13 maio 2015

Família Agnelli faz oferta pela PartnerRe e muda foco da Fiat para o ramo de seguros

A bilionária família Agnelli ficará mais interessada nos danos provocados por furacões e menos dependente das vendas dos carros esportivos Alfa Romeo e dos tratores CNH se sua oferta de US$ 6,8 bilhões pela seguradora PartnerRe Ltd for aceita.

A PartnerRe, que assume riscos por desastres naturais como parte de seu negócio, seria a maior aquisição da família Agnelli em mais de um século. O investimento representaria cerca de um terço dos 15 bilhões de euros em valor bruto dos ativos da Exor SpA. Sua participação controladora na Fiat Chrysler Automobiles NV representa, atualmente, quase metade dos ativos da Exor.

A possível entrada no ramo de resseguros faz parte de uma estratégia do líder da família, John Elkann, 39. Ele vem procurando um investimento no setor de serviços financeiros após a venda da provedora de inspeções de produtos SGS SA, que tem sede em Genebra, em 2013. A Exor, que conta com fundos para investir após fechar um acordo na segunda-feira para venda da empresa imobiliária Cushman Wakefield Inc. por cerca de US$ 2 bilhões, quer reduzir sua dependência em relação à indústria automotiva para ajudar a gerar um lucro mais elevado.

"Nós trabalhamos muito duro nos últimos anos para simplificar a Exor", disse Elkann, na terça-feira, em entrevista na sede da Exor, em Turim, antes de o conselho se reunir para elevar sua oferta pela PartnerRe. "A ideia de ter um negócio de serviço, que é menor em termos globais e quanto à absorção de capital, é extremamente importante para nos fornecer um leque mais amplo de atividades e é um bom complemento para os negócios industriais que possuímos, que demandam, por natureza, mais capital".

Batalha de aquisição

A Exor aumentou a aposta na terça-feira na batalha pela aquisição da PartnerRe, que tem sede nas Bermudas, elevando sua oferta em 5,8 por cento em uma última tentativa de superar a rival Axis Capital Holdings Ltd. para controlar a resseguradora. A investidora apoiou sua proposta de US$ 6,8 bilhões com a compra de 9,32 por cento da PartnerRe. Uma resseguradora oferece cobertura para empresas seguradoras primárias.

"Este é o começo de uma nova era para a família e o último sinal de uma verdadeira mudança de geração", disse Giuseppe Berta, professor de história na Universidade Bocconi, em Milão, e ex-chefe de arquivos da Fiat. "Trata-se de outro movimento simbólico de afastamento de Turim, da Itália e da Europa em direção ao investimento global por parte de John".

Elkann, nascido em Nova York e criado no Reino Unido, no Brasil, na França e na Itália, é o herdeiro que comanda a família Agnelli, o clã industrial que administrou a Fiat ao longo de 115 anos. Sob sua liderança, o valor das ações da Exor se multiplicou por sete desde que a empresa foi criada, em 2009, por meio da combinação de duas holdings.

A contratação de Sergio Marchionne -- um novato na indústria automotiva, cujo trabalho no comando da SGS SA era relativamente desconhecido -- foi a maior jogada de Elkann depois de assumir o comando dos negócios da família. Apoiado por Elkann, Marchionne recuperou a Fiat, que estava à beira da falência, e transformou a empresa na sétima maior fabricante de veículos depois de combiná-la, no ano passado, com sua unidade norte-americana Chrysler.

Negócio automotivo

O próximo passo poderia ser a diluição do investimento da família no negócio automotivo. Tanto Marchionne quanto Elkann, que regularmente participa das reuniões de acionistas da Berkshire Hathaway Inc., de Warren Buffett, têm se posicionado a respeito da necessidade de a indústria automotiva se consolidar. Embora os Agnelli não planejem vender seus ativos, a família estudaria uma diluição de sua fatia se o conglomerado Fiat-Chrysler se combinasse com alguma rival.

Elkann disse que seu trabalho para reformulação do portfólio da Exor não acabou. "Ele nunca termina e nós temos uma longa jornada diante de nós".
Título em inglês: Agnellis Shift Focus to Insurance From Fiats With PartnerRe Bid | Tommaso Ebhardt (Bloomberg)  Leia mais em Uol 13/05/2015

13 maio 2015



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