31 maio 2012

Qualcomm vai investir em empresas brasileiras

Grupo americano traz para o Brasil seu braço de investimentos e lança prêmio para empresas iniciantes

 A Qualcomm procura empresas iniciantes brasileiras para investir. A fabricante americana de chips para celulares e tablets acaba de trazer para o Brasil seu braço de investimentos, chamado Qualcomm Ventures, e lançar a versão latino-americana do Qprize, competição de startups que já promove nos Estados Unidos, Europa, China, Índia, Israel e Coreia do Sul.

 Cada vencedor regional receberá um investimento de US$ 100 mil, e participará de uma disputa com os escolhidos em outras partes do mundo por um aporte adicional de US$ 150 mil. As inscrições estão abertas até 17 de agosto. "Procuramos empresas do ecossistema das comunicações sem fio, desde a área de componentes até aplicações e serviços", diz Carlos Kokron, diretor executivo da Qualcomm Ventures para a América Latina.

 Kokron assumiu o comando da Qualcomm Ventures na região há dois meses. Além do concurso, ele espera fechar pelo menos mais um investimento até o fim do ano. O braço de investimentos da Qualcomm foi criado em 2000, e tem 66 empresas investidas. "Nosso aporte pode ser de US$ 500 mil a US$ 100 milhões, e a maior parte fica entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões", disse Kokron.

 Ele não tem um montante predefinido para investir. A Qualcomm Ventures costuma ser minoritária. "Se pudesse escolher, ficaria com 10% a 20%", disse o executivo, acrescentando que existem algumas empresas na carteira em que a participação está fora dessa faixa.

 Prazo. Diferentemente de fundos tradicionais, a Qualcomm Ventures, que administra recursos da própria Qualcomm, não tem prazo de saída. "Ficamos o quanto for necessário", diz Kokron. "É bem melhor uma empresa ser comprada do que ser vendida." Desenvolvendo mais a frase, ele explica que é melhor uma empresa receber propostas de interessados por causa de seus resultados do que os investidores terem de correr atrás de alguém que compre suas participações, porque o prazo do fundo está terminando.

 Além de ganhar dinheiro com o investimento em si mesmo, a Qualcomm procura startups que ajudem a incentivar o crescimento do mercado de comunicações móveis como um todo. Entre as empresas do portfólio estão a Lifescribe, que fabrica canetas inteligentes que registram as anotações e o áudio relacionado, e a Invensense, que produz componentes que captam movimento, como giroscópios e acelerômetros. "Acho que, por aqui, teremos mais empresas de software e aplicativos", diz.

 O Brasil vive um momento único de investimento em empresas iniciantes. Além da Qualcomm Ventures, companhias como a Telefônica, a Siemens e o Buscapé criaram competições de startups. "O ambiente mudou bastante nos últimos anos", diz Kokron, que já atuou em outras empresas de investimento, como a Intel Capital e a Stratus. "O Brasil está construindo um contínuo de capital." Ou seja, há investidores dispostos a apostar em empresas nos mais diferentes estágios de seu desenvolvimento.

 A vencedora do concurso receberá US$ 100 mil em debêntures conversíveis em ações. Esses papéis serão convertidos em participação quando a companhia receber sua primeira rodada de investimento externo. 

Segundo Kokron, as empresas da carteira da Qualcomm recebem, além do dinheiro, acesso a novas tecnologias e a atores importantes do mercado de mobilidade, como fabricantes de equipamentos e operadoras, que são parceiros da Qualcomm. Fonte: Por RENATO CRUZ
O Estado de São Paulo 31/05/2012

31 maio 2012



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