Atentos à expansão da classe C, gestoras de recursos criam fundos para investir em empresas do setor de alimentação fora de casa
Que tal investir em um bar ou aplicar recursos na expansão da sua padaria preferida? Antes feito em grande parte de maneira informal, o aporte de capital em empresas do setor de alimentação fora de casa – também conhecido como food service - começa a tornar-se mais profissional com a entrada de fundos de private equity na lista de investidores em potencial.
Diante da expansão da classe C, os fundos de private equity começam a buscar, no segmento de food service, uma opção aos já tradicionais investimentos nas empresas de TI e biotecnologia. Na lista dos alvos em potencial de fundos criados há pouco tempo estão restaurantes, bares descolados, empórios e até padarias tradicionais de grandes centros urbanos, como Rio e São Paulo.
É o caso da gestora de fundos MSW Capital, que criou o MSW Capital Fip I, destinado à aquisição de participações societárias em redes de restaurantes. “Entre 2003 e 2010, o setor de alimentação fora de casa cresceu mais que o PIB do País, tendo acumulado uma alta de 21,7%. Apenas em 2010, o segmento de food service faturou R$ 190 bilhões. É um mercado com grande potencial”, afirma Alex Swirski, responsável pela área de Relações com Investidores.
De acordo com Swirski, a ideia do fundo é montar uma plataforma de consolidação do setor a partir da criação de um canal formal de investimento. Para tanto, foi constituída uma empresa holding, a Brasil Restaurantes. O objetivo é alcançar um patrimônio mínimo de R$ 200 milhões e máximo de R$ 300 milhões. Segundo Swirski, a Brasil Restaurantes deve incorporar sete ou oito empresas do setor de food service, localizadas preferencialmente na região Sudeste e com foco nas classes B e C. Mas, o próprio executivo conta que já existem conversas com cadeias focadas na classe A.
Até agora, já foram captados R$ 100 milhões, sendo a maior parte proveniente de investidores institucionais como seguradoras e fundos de pensão. Pessoas físicas também podem aportar recursos no MSW Capital Fip I, desde que sejam investidores qualificados com liquidez comprovada para aplicar a cota mínima de R$ 1 milhão e manter o investimento a médio e longo prazo.
Motivado pelo aumento da renda e do consumo da classe média brasileira, a empresa de private equity Alothon também vem fazendo investimentos no setor de alimentos no Brasil. Depois de adquirir participação na empresa de bebidas instantâneas Casadoce, a empresa comprou a Irgovel, que fabrica óleo de arroz comestível.
“Nossa estratégia é focada em comprar empresas que vendem para a classe C e que possam ser beneficiadas por mudanças de hábito dos consumidores dessa parcela da população” afirma Ettore Biagioni, sócio da Alothon.
As empresas médias, com um faturamento anual de R$ 100 a R$ 500 milhões, são o alvo da Alothon, que já investiu em 33 companhias deste porte na América Latina, a maior parte delas no Brasil. O objetivo da companhia é contribuir para a profissionalização das companhias para, posteriormente, vendê-las a compradores estratégicos.
Gestão profissional
A tática da Alothon, ao adquirir as empresas que atuam no ramo alimentício, é participar ativamente de sua gestão operacional, de forma a minimizar eventuais riscos decorrentes de gestões pouco profissionalizadas. “Vemos a falta de profissionalização como uma oportunidade. Levamos nossa experiência de operações e governança para melhorar a posição da empresa e de seus produtos,” afirma Biagioni.
O aumento dos gastos dos brasileiros com alimentação fora de casa levou outra empresa de private equity a investir no setor: a Endurance Capital Partners, que adquiriu 50% do Espaço Árabe, há dois anos. O objetivo era aproveitar a demanda crescente para serviços de alimentação em grandes cidades. “O segmento de ‘comida fora de casa’ está crescendo a uma taxa acima de 14% ao ano. As tendências demográficas nos grandes centros, como São Paulo, indicam uma demanda crescente para serviços de alimentação de alta qualidade, com serviço rápido,” diz Richard Lark, sócio da Endurance.
O plano do fundo de private equity é de vender sua participação no Espaço Árabe em 2013 ou 2014, quando a companhia terá uma receita anual “robusta,” segundo Lark.
Apesar dos riscos de apostar em companhias pequenas, de um setor em que muitas vezes falta profissionalização, o gestor diz ver oportunidades de consolidação do setor em algumas cidades, o que pode levar a empresa a crescer mais rapidamente e atingir um público maior. A maior dificuldade, afirma, é a atração de talentos.
A contratação de novos profissionais é determinante no processo de crescimento da empresa e o resultado – que se refletirá em maiores receitas - depende da “capacidade do gestor de atrair e reter profissionais com as capacidades requeridas, com um ‘espírito de dono’”, diz Lark.
Fonte:iG12/09/2011
12 setembro 2011
Que tal investir em um bar ou em sua padaria preferida?
segunda-feira, setembro 12, 2011
Alimentos, Consolidação, Plano de Negócio, Private Equity, Tese Investimento, Transações MA
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Ruy Moura
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