27 setembro 2012

Ferring faz parceria para pesquisas e quer ativos no Brasil

Há dois anos, a farmacêutica de origem sueca Ferring, com sede na Suíça, decidiu que iria investir no Brasil. A estratégia, à época, era adquirir um laboratório de pequeno porte e também medicamentos que fizessem sentido ao portfólio da companhia, que desenvolve e comercializa produtos inovadores nas áreas de saúde reprodutiva, urologia, gastroenterologia e endocrinologia.

 Passado esse período, a multinacional não conseguiu concretizar esses planos, mas não desistiu do Brasil. "Nada mudou em relação aos planos de dois anos atrás. A estratégia é a mesma, mas o `approach` será um pouco diferente", afirmou ao Valor Michel Pettigrew, CEO global da Ferring.

 Nos últimos meses, a companhia buscou entender como funciona o mercado farmacêutico brasileiro. "Percebemos que está muito caro fazer uma aquisição no Brasil", disse Pettigrew.

 De fato, com as recentes aquisições nesse setor no Brasil, os preços dos ativos ficaram muito valorizados - os negócios atuais giram em torno de 20 vezes o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ou mais, enquanto a média global fica entre oito e dez vezes o Ebitda. Outra estratégia dos laboratórios é a compra de medicamentos desenvolvidos por outras companhias. "A aquisição de produtos também está cara", afirmou o CEO da Ferring. O preço médio de um medicamento estabelecido no mercado gira em torno de três vezes a receita anual de um produto, podendo até dobrar, dependendo do remédio. Já os genéricos custam menos.

 Segundo o executivo, a Ferring já identificou algumas companhias. "Há conversações, mas nenhuma negociação em andamento ainda", afirmou. A múlti dá preferência por grupos pequenos e de origem familiar, que estejam em sintonia com a cultura da Ferring. "Em paralelo a isso nos aproximamos de universidades e organizações científicas para identificar trabalhos feitos no Brasil."

 A companhia assinou este mês um acordo de colaboração com a Unesp (Universidade Estadual Paulista) por três anos para financiar o trabalho de desenvolvimento na área de gastroenterologia para otimizar a absorção de medicamento no organismo. Esse acordo é considerado importante porque consolida um dos primeiros passos da farmacêutica no país. O medicamento Pentasa, desenvolvido pela companhia e um dos produtos mais importantes do grupo, é indicado como anti-inflamatório para reduzir as reações que acometem as mucosas do cólon e do reto em fases agudas e indicado também para tratamento de Crohn (doença crônica inflamatória intestinal).

 Com receita global de US$ 1,2 bilhão, a empresa é a segunda maior do mundo em tratamento de infertilidade e cresceu nos últimos anos, por meio de aquisições. Uma das mais importantes, feita em 2005, foi a compra de um laboratório de biotecnologia em Israel. "Há dez anos, nossa receita era de US$ 400 milhões", afirmou Pettigrew. No Brasil, a companhia importa os medicamentos que comercializa. A receita atual gira em torno de R$ 80 milhões, mas a meta é, no mínimo, dobrar nos próximos cinco anos.

 Nesse período, a empresa espera ter encontrado um ativo para se tornar sua base de produção global. "Não queremos ter produtos para atender somente mercados locais", afirmou. Uma boa parte dos medicamentos da Ferring é de similares. "Mas temos um diferencial, que é a qualidade. Embora o produto seja de domínio público, como a molécula é complexa, não é qualquer um que consegue reproduzir."

 Pettigrew afirmou que o grupo mantém investimentos em pesquisas clínicas de produtos sem patente. O Pentasa é um dos exemplos. "As apresentações mudaram para atender melhor o paciente." Jornalista: Mônica Scaramuzzo Valor Econômico
Fonte:abradilan 27/09/2012

27 setembro 2012



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