20 fevereiro 2013

Fusão entre American Airlines e US Airways marca ciclo pós-crise no mercado aéreo

A tendência para os próximos anos é de novas fusões no setor, segundo especialistas

 A fusão entre as companhias American Airlines e US Airways, anunciada nesta quinta (14), é mais uma resposta de grandes competidores do mercado aéreo ao momento pós-crise. O negócio também reforça a forte tendência para novas fusões no setor nos próximos anos. A constatação é do professor de relações internacionais da Trevisan Escola de Negócios, Olavo Furtado.

 Para Furtado, com demandas específicas surgidas no período de crise, que no mercado aéreo americano se arrastam desde os atentados de setembro de 2001, as empresas vão buscar cada vez mais por acordos que reduzam custos em grande escala. “Não é um fenômeno exclusivo das companhias aéreas, mas é inerente ao próprio capitalismo quando, em meio a uma competição global, deve-se criar cada vez mais volume.”

 O processo de consolidação já aconteceu direta ou indiretamente em outros mercados. Como exemplo, Furtado cita o setor automotivo, que já conta com a atuação de poucas e importantes marcas. Já as concessionárias, ligadas ao mesmo segmento, ainda seguem pulverizadas. “É uma necessidade e podemos esperar cada vez mais notícias nesse sentido. O ponto que precisa de atenção é a concentração, mas para isso estão ai os órgãos de regulação.”

 Para o advogado Eduardo Boccuzzi, sócio da Boccuzzi Advogados Associados, entre os principais cuidados no caso de uma fusão de grande impacto está a concentração de mercado e a preservação de empregos, mas nem sempre essa fórmula é exata. “No caso da American, você tinha uma empresa com muitos empregados, mas em recuperação judicial. Já a US Airways era pequena, mas estava bem financeiramente”.

 A American estava em recuperação judicial desde novembro de 2011. Conforme comunicado oficial, os credores da companhia terão 72% de participação, enquanto o restante fica com a US Airways. Para especialistas americanos, a fusão cria um ciclo de consolidação para o setor que vem acompanhando importantes fusões nos últimos anos, como, por exemplo, a da United Airlines com a Continental Airlines.

 Mercado brasileiro 

 O negócio que cria a maior companhia aérea do mundo, com receita de US$38,7 bilhões, poderá ser vantajoso para a TAM. Isso deve acontecer quando a nova companhia, fruto da fusão, integrar a Oneworld, aliança entre a American e a LAN. Com isso, a TAM poderá operar por meio de sua malha doméstica os voos da American Airlines no país.

 Rogério Sobreira, professor da EBAPE/FGV e especialista em fusões, explica que, no caso do Brasil, os motivos para fusões e aquisições são os mesmos, mas é claro o objetivo de cada companhia. “Temos a TAM, que prioriza uma projeção internacional e o mercado latino-americano. Além disso, há a Go, em processo de reestruturação e com foco no mercado nacional. E a Azul, cujo foco é são as cidades médias”.

 Sobreira avalia que inicialmente, com as fusões, há a diminuição da concorrência. Em todo caso, naturalmente o próprio setor abrie espaço para novos competidores poesteriormente. “De fato, a concorrência diminui nessa primeira fase, ainda mais em setores como o aéreo, no qual a disputa é pequena. Mas também há espaço para empresas com outros modelos encontrarem novos nichos.” 

Fusões de companhias aéreas no Brasil e no mundo: 

 Azul + Trip

Após anunciar em 2012 um processo de fusão, as companhias aéreas Azul e Trip ficaram com participação de 14,2% no mercado doméstico.

 Gol + Webjet

A Gol adquiriu, em 2011, 100% do capital da Webjet, por R$96 milhões. Em 2012, a Webjet deixou de existir e 850 funcionários foram demitidos.

 Tam + Lan

 Anunciada em 2010 e aprovada em 2012, a fusão entre a TAM e a chilena LAN posicionou a nova empresa entre os 10 maiores grupos de aviação do mundo.

 United Airlines + Continental

Em maio de 2010, a United Airlines e a Continental anunciaram acordo de fusão. Avaliado em US$ 3 bilhões, o negócio criou a maior companhia aérea do planeta.

 Ocean Air + Avianca

Desde abril de 2010, a brasileira Ocean Air passou a operar com a marca colombiana Avianca, controlada pelo grupo Synergy Aerospace.

 British Airways + Iberia

 A Comissão Europeia (CE) dei sinal verde, em 2010, à fusão entre a Iberia e a British Airways, criando a terceira maior companhia da Europa.

 Gol + Varig

Em maio de 2007, a Gol Linhas Aéreas comprou a Nova Varig (VRG Linhas Aéreas) por cerca de US$ 320 milhões.

 Air France + KLM

A Air France-KLM foi criada em 2003 em uma fusão das empresas Air France e KLM.
 Por Luiz Gustavo PACETE
Fonte: istoedinheiro 18/02/2013

20 fevereiro 2013



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