27 fevereiro 2012

Máquina de Vendas integra quatro empresas sob um único sistema e CNPJ

Dois anos depois de ser criada, a varejista Máquina de Vendas está entrando em uma nova fase. Unificou quase todos os processos internos, ganha neste início de ano um CNPJ único e já opera com uma plataforma digital que integra as quatro empresas do grupo.

A ideia dos dois sócios-fundadores da holding, Luiz Carlos Batista, presidente do conselho de administração, e Ricardo Rodrigues Nunes, presidente da Máquina de Vendas Brasil é, com a casa mais em ordem, se associar a uma nova rede de lojas, talvez já este ano, e ir preparando o caminho para um IPO.

A Máquina deve fechar 2011 com faturamento de cerca de R$ 7 bilhões, com 900 lojas. A meta da empresa até 2014 é atingir um faturamento de R$ 10 bilhões e chegar a 30 mil funcionários. Hoje são 23 mil. "Este ano, se nada for feito em termos de um novo negócio, nossa previsão é chegarmos a um faturamento de R$ 8 bilhões e 1.000 lojas", disse Batista, em entrevista ao Valor.

É uma situação mais confortável, como o executivo mesmo diz, em que não há mais a pressa para continuar comprando novas redes pelo Brasil. Depois da fusão das marcas Insinuante, da Bahia, de Batista, e Ricardo Eletro, de Minas, de Nunes, em março de 2010, a Máquina ainda se associou ao grupo mato-grossense City Lar e ao pernambucano Eletro Shopping.

"Estamos mais preocupados este ano em sermos uma das empresas mais rentáveis do nosso segmento, no futuro. A meta é termos um Ebtida acima dos 10%. Isso talvez faça muito mais diferença para o mercado do que possuir 1.200 lojas, por exemplo", diz Batista.
Mesmo assim, o apetite por somar uma nova empresa ao grupo persiste. A região Sul é em, em princípio, a mais cobiçada. Presente em 23 Estados e no Distrito Federal, a Máquina só não está presente ainda no Sul. É um mercado com algumas particularidades: primeiro porque não se trata de uma região cuja economia cresça de maneira tão acelerada quanto outras pelo país; depois há um quê de regionalismo dos consumidores, principalmente no caso dos gaúchos, o que poderia ser uma barreira para grupos de fora.

"Vai depender de encontrarmos um sócio, uma empresa que nos complemente. No ano passado, nosso foco não foi crescer pela região Sul. Mas este ano eu estarei mais disponível para oportunidades que venham a surgir", disse Batista. Não só lá, ressalva ele. São Paulo, poderia ser outro entre vários alvos.
Caixa não seria problema. A Máquina de Vendas se capitalizou com dois negócios fechados em fevereiro, de R$ 500 milhões cada. Um com Bradesco Seguros, que permitirá à seguradora vender apólices nas lojas da rede. Outro com o HSBC, que cria uma financeira para atender aos clientes da rede.

A holding, que completa dois anos em março, passou 2011 trabalhando na centralização das áreas financeira, contábil, fiscal, de TI e RH num centro de serviços em Salvador. Até março ou abril, a empresa completa a centralização das compras das quatro bandeiras em Belo Horizonte, com a criação de um departamento de compras único para todo o país.
"Todas as empresas já estão usando o mesmo software para suas operações, o sistema Oregon. As novas que venham a se associar ao grupo também farão sua migração para o sistema", diz Batista. Outro passo que simboliza essa integração é a criação de um único CNPJ, um processo que está a cargo da Price Waterhouse Coopers e que está programado para ser concluído até março.

A integração seria um passo necessário para um futuro IPO. "Estamos preparando o grupo, deixando a Máquina de Vendas pronta para quando abrir uma janela de oportunidade para irmos ao mercado", diz Batista. "Queremos estar com todos os nossos balanços auditados este ano pela Price. Embora a possibilidade de um IPO este ano seja muito remota."

Capitalizado, o grupo não está com pressa, dizem os sócios. "As operações com o Bradesco e com o HSBC foi como se tivéssemos feito dois IPOs", diz o Batista.

Os sócios da Máquina de Vendas estão otimistas sobre a economia este ano. Para Nunes, que recebeu o Valor nos escritórios da empresa em Contagem, na Grande Belo Horizonte, a fase mais complicada para o varejo parece ter ficado para trás.
"A maior preocupação foi o ano passado. Este ano, o governo está tomando outras iniciativas, baixando IPI, reduzindo juros. A gente percebe que o movimento já é outro", diz o empresário. Para coroar, veio o novo aumento do salário mínimo. Ele diz que os índices de inadimplência nas lojas têm caído desde meados do ano passado, depois de terem atingido um pico entre o fim de 2010 e a primeira metade de 2011.

A Máquina de Vendas planeja inaugurar outras 80 lojas nos Estados onde já está presente. Era o plano de "crescimento orgânico" que foi desenhado no ano passado e que inclui investimentos de R$ 80 milhões a R$ 90 milhões.

Com foco em linha branca, eletrodomésticos, áudio e vídeo, as a empresa fez um teste no ano passado em algumas lojas com motos da fabricante chinesa CR ZongShen. As vendas começaram em setembro em lojas da City Lar no Centro-oeste e Norte.
"Estamos tendo um resultado surpreendente", diz Nunes, sem revelar números. "Já fizemos novos pedidos. Em janeiro, começamos a operação na Insinuante e em março a gente começa na Ricardo Eletro." Para este ano, o foco será os tablets, diz Nunes. Por Marcos de Moura e Souza
Fonte:Valor27/02/2012

27 fevereiro 2012



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