25 novembro 2012

Amil e UnitedHealth dispensaram intermediários para fechar preço do negócio

A compra da Amil carimba a entrada no Brasil da United, uma gigante com 78 milhões de clientes em 17 países e faturamento de mais de US$ 100 bilhões por ano.

Para que o "projeto Samba" saísse do papel, o brasileiro Edson Bueno, da Amil, e Steve Hemsley, presidente da United, precisaram deixar de lado o modorrento protocolo que cerca operações desse tipo: dispensaram a assessoria de bancos, passaram a negociar pessoalmente e baixaram a regra dos codinomes para todos os que participaram da fase final.

A estratégia que culminou na operação foi desenhada em agosto, durante almoço entre os dois executivos na casa de veraneio do brasileiro em Pasadena, Califórnia.

A negociação havia sido enterrada um mês antes devido a um impasse sobre preço final. Até então, a United era representada pelo banco JPMorgan. A Amil, pelo Credit Suisse.

"Steve pediu que deixássemos os bancos de lado e tratássemos diretamente. Falei que tudo bem, mas que não adiantava vir com preço baixo de novo", diverte-se Bueno. "Ele concordou. Mas disse que não adiantava chegar com aqueles valores altos."

O meio-termo veio em cerca de duas semanas. O dono da Amil, que nos últimos cinco anos tornou-se um dos empresários mais agressivos do país ao comprar quase 20 empresas, concordou em passar o controle de sua operadora, fundada em 1972 por ele e a ex-mulher, Dulce Pugliese.

Em troca, recebeu um prêmio de 24% sobre o valor de mercado da Amil e uma participação de 0,8% no capital da United, suficiente para garantir assento no conselho de administração da empresa.

DEZ MAIS RICOS 
Isso leva Bueno à posição de maior acionista individual do grupo americano, o que, juntamente com os R$ 3,3 bilhões recebidos pela maioria de suas ações da Amil, deve catapultá-lo ao seleto grupo dos dez homens mais ricos do mundo.

"Sair como vendido seria muito chato. Queríamos fazer parte de algo maior", diz Bueno ao comentar seu novo status no setor.

Os codinomes usados pelas equipes de Edson Bueno e do executivo Steve Hemsley, presidente da United, visavam evitar vazamentos sobre a operação das duas empresas, que têm ações em Bolsa e cujas primeiras conversas para uma associação haviam sido iniciadas em fevereiro deste ano.

A preocupação com sigilo beirava a "neurose", segundo relatos feitos à Folha por participantes das negociações. Havia senha e contrato de confidencialidade nas várias etapas da operação.

A United demonstrou, até mesmo, receio com o fato de o ex-ministro Antonio Palocci figurar como consultor da Amil, o que poderia causar constrangimentos.

Ministro mais poderoso do primeiro ano do governo Dilma, Palocci deixou a Casa Civil após a Folha revelar que multiplicou o patrimônio alegando consultorias.

A United foi avisada de que o ex-ministro fez esse tipo de serviço para a Amil na compra da operadora de saúde Medial e em aquisições no Nordeste, mas que hoje não trabalharia mais com a empresa brasileira.
Fonte: Folha de Sao Paulo 25/11/2012

25 novembro 2012



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