Nos últimos dez anos, o peso da nossa economia no PIB mundial estacionou na marca dos 2,9% -isso porque o "custo Brasil" não diminui
O Brasil não pode se acomodar diante de uma situação passageira de conforto relativo. Países desenvolvidos em crise colocam os emergentes em destaque. O risco é continuarmos deitados em berço esplêndido, quando sabemos das importantes mudanças estruturais ainda por fazer no país.
Queremos ser protagonistas nestes novos tempos ou nos conformaremos em seguir os passos de outros emergentes que certamente tentarão definir o caminho e ditar o ritmo das mudanças?
Nos últimos dez anos, o peso da nossa economia no PIB mundial estacionou nos 2,9%.
Enquanto isso, a Índia aumentou sua participação de 4% para 5% e a China saltou de 7% para 13%.
Muito disso se deve à crescente falta de competitividade da nossa economia em mais e mais cadeias produtivas. O velho conhecido "custo Brasil" não diminui. Para ele, como se sabe, contribuem a excessiva carga tributária, a estrutura de impostos obsoleta e cara, o elevado custo do crédito, a legislação trabalhista defasada e os encargos insustentáveis, a infraestrutura insuficiente, a falta de mão de obra qualificada e a burocracia sufocante, para citar os principais.
A logística, que é ingrediente importante de competitividade, custa 10% do PIB nos EUA, 13% na Alemanha e 20% no Brasil.
A lição de casa consiste em desenvolver um trabalho que neutralize os entraves à competitividade sistêmica da nossa economia. A variável que nos oferece maior potencial para esse avanço é a eficiência da gestão pública no país.
Esse gargalo fica evidente, por exemplo, quando se analisa o último ranking de competitividade do IMD, respeitada entidade suíça que comparou 59 países. O Brasil perdeu seis posições, caindo da 38ª para a 44ª posição, sendo o nosso item de pior avaliação justamente a eficiência do poder público - no qual nos encontramos no 55º lugar.
O maior desafio apontado é o controle sobre os gastos do governo, essencial para enfrentarmos uma questão-chave: a falta de investimentos em infraestrutura, tecnologia e qualificação de mão de obra.
O pior é que, mesmo com carga tributária crescente, não conseguimos alavancar a taxa de investimento para além de 20% do PIB, quando deveríamos investir no mínimo 25% (como fazem o Chile e a Colômbia). Isso se não se quiser competir com a Índia, que investe 35%, ou com a China, onde o percentual atinge os 45%.
Se considerarmos que, com uma carga tributária que se aproxima dos 40% de tudo o que o Brasil produz, não investimos mais de 2,5% em infraestrutura - somados os aportes dos setores público e privado-, e, por outro lado, o governo (consideradas as esferas municipais, estaduais e a União) investe no total pouco acima de 2% do PIB, necessariamente chegamos à conclusão de que algo precisa mudar.
Deve haver um amplo esforço, a partir da sociedade civil organizada, para que, numa parceria com todas as esferas e instâncias do poder público, possamos definir os caminhos e criar as ferramentas para viabilizar um grande ajuste fiscal no país.
É nisso que vem trabalhando o Movimento Brasil Eficiente (MBE), mobilização suprapartidária apoiada já por mais de cem entidades empresariais e não empresariais, inclusive da classe trabalhadora, governos e classe política. Devemos buscar criar as bases para garantir um crescimento acelerado e sustentável, apoiado por governos fortes, mas não inchados, que resgatem o seu papel de servir à sociedade -e não dela se servirem.
A maior eficiência do poder público criará um círculo virtuoso que liberará recursos para mais investimentos, permitirá menor carga tributária, redução da taxa de juros, reequilíbrio do câmbio, melhores serviços e, finalmente, mais e melhores empregos. Mas temos que aguçar o nosso senso de urgência. Por Carlos Rodolfo Schneider
Fonte: FolhadeSP10/10/2011
10 outubro 2011
Entraves à competitividade brasileira
segunda-feira, outubro 10, 2011
Consolidação, Contingências, Investimentos, Plano de Negócio, Riscos, Tese Investimento, Transações MA
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Ruy Moura
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