção dessas falhas demandaria milhões de dólares e alguns anos. Depois de várias tentativas infrutíferas de resolução amigável da questão, a Fresenius pediu para encerrar o acordo e Akorn demandou judicialmente que ele fosse cumprido.

Vice Chancellor Laster, relator do caso, explicou que a decisão de adquirir uma companhia é feita a longo prazo, de forma que uma mera flutuação no faturamento não é suficiente para justificar a desistência do negócio. É necessário demonstrar que a companhia alvo perdeu seu poder de gerar riqueza em um período comercial razoável, normalmente medido em anos, não em meses. Percebe-se, portanto, que é preciso demonstrar factualmente que a companhia sofreu danos profundos e duradouros além dos esperados para o setor.

Como aplicar esse raciocínio à covid-19? O comprador poderia se eximir de fechar o contrato se demonstrar que os danos sofridos não foram unicamente causados pela pandemia, e que outras companhias do setor sofreram perdas menores. Já o vendedor poderia argumentar que a companhia tomou as medidas necessárias para preservar seu potencial de gerar lucro, mesmo diante dos esforços necessários para conter o alastramento da doença, além de ressaltar que o comprador assumiu o risco.

Vale destacar, porém, que não se sabe qual será a extensão dos danos. No momento atual, eles são, quando muito, estimáveis. Portanto, é necessário se precaver. Aos vendedores, aconselha-se agirem conforme os padrões de diligência e lealdade, para que danos econômicos causados pela doença não lhes sejam atribuídos. Aos compradores, sugere-se que sejam vigilantes e que planejem a continuidade da companhia.

MAC clause com excludente

Na segunda hipótese teríamos redações similares à seguinte: “MAC significa um efeito adverso relevante nos negócios, condição financeira ou resultados das operações da companhia, exceto qualquer efeito resultante (i) deste contrato ou das transações contempladas neste documento; (ii) das mudanças ou condições que afetam o setor em geral; (iii) das mudanças nas condições econômicas, regulatórias ou políticas em geral; (iv) das mudanças na lei ou GAAP”.

Em nossa experiência, cláusulas MAC costumam ser acompanhadas de outra que exclui alguns dos riscos de serem considerados um efeito adverso relevante, os chamados “carve-outs” — eles protegem o contrato de ser rompido por algumas situações específicas mencionadas na cláusula.

Nesse caso, se houver uma cláusula MAC no contrato e uma que exclua o risco de uma pandemia como razão para romper o contrato, esta deve, em princípio, prevalecer.

Ausência de MAC clause

Por fim, como proceder se o contrato não tiver uma cláusula MAC?

Segundo o art. 478 do Código Civil brasileiro, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.

A onerosidade excessiva a uma parte, com extrema vantagem para a outra, restaria configurada nos casos em que o preço já está estabelecido, mas a companhia certamente não terá as perspectivas que foram almejadas pelo comprador, ficando demasiadamente oneroso para o comprador e com vantagem para o vendedor.

Inversamente, poderia ocorrer que grande parte do preço fosse variável, por meio das cláusulas de earn-out, pelo alcance de determinado lucro em um período subsequente. Nesse caso, o vendedor pode não querer mais prosseguir com o contrato, porque o preço ficou muito aquém do que imaginava, com extrema vantagem para o comprador.

Entretanto, o fato de o contrato não prever uma MAC clause não demonstraria que as partes resolveram afastar qualquer possibilidade de rompimento do contrato entre a assinatura e o fechamento? Será que as partes, ao não preverem qualquer tipo de rompimento do contrato, não afastaram o regime da onerosidade excessiva? Não podemos nos esquecer dos novos artigos do Código Civil — como, por exemplo, o parágrafo único do artigo 421, que estabelece que, nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. Há, ainda, o artigo 421-A que prevê, no seu inciso III, que a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.

Para as companhias que estão agora negociando contratos de M&A, recomenda-se a previsão de uma cláusula MAC com menção expressa à covid-19, como fizeram os representantes da E-Trade quando negociaram a venda da companhia ao Morgan Stanley, assinada em fevereiro deste ano. O acordo aloca o risco da doença para as partes igualmente, de maneira que a covid-19 não poderá ser razão para eventual desistência do comprador. Segundo a cláusula pactuada entre as partes, um efeito adverso relevante não ocorrerá em “qualquer […] epidemia, pandemia ou surto de doença (incluindo a covid-19) dos eventos, circunstâncias, desenvolvimentos, mudanças ou ocorrências que constituam ou tenham probabilidade razoável de resultar em um efeito adverso relevante sobre a condição (financeiro ou não), ativos, passivos, negócios ou resultados das operações.”

As discussões acerca de cláusula MAC são sempre profundas, variando as conclusões conforme as especificidades verificadas nos casos concretos. Ademais, como apresentado neste artigo, a própria redação da cláusula MAC pode levantar diferentes questionamentos em ambas as partes. A única certeza é que a covid-19 passará a ser um tema de muita relevância nos contratos de M&A, principalmente aqueles cujo fechamento ainda não ocorreu e em que as partes tiveram que lidar com essa situação posteriormente à sua assinatura.... Por Daniel Kalansky  presidente do Instituto Brasileiro de Direito Empresarial (Ibrademp) ... Leia mais em capitalaberto 27/03/2020