Segundo o presidente mundial da empresa, Greg Page, foco está nos países emergentes, onde busca crescimento de até 17% ao ano
A Cargill, gigante americana de alimentos, está interessada em aumentar a sua produção de etanol de cana de açúcar no Brasil. Satisfeito com a aprovação da joint venture formada pela Cargill e o grupo Usina São João pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o presidente mundial do grupo, Greg Page, disse que a empresa pode ajudar o Brasil a aumentar a produção de álcool combustível e está pronta para novas oportunidades de aquisições no setor.
Com uma usina em operação (a usina S. Francisco) e outra em construção (a Cachoeira Dourada), ambas em Quirinópolis, interior de Goiás, a sociedade entre a americana e o tradicional grupo usineiro brasileiro terá capacidade de processamento de até 7,5 milhões de toneladas de cana de açúcar em 2013. O interesse crescente da companhia por esse tipo de ativos no Brasil vem da versatilidade das plantas para alternar entre a produção de etanol e de açúcar, além da geração de energia de biomassa.
Açúcar. Page não esconde que o interesse principal da companhia neste momento é produzir açúcar, para aproveitar os preços elevados do produto no mercado internacional, mas ele vê grande capacidade de o governo brasileiro voltar a tornar o etanol mais atraente financeiramente no longo prazo, retomando a política de aumento da mistura do combustível à gasolina.
"É muito difícil separar as duas coisas (preços do açúcar e do etanol). Nós estamos muito atrasados na área do etanol, mas os governos têm a capacidade de fazer qualquer indústria atrativa, e isso é muito difícil de prever. Não dá para especular se o combustível será um negócio mais atraente no longo prazo. O mundo hoje está mais favorável para o açúcar, mas governos podem mudar isso se quiserem", afirmou.
"A mistura do etanol na gasolina imposta pelo governo nos Estados Unidos é de 5%. No Brasil, é mais de 20%, o que mostra que o governo brasileiro está bem mais entusiasmado com essa indústria", disse.
Num raro contato com a imprensa, Page recebeu jornalistas estrangeiros no belo casarão do início do século 20 que serve de sede para a empresa em Minneapolis, meio-oeste americano. Sorridente usando uma camisa amarela bem informal, ele aponta o crescimento de 15% nas vendas mundiais da companhia, que somaram US$ 119,5 bilhões no ano fiscal encerrado em maio de 2011, e o lucro de US$ 2,7 bilhões (salto de 26%) em plena crise econômica americana como um indicador do caixa da companhia disponível para aquisições pelo mundo.
Sigilo. Uma das poucas grandes companhias americanas de capital fechado, a Cargill tem operações em 63 países, mas mantém em sigilo a maior parte dos seus números e investimentos.
De acordo com o executivo, o foco da companhia está voltado principalmente para os países emergentes cujas economias crescem mais rápido do que as desenvolvidas, como China, Índia e Brasil. Atualmente a companhia já tem mais da metade dos seus 130 mil empregados em países em desenvolvimento.
"Para alcançar nossos objetivos, a Cargill precisa crescer entre 10% a 11% por ano. Nas economias que crescem mais rápido, tirando América do Norte e Europa ocidental, temos de crescer 50% mais rápido. Eu diria que vamos crescer entre 15% a 17% por ano nesses países", afirmou. "Aquisições têm sido 40% do nosso crescimento global, essa é a nossa história."
Fonte:oestadodesp02/09/2011
03 setembro 2011
Cargill diz estar pronta para aquisições de usinas de etanol no País
sábado, setembro 03, 2011
Alimentos, Compra de empresa, Energia, Plano de Negócio, Tese Investimento, Transações MA
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Ruy Moura
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