16 fevereiro 2012

Assediada por múltis, Petrópolis busca presença nacional

O mês de janeiro consolidou a vice-liderança da Petrópolis no mercado nacional de cervejas pelo quinto mês consecutivo.

Embora a distância da Schincariol seja pequena (10,90% contra 10,68% em volume), é decisiva para chamar a atenção das multinacionais, sedentas por um espaço no mercado brasileiro de bebidas, terceiro maior do mundo e com crescimento de dois dígitos ao ano. Segundo apurou o Valor, em 2011, depois de perder a disputa pela Schincariol para a Kirin, a dinamarquesa Carlsberg tentou um acordo de distribuição com a Petrópolis, que se recusou a promover o portfólio da marca.

O empresário Walter Faria planejava tornar a Petrópolis uma cervejaria nacional até 2018 para, só então, estudar venda ou associação. O alvo da fabricante, que tem vendas concentradas no Sudeste e Centro-Oeste do país, era o Nordeste, onde duelam Schincariol e Ambev. Mas, agora que a empresa foi alçada ao segundo lugar no ranking nacional de cervejas, Faria decidiu acelerar o passo. "Vamos inaugurar uma nova fábrica em no máximo dois anos", diz Douglas Costa, diretor de marketing e relações com o mercado da Petrópolis.

O Nordeste, onde o clima mantém as vendas em alta por quase todo o ano, é a prioridade da companhia, que estuda ainda a região Sul, onde o tíquete médio é maior. Para atingir presença nacional, a Petrópolis precisa de mais cinco fábricas, além das quatro existentes: em Boituva (SP, sede da empresa), Petrópolis (RJ), Teresópolis (RJ) e Rondonópolis (MT). A Schincariol, até pouco tempo a segunda colocada, soma 13 unidades fabris nas cinco regiões do país.

Em 2011, a Petrópolis produziu 1,73 bilhão de litros, embora tenha capacidade instalada de 2,52 bilhões. "Mas em picos, como no verão, trabalhamos com praticamente toda a capacidade instalada", diz Costa. No ano passado, a Petrópolis faturou R$ 3,8 bilhões, uma alta de 44% sobre 2010. Este ano, a empresa pretende registrar vendas 24% maiores. Já a Schincariol vai divulgar balanço só ao fim de março, mas o seu faturamento deve girar em torno de R$ 6 bilhões. Em 2010, a receita da Schin foi de R$ 5,7 bilhões. O desempenho da empresa foi prejudicado no ano passado, depois de uma briga societária envolvendo os dois grupos de primos acionistas.

Pelos números de janeiro, apenas as vendas da Petrópolis e da Schincariol cresceram em relação a dezembro. A participação da líder Ambev recuou 0,24 ponto percentual e, da Heineken, dona da Kaiser, caiu 0,34. Depois da compra da Schincariol pela Kirin, a Petrópolis se tornou a única brasileira no ranking das quatro maiores cervejarias, o que a transformou em alvo potencial para quem ainda não está no Brasil, como a SAB Miller e a Carlsberg. Segundo apurou o Valor, a própria Heineken já teria feito a sua oferta.

No caso da SAB Miller, a empresa iniciou a distribuição da cerveja Miller por um "player" de menor porte, a Brown-Forman, que distribui o uísque Jack Daniel''s. Já a Carlsberg não teve o mesmo sucesso até agora, mas está longe de desistir do mercado nacional. "A Carlsberg está sempre interessada em novas oportunidades de negócios", disse ao Valor Ben Morton, vice-presidente de relações internacionais da cervejaria, a respeito do início das operações no Brasil. O mercado de cervejas no país movimentou R$ 75 bilhões em 2011, com alta de 22% sobre 2010, segundo a Euromonitor. No mundo, o consumo subiu 7% em valor, para US$ 617,5 milhões.

Ontem, a Petrópolis lançou a Itaipava Light, com teor alcoólico reduzido e 25% menos calorias, na qual investiu R$ 2 milhões. Neste verão, a empresa está investindo R$ 162 milhões em marketing.
(Daniele Madureira | Valor)

16 fevereiro 2012



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