Energia Após acordo de R$ 1,6 bi, americana quer a fatia da Light
Com uma presença até então discreta no Brasil, a americana SunEdison fez uma investida agressiva - e inovadora - no mercado de energias renováveis do país. E não deve parar por aí. Ontem, a empresa anunciou a compra por R$ 1,6 bilhão de parques eólicos e pequenas centrais Hidrelétricas (PCHs) já em operação da Renova Energia e informou que negocia a aquisição da fatia de 16% da empresa detida pela Light, que participa do bloco de controle ao lado da Cemig e de sócios fundadores da empresa.
O acordo é apenas parte de um negócio muito mais ambicioso que deve tornar as companhias sócias bastante próximas e mudar o jeito como a Renova, uma das líderes no mercado eólico, opera seu negócio. Além dos 336 MW de capacidade envolvidos na primeira tranche do negócio, as conversas com a SunEdison incluem o chamado "direito de primeira oferta" para mais 1,8 mil MW em capacidade instalada - já operacional ou em desenvolvimento - que estão no portfólio da empresa brasileira, e que totalizam cerca de R$ 10 bilhões, segundo uma fonte, se considerado o valor dos ativos mais as dívidas necessárias para colocá-los de pé.
A forma como se dará a operação desses ativos é bastante inovadora para o mercado brasileiro. A SunEdison vai colocar os ativos adquiridos na TerraForm Global, uma companhia que reunirá apenas projetos já operacionais de energias renováveis em países emergentes e que prepara sua oferta inicial de ações nos Estados Unidos. O veículo é o que se chama "yield company", que agrega projetos com fluxo de caixa previsível e que, por isso, pode distribuir dividendos polpudos aos acionistas.
A operação, articulada pelo banco BTG Pactual, deve garantir a captação de recursos a um custo mais baixo, afirmou o presidente da Renova Energia, Mathias Becker, em teleconferência com analistas. Segundo ele, ao repassar os projetos já operacionais, com risco bastante baixo e fluxo garantido de recebíveis, a empresa consegue dinheiro mais barato para desenvolver novos projetos e tocar sua estratégia de expansão.
"Começamos uma Reciclagem de capital nos primeiros projetos que a Renova construiu. A Terraform trará competitividade na estrutura de capital e continuaremos concentrados na capacidade de crescimento e execução", ressaltou o executivo. Segundo fontes, a Renova chegou a fazer encontros com investidores para fazer uma oferta inicial em Wall Street de uma empresa com seus ativos operacionais, mas esbarrou na desconfiança dos investidores com o mercado brasileiro. Diante disso, preferiu se associar à SunEdison.
"É uma forma de a Renova acessar indiretamente o mercado americano", disse uma fonte ao Valor. O custo de capital tem sido apontado como um dos principais empecilhos para o setor eólico brasileiro. Empreendedores e banqueiros têm relatado que o BNDES, principal fonte de recursos do segmento, está muito mais conservador na concessão de crédito. Segundo o Valor apurou, na primeira tranche do negócio, com a transferência dos 336 MW em capacidade, a Renova vai se livrar também de R$ 2,5 bilhões em dívidas com o banco de fomento, que passarão para a Terraform.
Ainda segundo pessoas próximas à operação, metade do valor pelo qual os ativos foram avaliados será recebidos em dinheiro e o restante em ações da nova companhia. Com isso, além de embolsar R$ 800 milhões, a Renova poderá ainda ampliar os ganhos caso a oferta inicial da Terraform seja bem-sucedida. Apesar da transferência de ativos, a companhia seguirá como operadora dos projetos, mediante pagamentos periódicos da Terraform. Procurada, a Renova não quis se pronunciar sobre o assunto.
As negociações de venda da fatia de 16% da Light na Renova, antecipadas ontem pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, foram confirmadas pela companhia sediada no Rio de Janeiro após o fechamento do mercado. Pelo valor de mercado atual da Renova, a transação poderia render R$ 700 milhões. Por Natalia Viri e Graziella Valenti | De São Paulo VALOR ECONÔMICO Leia mais em cliptvnews 08/05/2015
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Acordo para Contribuição de Ativos Fato Relevante
A Renova Energia S.A. (RNEW11) (“Renova” ou “Companhia”), maior empresa em capacidade instalada contratada de energia renovável do Brasil, em atendimento à Instrução CVM n.o 358/2002, conforme alterada, informa aos seus acionistas e ao mercado em geral que, nesta data, foi celebrado um Acordo de Contribuição de Valores Mobiliários (Securities Contribution Agreement, “Acordo”) entre a Renova, a SE Emerging Markets Yield, Inc. (“TerraForm Global”) e a SunEdison Inc. (“SunEdison”) por meio do qual a Companhia se compromete a contribuir determinados ativos operacionais na TerraForm Global.
O Acordo, sujeito a certas condições precedentes, prevê que a Renova irá contribuir os ativos relativos aos projetos da Espra (três pequenas centrais hidrelétricas, contratadas no âmbito do Proinfa, com 41,8 MW de capacidade instalada), Salvador (nove parques eólicos vendidos no LER 2009, com 195,2 MW de capacidade instalada) e Bahia (cinco parques eólicos vendidos no LER 2009, com 99,2 MW de capacidade instalada), ao valor de R$ 1.613.000.000,00 (um bilhão e seiscentos e treze milhões reais) sujeitos aos ajustes contemplados no Acordo, sendo que a Renova terá o direito de optar, a seu exclusivo critério, se referido valor será recebido em dinheiro ou em ações da Terraform Global.
Também nesta data foi celebrado um memorando de entendimentos entre a Renova, a TerraForm Global e a SunEdison (“Memorando”), por meio do qual a Companhia terá um prazo para avaliar e negociar a contribuição de outros ativos operacionais e não-operacionais e projetos para desenvolvimento futuro da Companhia, bem como direitos e obrigações que a Companhia julgar apropriado para governar o potencial relacionamento de longo prazo entre a Companhia, a TerraForm Global e a SunEdison.
Exceto pelas obrigações vinculantes usuais em documentos dessa natureza, a implementação das operações que vierem a ser descritas e reguladas em tal Memorando dependerão de aprovação ou ratificação dos órgãos competentes da Companhia.
Após a efetivação do Acordo e do Memorando, a Companhia acredita que irá aumentar sua competividade em função de uma estrutura de capital mais eficiente, com acesso a um custo de capital mais atrativo, novas opções de financiamento, além de equalizar a necessidade de recursos para o desenvolvimento dos projetos já contratados bem como para novos projetos a serem contratados.
A consumação do Acordo, está sujeita a uma série de condições suspensivas, incluindo a realização do IPO da TerraForm Global e a obtenção de consentimento de terceiros e aprovações regulatórias, incluindo CADE, ANEEL e Eletrobrás.
A Companhia ressalta que os documentos são de natureza preliminar e que os definitivos serão finalizados nas próximas semanas.
Sobre a SunEdison
A SunEdison é a maior desenvolvedora de energia renovável do mundo, listada na New York Stock Exchange e parte da lista Fortune 1000. Suas atividades são voltadas para a fabricação de tecnologia solar e o desenvolvimento, instalação e operação de ativos de geração de energia solar e eólica, com contratos de venda de energia de longo prazo, fornecendo eletricidade para clientes residenciais, comerciais e governos ao redor do mundo.
A SunEdison tem 55 anos de experiência, possui mais de 6.500 colaboradores, mais de 1.000 plantas interconectadas, 2,4 GW de capacidade solar interconectada e 3,6 GW de capacidade solar sob administração, além de presença em mais de 25 países, nos cinco continentes.
A SunEdison é controladora das empresas TerraForm Global, TerraForm Power e SunEdison Semiconductor.
Sobre a TerraForm Global
Terraform Global é uma empresa globalmente diversificada, orientanda para pagamento de dividendos crescentes, constituída para deter e operar ativos de geração de energia limpa em mercados emergentes com alto crescimento. O objetivo da empresa é adquirir, da SunEdison ou de terceiros, ativos de geração de energia limpa, com contratos de longo prazo com contrapartes de alta qualidade de crédito.
O portfólio inicial da Terraform Global consiste em projetos solares localizados na China, Índia, Uruguai, Malásia, Tailândia e África do Sul, projetos eólicos localizados no Brasil, China e África do Sul e hidrelétricas localizadas no Brasil e no Peru.
Mais esclarecimentos sobre o Acordo poderão ser discutidos junto à Companhia. Leia mais em renova 07/05/2015
08 maio 2015
SunEdison leva ativos e negocia 16% da Renova
sexta-feira, maio 08, 2015
Compra de empresa, Desinvestimento, Energia, Plano de Negócio, Tese Investimento, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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