10 setembro 2012

Orguel planeja expansão após venda de 25% para fundo Carlyle

Depois de dois anos discutindo as vantagens e desvantagens de se associar a um investidor, a família Guerra Lages, de Minas Gerais, proprietária do grupo Orguel, anunciou na semana passada um acordo de R$ 200 milhões com o Carlyle Group, dos EUA. Pela transação, os americanos ficaram com 25% do grupo mineiro, que é especializado em locação e venda de equipamentos para a construção e cujo faturamento deste ano deve ultrapassar os R$ 400 milhões.

 Na primeira entrevista após o fechamento do acordo e com dinheiro em caixa, o principal executivo da Orguel, Sérgio Guerra Lages, deu detalhes dos planos do grupo para os próximos dois anos. A Carlyle gere ativos pelo mundo da ordem de US$ 156 bilhões.

 "Os recursos [obtidos com a venda parcial] propiciarão um investimento da ordem de R$ 300 milhões na aquisição de equipamentos ao longo de dois anos", disse Lages. A maior parte desses investimentos será destinada à ampliação da frota para a locação. Cerca de 80% dos equipamentos que o grupo aluga é de fabricação nacional, diz o executivo.

 As empresas do grupo Orguel atendem aos setores de construção habitacional, industrial, infraestrutura e petróleo e gás. Todos, segundo o empresário, numa fase de demanda muito aquecida. "Com a geração própria de caixa, a empresa não cresceria proporcionalmente às demandas de mercado. A gente não teria condições de aproveitar todas as oportunidades do mercado", disse Lages. A Carlyle passa a ter dois assentos no conselho de administração do grupo mineiro.

 O grupo Orguel faturou R$ 380 milhões no ano passado e a perspectiva, segundo Lages, é de crescimento entre 10% a 12% este ano. Em 2013 e 2014, porém, já sob o efeito da expansão programada, a perspectiva é que o faturamento aumente entre 35% a 40% - percentuais semelhantes aos registrados em 2008 e 2010.

 Com a entrada da Carlyle, o objetivo do grupo familiar num primeiro momento é, segundo o executivo, ampliar a participação no mercado nacional. A empresa já tem cerca de 80 filiais pelo país. Mas nos próximos dois anos, o plano é expandir sua atuação pela América Latina - começando talvez por Argentina e Chile.

 Do horizonte traçado pelos Guerra Lages consta a abertura de capital entre 2014 e 2015, diz o principal executivo do grupo.

 O negócio entre a Orguel e a Carlyle foi, em certo sentido, uma novidade para ambas. O grupo mineiro começou com uma empresa criada em 1963 pelos irmãos Fábio Guerra Lages (pai do atual executivo no comando) e Francisco de Assis Guerra Lages, transformada numa holding sob a qual estão atualmente dez empresas. O grupo vinha até agora financiando sua expansão com caixa próprio ou empréstimos.

 A Carlyle, criada em 1987, em Washington, tem escritórios em todos os continentes. Entre os ativos dos quais participa há duas empresas do setor de locação de equipamentos para construção: uma é a Hertz, nos EUA (mais conhecida pelo negócio da aluguel de carros); e outra é a Coates-Hire, da Austrália.

 No Brasil, todas as empresas à qual se associou até agora são ligadas ao consumo: CVC (turismo), Qualicorp (saúde complementar), Scalina (meias femininas e lingerie) e Ri-Rappy (rede de lojas de brinquedos). "A Orguel é nosso primeiro investimento na economia vinculada à formação bruta de capital fixo", diz Fernando Pinto, diretor da Carlyle Brasil. "É um negócio muito importante porque está no contexto do aumento da importância do investimento como motor do crescimento da economia brasileira", diz Pinto.

 O cenário, avalia o diretor do fundo, pode ficar ainda mais favorável para a Orguel e para a Carlyle se o governo federal conseguir realmente levar a diante seu plano de concessão das rodovias, se um modelo semelhante for aplicado nas ferrovias e se a Petrobras concretizar os investimentos planejados.Por Marcos de Moura e Souza De Belo Horizonte
Fonte: Valor Econômico 10/09/2012

10 setembro 2012



1 comentários:

Anônimo disse...

Ruy, a reportagem diz que o dinheiro é destinado a investimentos, ou seja, nao foi para os acionistas e sim para o caixa da empresa. Sendo assim nao é correto afirmar que foi pago 200mi por uma empresa com 200mi a mais em caixa e que portanto a empresa pre aquisição (injeção de 200mi) foi avaliada em 600mi = 1,5 x faturamento?

Abraço!