17 maio 2012

Grupo WPP e agência Master desfazem sociedade

Freitas, da Master: "percebemos que trabalhamos de maneira diferente"

 Num movimento contrário ao verificado no mercado hoje, o grupo de comunicação WPP e a agência Master decidiram desfazer a sociedade fechada entre elas em 2001. No dia 25 de abril, as empresas finalizaram as tratativas para a venda dos 49% da Master pertencente ao grupo WPP para o fundador da agência, Antonio Freitas, que controlava os outros 51%. Em 2011, Freitas tinha vendido essa participação de 49% para a WPP, por valor não divulgado. As partes também não informam o valor envolvido na operação finalizada em abril.

 É uma caso emblemático pelo que ele representa no setor. Uma série de fusões e aquisições tem sido fechadas nos últimos cinco anos no mercado publicitário, com WPP e Publicis adquirindo várias agências brasileiras, e há uma expectativa no setor de que esse processo de consolidação acabe gerando ajustes em algumas parcerias a médio e longo prazo.

 "Não é nada fácil tratar disso. Estamos conversando com eles sobre a recompra dos 49% desde julho do ano passado", contaFreitas, em um desabafo raro de se ouvir no mercado publicitário. "Não funcionamos muito bem juntos. E não foi algo que percebemos de uma hora para a outra. Isso acontece aos poucos. Percebemos que as culturas são diferentes e trabalhamos de maneira diferente", conta ele, sem abrir maiores detalhes.

 "Eu sei que estou comprando na alta e vendi na baixa. E temos que lidar com isso. Mas acredito na agência", disse. Havia uma cláusula no contrato da empresa com o WPP que abria a possibilidade de o fundador da Master recomprar o negócio passados dez anos da parceria. Foi a carta na manga de uma saída, caso a situação entre as partes mudasse.

 Freitas não dá detalhes sobre as questões que envolveram o fim da sociedade. Diz que, apesar do interesse do empresário de recomprar o negócio, "as duas partes resolveram o assunto sem brigas". Ele fala ainda que "aprendeu muito, especialmente sobre gestão de custos e processos com o WPP".

 Pessoas próximas ao empresário, porém, contam que questões relacionadas a falta de investimentos na empresa por parte do sócio - que acabaram resultando no encolhimento da agência - assim como a pressão por resultados da multinacional incomodaram. "Toda reunião de orçamento e de resultados, pedia-se muito e dava-se pouco. Era algo frustrante", diz a fonte. Freitas não confirma a questão, assim como o WPP não comenta o caso.

 Nos planos da Master, com 189 empregados e R$ 430 milhões investidos em mídia em 2011, está o foco no crescimento por meio da aquisição de contas de publicidades do setor privado. A empresa cresceu nos anos 90 com as contas de governo, como Ministério da Saúde. "O projeto é crescer 20% ao ano nos próximos três anos em termos de faturamento." Por Adriana Mattos
Fonte: Valor Econômico 17/05/2012

17 maio 2012



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