26 janeiro 2012

Swiss Re muda no país para ter acesso ao mercado

A Swiss Re, segunda maior resseguradora do mundo, espera que até abril a Superintendência de Seguros Privados (Susep) oficialize a elevação de seu status no mercado brasileiro, que vai permitir o acesso a uma fatia protegida por reserva de mercado. A mudança foi a saída encontrada pela resseguradora para não perder negócios no país, ameaçados pela mudança nas regras para resseguro, em dezembro de 2010.

"As regras no Brasil mudaram no meio do jogo e nos levaram a mudar nosso modelo no país"", disse o novo presidente mundial da companhia, Michel Lies - que já trabalhou no Brasil. "Isso significa que vamos ter mais capital depositado no país." Em agosto de 2011, a Swiss Re anunciou que traria US$ 74 milhões de capital para operar em todas as linhas de resseguros, bem acima do capital mínimo exigido, de R$ 60 milhões. Com a autorização da Susep, ela passará a integrar o grupo das resseguradoras chamadas locais, que têm reserva de mercado para 40% de todo o risco ressegurado no país.

Após o monopólio de 69 anos do IRB Re, hoje já são nove resseguradoras locais operando no Brasil e três aguardam na fila de aprovação da Susep. Além de Swiss Re, Terra Brasis e Alterra esperam para operarem como locais.

"O capital alocado vai nos ajudar a otimizar nossas operações", diz Rolf Steiner, vice-presidente do escritório de representação da Swiss Re no Brasil, que opera hoje no país com duas resseguradoras na categoria admitidas. "Há muito espaço para crescimento, em especial nos seguros para agricultura."

Existem três tipos de resseguradoras no país: local, admitida e eventual. A primeira tem que aportar capital e montar estrutura no país e, em contraparte, tem uma fatia do mercado garantida. As admitidas têm sede no exterior, mas precisam trazer US$ 5 milhões em capital e ter escritório de representação no país. As eventuais são estrangeiras que precisam apenas de cadastro na Susep.

As regras editadas no apagar de luzes de 2010 que levaram a Swiss Re e outras companhias a ampliarem sua presença no país ainda provocam insatisfação no mercado de resseguros mundial. Uma coalizão formada por associações de resseguro das Américas, Europa e Bermudas divulgou no começo do ano comunicado acusando o Brasil de protecionismo e chamando a nova regulação de perigosa.

Para eles, a reserva de mercado para os resseguradores locais e a limitação de 20% no repasse de risco entre uma resseguradora e sua controladora estrangeira podem sobrecarregar o mercado de seguros brasileiros, caso ocorra algum tipo de catástrofe. A coalizão calcula que, do total de US$ 105 bilhões em indenizações por catástrofes naturais em 2011, 45% foram pagos por resseguradoras internacionais, não sediadas no país em que os desastres ocorreram.

As associações internacionais chamam a atenção para o aumento das perdas com inundações e enchentes, além de perdas de safras e acidentes do setor petroleiro, como eventos que podem demandar grandes indenizações de seguros no Brasil, e que podem ser prejudicados pela falta de pulverização global do risco.

A própria Swiss Re estima, em relatório recente, que as perdas econômicas com inundações no Brasil passem de US$ 1,4 bilhão por ano em 2010 para US$ 4 bilhões em 2030, com mais da metade desse valor na região Sudeste. Para Steiner, há oportunidades para o desenvolvimento de produtos, em uma possível parceria entre seguradoras e governo, para o desenvolvimento de coberturas para as perdas causadas por esses eventos catastróficos. Por Assis Moreira e Felipe Marques
Fonte:ValorEconômico26/01/2012

26 janeiro 2012



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