20 maio 2015

Gasto com rastreabilidade de medicamentos: R$4 bi

O processo de implantação da rastreabilidade de medicamentos no Brasil deve movimentar mais de R$ 4 bilhões até 2016, principalmente nos setores de Tecnologia da Informação (TI), de Automação e Logística. A previsão é dos organizadores do Seminário de Tecnologia de Rastreabilidade de Medicamentos (SETRM), que será realizado no dia 27 de maio, em São Paulo, no Auditório do Instituto de Radiologia (INRAD) da Universidade de São Paulo (USP).

“As empresas estão investindo para atender aos prazos estabelecidos pela Lei 11.903, de 2009. Boa parte desses investimentos deve ocorrer até 2016”, explica Vidal Melo, membro do comitê acadêmico do SETRM. A nova legislação criou o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM), que determina que cada produto farmacêutico passe a ter um RG, viabilizando que, em qualquer etapa da cadeia, possa ser verificada a autenticidade do remédio.

O Sindusfarma (Sindicato da Indústria Farmacêutica) estima que só na produção de medicamentos serão necessários investimentos superiores a R$ 1 bilhão, distribuídos entre 2014 e 2016. A estratégia do Brasil foi executar o projeto em duas fases, com início em 2013. A primeira fase de implantação, chamada de piloto, se encerra este ano. A segunda, em dezembro de 2016.

A rastreabilidade é uma tendência mundial. A forma como este procedimento tem sido implementado difere em cada país. Entretanto, apesar do formato, cada método pode ajudar a proteger a segurança do paciente e garante que os medicamentos serão entregues aos consumidores que precisam deles. “O segredo para o sucesso da implementação das leis de rastreabilidade está em regulamentações em fases, com prazos definidos. Isso permite que a indústria invista de modo sábio, forneça orientação clara para reguladores em requisições rigorosas e em áreas onde há flexibilidade, e aproxima a colaboração entre líderes da indústria e provedores de soluções, para que se crie padrões plenamente reconhecidos no meio industrial, em áreas como a troca de dados em casos de rastreabilidade”, afirma Eduardo Mario Dias, do GAESI - Gestão em Automação e Tecnologia da Informação, do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétrica, da Escola Politécnica da USP – Universidade de São Paulo, responsável pela realização do Seminário, que ocorre em parceria com Faculdade de Medicina, também da USP.

Os Estados Unidos são um exemplo onde esse modelo foi bem-sucedido em habilitar a implementação de soluções de rastreabilidade em um curto período de tempo. O mercado americano é 10 vezes maior do que o brasileiro, de acordo com o IMS Health, e é altamente complexo, com quase 200 mil fabricantes, distribuidores, farmacêuticos, hospitais, clínicas e escritórios médicos na cadeia de suprimentos.

“Quando a lei americana foi sancionada, a indústria tinha apenas 13 meses para atender à primeira fase da regulamentação, e a lei não definia como a indústria deveria fazer o intercâmbio exigido de informações de rastreabilidade através da cadeia de suprimentos”, diz Brian Daleiden, vice-presidente de Marketing da TraceLink, uma empresa com mais de 10 anos de experiência em prover soluções de rastreabilidade. “Os líderes da indústria, os associados à indústria e os provedores de tecnologia rapidamente se juntaram para negociar suas diferenças e definir um tipo de padrão que se aproximasse às exigências de troca de informações a tempo do prazo de 1° de janeiro de 2015”, completa Daleiden.

Diversas empresas já estão investindo para atender às exigências da legislação brasileira. “A rastreabilidade de medicamentos é um compromisso da nossa empresa com seus clientes”, diz Carlos Reis, diretor executivo da Libbs. Segundo ele, a companhia foi pioneira da rastreabilidade no Brasil e acredita que o sistema é a melhor ferramenta para aumentar a segurança do paciente. “Os projetos em operação já oferecem ganhos indiretos em termos de eficiência operacional, o que deve reduzir o custo dos medicamentos para todo o sistema de saúde e nossa empresa está comprometida com este projeto. O grande vencedor da implementação, em um futuro próximo, será o consumidor, que terá, através da rastreabilidade, possibilidades de verificar a procedência do medicamento”, diz Amilcar Lopes, CEO da R&B Rastreabilidade Brasil, responsável pela implantação da Libbs.

Atenta às necessidades de seus clientes, a Valid, provedora de soluções em meios de pagamento, telecomunicações, sistemas de identificação e certificação digital, firmou, em 2014, uma parceria com a T2 Software para oferecer uma solução completa de repositório para os laboratórios, distribuidores e demais players se adequarem ao SNCM e conseguirem maior eficiência no cumprimento dos prazos com sistemas de qualidade.

Para Zenio Rimes, Diretor de Identificação da Valid, a capilaridade e infraestrutura tecnológica da companhia são capazes de garantir a gestão da rastreabilidade de medicamentos com eficiência e segurança. ”O sistema da Valid é 100% nacional, podendo ser ajustado para atender as variações da cadeia farmacêutica local”, resume.

Adiamento

O setor está preocupado com a possibilidade de mudanças das datas estabelecidas na legislação. No início deste mês, foi apresentado o projeto de Lei Nº 276, de 2015 (de autoria do senador Humberto Costa – PT), que se adianta propondo uma mudança da Lei 11.903, antes que os resultados da fase piloto sejam apurados. “Apesar dos ganhos que trará para o paciente e à sociedade, a implantação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos corre sério risco de ser postergada em 10 anos, caso o PL seja aprovado. Seria um atraso injustificado. A implantação da rastreabilidade precisa ocorrer em conformidade com a complexidade da cadeia brasileira e com o nível de gravidade local da ilegalidade”, aponta o Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri - Presidente do Conselho Diretor do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, corresponsável pelo evento.

Medicamentos em números

100 mil pessoas foi a média anual de mortes por uso de medicamentos ilegais de 2000 a 2007.
US$ 75 bilhões foi a movimentação de remédios falsificados em 2010 em todo o mundo.
R$ 2,5 bilhões é a perda anual de arrecadação com medicamentos contrabandeados no Brasil.
20% dos medicamentos consumidos no Brasil são ilegais, contra 10% da média mundial.
50% dos medicamentos comercializados na internet são pirateados
800 % foi o crescimento que a venda de medicamentos ilegais apresentou no período de 2000 a 2007.
1º entre os 10 produtos mais pirateados, como fonte de lucro para os contrabandistas
Fonte: Seminário de Tecnologia de Rastreabilidade de Medicamentos (SETRM) Leia mais em Portal do Canal 19/05/2015 

20 maio 2015



0 comentários: