03 setembro 2011

Cargill diz estar pronta para aquisições de usinas de etanol no País

Segundo o presidente mundial da empresa, Greg Page, foco está nos países emergentes, onde busca crescimento de até 17% ao ano

A Cargill, gigante americana de alimentos, está interessada em aumentar a sua produção de etanol de cana de açúcar no Brasil. Satisfeito com a aprovação da joint venture formada pela Cargill e o grupo Usina São João pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o presidente mundial do grupo, Greg Page, disse que a empresa pode ajudar o Brasil a aumentar a produção de álcool combustível e está pronta para novas oportunidades de aquisições no setor.

Com uma usina em operação (a usina S. Francisco) e outra em construção (a Cachoeira Dourada), ambas em Quirinópolis, interior de Goiás, a sociedade entre a americana e o tradicional grupo usineiro brasileiro terá capacidade de processamento de até 7,5 milhões de toneladas de cana de açúcar em 2013. O interesse crescente da companhia por esse tipo de ativos no Brasil vem da versatilidade das plantas para alternar entre a produção de etanol e de açúcar, além da geração de energia de biomassa.

Açúcar. Page não esconde que o interesse principal da companhia neste momento é produzir açúcar, para aproveitar os preços elevados do produto no mercado internacional, mas ele vê grande capacidade de o governo brasileiro voltar a tornar o etanol mais atraente financeiramente no longo prazo, retomando a política de aumento da mistura do combustível à gasolina.

"É muito difícil separar as duas coisas (preços do açúcar e do etanol). Nós estamos muito atrasados na área do etanol, mas os governos têm a capacidade de fazer qualquer indústria atrativa, e isso é muito difícil de prever. Não dá para especular se o combustível será um negócio mais atraente no longo prazo. O mundo hoje está mais favorável para o açúcar, mas governos podem mudar isso se quiserem", afirmou.

"A mistura do etanol na gasolina imposta pelo governo nos Estados Unidos é de 5%. No Brasil, é mais de 20%, o que mostra que o governo brasileiro está bem mais entusiasmado com essa indústria", disse.

Num raro contato com a imprensa, Page recebeu jornalistas estrangeiros no belo casarão do início do século 20 que serve de sede para a empresa em Minneapolis, meio-oeste americano. Sorridente usando uma camisa amarela bem informal, ele aponta o crescimento de 15% nas vendas mundiais da companhia, que somaram US$ 119,5 bilhões no ano fiscal encerrado em maio de 2011, e o lucro de US$ 2,7 bilhões (salto de 26%) em plena crise econômica americana como um indicador do caixa da companhia disponível para aquisições pelo mundo.

Sigilo. Uma das poucas grandes companhias americanas de capital fechado, a Cargill tem operações em 63 países, mas mantém em sigilo a maior parte dos seus números e investimentos.

De acordo com o executivo, o foco da companhia está voltado principalmente para os países emergentes cujas economias crescem mais rápido do que as desenvolvidas, como China, Índia e Brasil. Atualmente a companhia já tem mais da metade dos seus 130 mil empregados em países em desenvolvimento.

"Para alcançar nossos objetivos, a Cargill precisa crescer entre 10% a 11% por ano. Nas economias que crescem mais rápido, tirando América do Norte e Europa ocidental, temos de crescer 50% mais rápido. Eu diria que vamos crescer entre 15% a 17% por ano nesses países", afirmou. "Aquisições têm sido 40% do nosso crescimento global, essa é a nossa história."
Fonte:oestadodesp02/09/2011

03 setembro 2011



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