25 maio 2012

Foxx Soluções Ambientais negocia aquisição da endividada Haztec

A empresa paulista Foxx Soluções Ambientais está negociando a compra da Haztec, companhia sediada no Rio de Janeiro e com atuação no tratamento de resíduos, segundo apurou o Valor. Registrada na Junta Comercial do Estado de São Paulo, a Foxx foi constituída em 2007 e opera nas áreas de coleta, tratamento e disposição de resíduos não-perigosos e aluguel de máquinas e equipamentos para construção sem operador, exceto andaimes.

A companhia pertence aos empresários Milton Pilão Júnior, com experiência na indústria de máquinas e equipamentos, e Ismar Machado Assaly, antigo dono da fabricante de pescados enlatados Gomes da Costa.

De acordo com pessoas a par da transação, um fundo americano se juntou à Foxx para participar da operação de compra. Além de relativamente nova, a companhia tem pequeno porte e atuação no interior de São Paulo. A Foxx não teria capacidade para fazer a aquisição sozinha.

A venda da Haztec já era aguardada há tempos, em meio à sua delicada situação financeira. Após um plano agressivo de aquisições de oito empresas entre 2007 e 2009, a Haztec enfrenta endividamento elevado, caixa reduzido e percentual representativo de contas em atraso.

O fundador da empresa, Paulo Tumbinambá, sequer tinha mais seu controle, com apenas 25,2% de participação, via Synthesis. Nas mãos de instituições financeiras, 45,5% da Haztec pertence ao fundo InfraBrasil e 22,4%, ao FIP Caixa Ambiental, ambos administrados pela Mantiq Investimentos, do Santander. Outros 6,9% são detidos pelo fundo Bradesco FIP Multisetorial.

Conforme publicado pelo Valor em abril, dados da agência de classificação de risco Fitch Ratings mostraram que, em 2011, as contas a receber em atraso da Haztec atingiram 40% e o resultado operacional (Ebitda) ficou negativo em R$ 33 milhões. Em bases preliminares, a Fitch destacou que o saldo de caixa da companhia ao fim do ano passado era de apenas R$ 19 milhões, suficiente para cobrir 26% da dívida de curto prazo.

Em 2010, a Haztec ficou bem perto de fechar um acordo de fusão com a Estre Ambiental, do empresário Wilson Quintella Filho, que criaria a maior companhia de engenharia ambiental do país. A negociação, contudo, teve problemas e não se concretizou.

Em seus melhores momentos, a Haztec chegou, inclusive, a planejar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A visão do mercado é de que a empresa perdeu o foco ao imprimir um ritmo agressivo de aquisições, não conseguiu executar os projetos como o previsto e encontrou na venda sua única saída.

Comenta-se que o maior interesse dos compradores está no investimento da Haztec em geração de energia a partir da queima de resíduos sólidos, localizado no Rio de Janeiro. A empresa chegou a captar R$ 245 milhões com debêntures adquiridas pelo Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) em 2011 e, segundo a Fitch Ratings, a maior parte dos recursos seria usada no projeto. A agência, contudo, afirmou que o aporte foi cancelado por ter se mostrado pouco atrativo.

Procurada, a Haztec negou a informação de venda, assim como o Bradesco afirmou que sua participação na empresa permaneceu a mesma. Já o Santander disse, via assessoria de imprensa, que "não comenta rumores de mercado". A Foxx também não confirmou a aquisição. Por Beatriz Cutait e Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico 25/05/2012

25 maio 2012



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