24 julho 2012

Francesa Egis amplia a presença no Brasil

Integrante da concessionária de Viracopos, em Campinas (SP), amplia atuação na área aeroportuária 

Depois de comprar Vega, do setor ferroviário, em setembro de 2011, e após integrar neste ano o consórcio vencedor da concessão do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), o grupo francês Egis deu novo passo no Brasil em infraestrutura ao adquirir a Aeroservice, especializada em consultoria e engenharia de projetos, com foco na área aeroportuária.

 Sem revelar valores, o vice-presidente executivo de Estratégia e Desenvolvimento da Egis, Michel Bastick, disse que a aquisição será gradual. Neste momento, envolve apenas 12,5% da Aeroservice. A Egis Avia, subsidiária do grupo, pretende concluir a aquisição de 100% em até três anos.

 "O Brasil representa parte importante da nossa estratégia de desenvolvimento de negócios. Estamos em atividade no país em um nível muito baixo nos últimos 10 anos e há cerca de três anos decidimos que o Brasil se tornaria um país-alvo para o grupo", afirmou Bastick ao Valor. A estratégia do grupo é investir principalmente em países com maior ritmo de crescimento.

 A Aeroservice tem cerca de 50 funcionários e experiência em projetos internacionais, o que estimulou o interesse do grupo francês, segundo Mário Luiz Ferreira de Mello Santos, presidente da empresa. "Essa é uma das razões para unirmos força", disse.

 A empresa já desenvolveu projetos em aeroportos no Uruguai e no Equador e no Brasil tem entre seus clientes a Infraero, companhias aéreas e, mais recentemente, os consórcios privados envolvidos nos projetos de privatização e modernização dos aeroportos no país. Seus contratos deste ano aproximam-se de R$ 10 milhões, dos quais a metade corresponde a planos diretores dos principais aeroportos nacionais.

 "Trabalharemos próximos da Aeroservice no mercado brasileiro, mas não apenas nele. O latino-americano é muito grande", apontou o diretor-geral da Egis Avia, Cédric Barbier. As atividades da empresa estão muito focadas no exterior: a França não responde sequer pela metade delas.

Além de oportunidades nos países vizinhos, os próximos leilões do governo brasileiro para concessões de novos aeroportos também atraem a Egis. O grupo já integra a concessionária Aeroportos Brasil, na qual detém participação de 10%, numa aliança com a Triunfo (45%) e a UTC (45%). A concessionária assumiu a administração de Viracopos por 30 anos e se comprometeu a investir R$ 1,4 bilhão em um novo terminal com capacidade para 14 milhões de passageiros por ano.

 "Um dos nossos focos é participar dos próximos leilões, mas, antes disso, queremos mostrar que somos um bom parceiro ao Brasil, que o país está recebendo um bom serviço", disse Bastick.

 A capacidade de administração da francesa Egis foi alvo de recurso do segundo colocado na disputa por Viracopos, a sociedade liderada pela Odebrecht (Consórcio Novas Rotas), pois só um dos terminais do seu portfólio ultrapassava o número mínimo de movimentação exigido pelo edital, e ainda um no qual tem posição minoritária. Os executivos da Egis se defendem e garantem que terão condições de operar Viracopos sem problemas.

 "Uma coisa é conseguir gerenciar um grande aeroporto que se conhece desde sempre, o que é a força de alguns dos nossos concorrentes, e outra é conseguir vir e estar apto a transformar um aeroporto, se preocupar com as pessoas envolvidas no processo. Ter [operações] em aeroportos de diversos países com grandes diferenças e saber como fazer a privatização é a nossa força. Para Viracopos isso é mais importante do que já lidar com 30 milhões de passageiros", disse Bastick, sem mostrar preocupação com a possibilidade de a Egis ser impedida de participar dos demais leilões.

 No curto prazo, as atenções da Egis Avia estão direcionadas aos serviços para ampliar a capacidade dos aeroportos que servirão aos turistas da Copa do Mundo de 2014. E como o grupo francês atua em outras áreas, como construção e meio ambiente, há outras possibilidades para crescer no Brasil, disse. A Egis tem faturamento de € 860 milhões e o Brasil representa apenas 3% dos seus negócios. Por Beatriz Cutait, de São Paulo, para Valor Econômico
Fonte: sina 11/07/2012

24 julho 2012



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