17 fevereiro 2013

Venda da Heinz deve apimentar setor de alimentos dos EUA

Compra de US$ 28 bilhões por brasileiros e Buffett pode gerar uma série de outros negócios nesse segmento
Para conhecedores da estratégia do fundo 3G, investimento na empresa americana será de longo prazo

A compra da Heinz pelo bilionário Warren Buffett e pelos brasileiros do 3G Capital, por US$ 28 bilhões, pode desencadear uma reformulação da indústria de alimentos dos EUA, que hoje sofre com crescimento lento e mudança nos gostos dos consumidores.

 Para analistas, a história de corte de custos do 3G Capital (o fundo comprou o Burger King, em 2010, e seus sócios são acionistas da AB InBev) indica que rivais da Heinz como a General Mills e a Kraft vão ter que perder gordura para competir.

 Na quinta-feira, no anúncio da compra da Heinz, Alex Behring, um dos fundadores do 3G Capital, afirmou que era muito cedo para definir os cortes de custos e quais ativos podem ser vendidos.

 No entanto, executivos das rivais já estão de olho no que pode estar disponível. "Eles podem muito bem se desfazer de algumas coisas, e nós temos uma lista de quais marcas a Heinz possui e em que estamos interessados", disse David Wenner, presidente-executivo da B&G Foods.

 Richard Smucker, presidente da JM Smucker, indicou que a venda da Heinz pode afetar a estratégia de aquisições da sua empresa. "Quando essas transações ocorrem, algumas marcas ficam à disposição do mercado. É positivo para nós."

 ESTRATÉGIA

 Os novos donos da Heinz já disseram que o objetivo é torná-la maior e mais global. Analistas agora estão tentando entender como isso vai ocorrer na prática.

 Uma das ideias é que a fabricante se desfaça de divisões de crescimento lento, como a de comida congelada, e invista em áreas de expansão rápida -alimento de bebês, por exemplo.

 Porém, alguns analistas dizem que o foco da fabricante de ketchup será o crescimento do lucro, e não o aumento do tamanho da empresa.

 "Eu acho que o Buffett vê a Heinz como uma empresa geradora de dinheiro muito atrativa e que estava claramente pouco alavancada", disse um analista. "Ele pode consertar isso."

 Para Andrew Lazar, analista do banco Barclays, a Heinz pode se tornar uma "consolidadora", comprando empresas que possam aumentar sua produtividade e gerar caixa.

LONGO PRAZO

 Enquanto a nova estratégia não é apresentada, aqueles que conhecem o 3G Capital dizem que é improvável que o fundo vá se desfazer da empresa norte-americana no curto prazo, como muitos fundos de compras de companhias costumam fazer.

 Daniel Schwartz, diretor financeiro do Burger King e sócio do 3G, afirma que a Heinz vai ser um negócio separado da cadeia de fast food, mas que terá a mesma cultura.

 "É dar poder para as pessoas nas companhias, tratá-las como donas, permitir que elas participem do crescimento e da criação de valor da empresa e assumir uma atitude de longo prazo."DO “FINANCIAL TIMES”
Fonte: Folha de Sao Paulo 17/02/2013

17 fevereiro 2013



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