23 setembro 2011

Transportadoras elevam capacidade

Acompanhando os saltos do comércio eletrônico, as empresas de logística intensificaram as negociações com as varejistas on-line, para alinhar previsões de demanda para o fim do ano e não ter surpresas de última hora. As prestadoras de serviço esperam um aumento de movimento de até 60% neste Natal, sobre o ano passado.

"Quem pisou na bola no ano passado pagou um preço alto por isso. Houve uma queda muito grande na confiança dos consumidores e isso não é de fácil recuperação", diz Fernando Di Giorgi, sócio-fundador da Uniconsult, empresa de tecnologia que projeta e cria sistemas de informação para as varejistas. "Quem foi ousado no último Natal será um pouco menos ousado desta vez".

Em 2010, algumas empresas contrataram o operador logístico para um número de entregas e, como a demanda foi acima do esperado, o prestador de serviço precisou contratar mão de obra de última hora, alugar veículos e criar rotas adicionais, o que diminuiu a produtividade e a qualidade do serviço. Foi o caso da Ramos Transportes, que obtém 25% do seu faturamento do e-commerce. "A rentabilidade do frete caiu pela metade", diz Jacinto Junior, vice-presidente da empresa. Para este Natal, a estrutura da empresa será 30% maior.

"As nossas ações para o Natal já foram feitas no primeiro semestre", diz Junior. A transportadora estudou seus limites e, em junho, apresentou sua capacidade de atendimento para cada varejista, pedindo que também fizessem um estudo de suas necessidades. De acordo com Junior, a Ramos vai limitar o recebimento de encomendas ao limite combinado, em vez de "se virar" para atender pedidos adicionais. "A venda é virtual, mas a logística é real", afirma.

"Uma das questões mais difíceis para os nossos parceiros logísticos é a previsibilidade da demanda. Uma vez que estamos trabalhando em conjunto com eles ao longo de todo ano, eles podem se desenvolver para crescer conosco e se prepararem para os períodos de pico", diz Leonardo Gasparin, diretor de operações da Nova Pontocom (que controla os sites de Ponto Frio, Casas Bahia e Extra). Ele diz ter feito parcerias para ajudar empresas de logística a se estruturarem.

A expectativa da Total Express para este ano é elevar em 41% o volume de entregas em dezembro, somando 1,184 milhão de encomendas, segundo Marcos Monteiro, presidente da companhia. O e-commerce responde por 95% da receita da empresa, que investiu R$ 2,2 milhões em frota, além de fechar contratos de precaução com três locadoras, para alugar 150 veículos caso seja necessário.

A companhia implantou há algumas semanas um sistema de pesagem automática, para aumentar sua capacidade instalada em 40%. E abriu, este ano, filiais em Curitiba (PR) e Ribeirão Preto (SP), onde antes atuava com representantes. Até dezembro estará operando ainda em Goiânia, Vitória, São José do Rio Preto e Recife.

A Direct, que obtém 65% do seu faturamento do e-commerce, não revela sua previsão, mas a expectativa de crescimento para este Natal segue o ritmo registrado nos últimos anos - 50% em 2009 e 60% em 2010. Em março, a empresa foi comprada pela Tegma.

Segundo Enrico Rebuzzi, diretor-geral da Direct, estão sendo investidos R$ 16 milhões em frota, além dos recursos aplicados em em tecnologia e novas filiais. Até outubro, serão 12 novas unidades no eixo Rio-São Paulo, para reforçar a estrutura das capitais. Na semana anterior ao Natal, a demanda da empresa chega a subir 70% em relação ao fluxo normal, quando serão contratados trabalhadores temporários que se somam ao aumento de 30% na contratação de mão de obra para o período. A capacidade de atendimento da empresa, já em setembro, aumentará 30%, fora o reforço de Natal.

Os Correios projetam para dezembro um tráfego 50% maior de encomendas do comércio eletrônico, em relação ao mesmo mês de 2010. No ano passado, o crescimento foi de 36%. "Essa demanda será absorvida normalmente", diz Ricardo Fogos, chefe do departamento comercial de encomendas da companhia. "O comércio eletrônico está crescendo muito também em outras épocas e estamos atendendo os pedidos." A empresa, que enfrenta greve de funcionários desde o dia 14, informa que seu plano de fim de ano determina a contratação de linhas extras de carga e proíbe os funcionários de tirarem férias no período.

O índice de atrasos nas entregas no Natal de 2010 foi o maior já registrado. Segundo a e-bit, em todo o mês de dezembro, 19% dos compradores ainda não tinham recebido seus pedidos, um dia após o término do prazo prometido. (AM, colaborou Luciana Seabra)
Fonte:valoreconomico23/09/2011

23 setembro 2011



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