27 outubro 2011

XP Investimentos anuncia absorção da Senso Corretora

Depois de absorver em junho as operações da corretora Interfloat - então líder no segmento de varejo de ações -, a XP Investimentos realiza nova investida para se consolidar como a maior corretora independente do país.

A empresa anuncia hoje a absorção da pequena Senso Corretora, fundada há mais de 40 anos em Belo Horizonte (MG), mas historicamente ligada ao mercado carioca.

A união com a Senso eleva o "market share" da XP no negócio de varejo de ações em cerca de dois pontos percentuais, para 27%. Nada comparável à absorção da Interfloat, que fez a participação de mercado da XP no varejo mais do que dobrar.

Hoje, a Senso ocupa apenas a modesta 68ª posição no ranking anual (de janeiro a setembro) do mercado de varejo de ações entre 72 instituições. A XP, combinada com a Interfloat, é líder absoluta, com giro mais de R$ 70 bilhões no home broker.

O porte do negócio é, sem dúvida, muito menor, mas traz para a XP uma carteira de 2.500 clientes, com valor total em custódia de aproximadamente R$ 300 milhões. "Não é pouco, se você pensar que isso deve ser apenas 10% do que esses clientes têm em investimentos", afirma Guilherme Benchimol, diretor-geral da XP.

A ideia, é claro, é abocanhar uma fatia maior do patrimônio dos atuais clientes da Senso, oferecendo outras aplicações da XP, como fundos, previdência privada e seguros. Hoje, o cliente típico da Senso é homem, tem entre 40 e 50 anos, e opera principalmente via mesa de ações, atraído pelo "atendimento diferenciado" que a corretora oferece, diz Benchimol. "Oferecer somente o negócio de corretagem para esse cliente é um desperdício", afirma ele, ressaltando o caráter de "shopping center" financeiro da XP.

Hoje, além de movimentar mais de R$ 10 bilhões por mês na Bovespa, a XP Investimentos tem uma empresa de educação financeira, uma corretora de seguros, uma empresa de tecnologia e uma gestora de recursos, com mais de R$ 800 milhões em ativos sob gerenciamento.

A absorção da Senso, diz Benchimol, não envolveu dinheiro, mas apenas, nas palavras dele, "uma transferência de uma carteira clientes". A Senso, contudo, vai deixar de existir como corretora de valores. A ideia é transformá-la em uma gestora de recursos responsável pelas carteiras administradas e clubes de investimento hoje abrigados na corretora.

Os clientes da Senso que operam diretamente na bolsa passaram a ser clientes da XP. Mas terão o mesmo perfil de atendimento prestado pela Senso. Os funcionários da corretora serão contratados pela XP e formarão um núcleo responsável pelos investidores vindos da Senso. "Será uma área separada, com atendimento e força comercial própria, capitaneada pelo ''doutor'' Mario Celso, ex-presidente da Senso", diz Benchimol.

A absorção da Senso - ou "união de forças", como diz o executivo - traz para as duas instituições capacidade de aumento de receita sem elevar os custos. Os gastos da Senso com sistemas deixam de existir, já que todas as operações serão realizada pela plataforma da XP. "Duas corretoras somam a receita, mas não as despesas, o que traz um ganho de sinergia imediato", afirma Benchimol.

O ex-presidente da Senso não conversou com o Valor, mas afirmou, em comunicado, que a operação trará aos atuais clientes da corretora "acesso a uma plataforma de serviços e produtos ainda mais moderna, com o mesmo atendimento diferenciado".

Segundo Benchimol, a XP está costurando negócios similares e deve ter novidades em breve. As próprias corretoras de menor parte têm procurado a XP para conversas. Com a queda do número de investidores em bolsa, custos crescentes dadas as exigências do programa de qualidade da bolsa e os pesados investimentos em tecnologia, as corretoras pequenas estão com dificuldades para sobreviver. "E estamos aproveitando para costurar negócios que são bons para nós e para o ex-controlador", afirma Benchimol.

A consolidação do mercado de corretoras no Brasil, diz ele, é questão de tempo e oportunidade. Embora afirme que não quer ser o "grande consolidador", Benchimol tem bala na agulha para atrair concorrentes. No fim do ano passado, a XP recebeu uma injeção de recursos de R$ 100 milhões do fundo de "private equity" inglês Actis. O patrimônio da XP hoje, segundo Benchimol, é de R$ 140 milhões, o que dá conforto para expandir as operações. "Nosso caixa está OK", diz o executivo.

Além de absorver a Interfloat, a XP adquiriu em setembro o portal de notícias financeiras Infomoney. Antes, havia fechado uma parceria com a dupla de analistas gráficos Leandro & Stormer, cujo site reúne cerca de cinco mil investidores com perfil mais especializado. O próximo passo da corretora, já anunciado pelos sócios, é a abertura de capital na bolsa, prevista para o primeiro semestre do próximo ano.Por Antonio Perez
Fonte:Valor27/10/2011

27 outubro 2011



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