24 janeiro 2012

Capitalizados, fundos de private equity saem à caça de investimentos no País

Os fundos de private equity, que compram participação em empresas, nunca estiveram com tanto dinheiro para investir. A expectativa é que os investimentos no Brasil fiquem em US$ 6 bilhões este ano, de acordo com previsões mostradas em encontro de gestores e especialistas que contou com presença exclusiva da 'Agência Estado'.

No final do ano, o total de capital comprometido desses fundos, que inclui o dinheiro investido e captado, deve se aproximar dos US$ 60 bilhões.

Gestoras como Gávea, comandada pelo ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, a americana Advent e o BTG Pactual já captaram recursos e estão prontas para investir. No ano passado, foram levantados US$ 9,5 bilhões. As projeções preliminares apontam uma cifra similar de captação para 2012. Porém, nem tudo o que é captado é investido no mesmo ano de captação.

Para o professor do Centro de Estudos em Private Equity (Cepe) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cláudio Furtado, esse cenário vai depender de o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescer entre 3% e 4% este ano e de o nível de contágio da crise europeia ficar nos níveis atuais. 'Uma piora da crise lá fora, com impacto mais relevante aqui, pode afugentar investimentos e dificultar a captação de recursos pelos fundos.'

Com a crise externa, muitas gestoras estrangeiras desembarcaram no Brasil em busca de oportunidades. Outras, mesmo sediadas na Europa e nos EUA, estão fazendo investimentos em empresas locais a partir de fundos globais. Com isso, a disputa de gestoras para comprar boas empresas aumentou, avalia o gestor do BTG Pactual, Carlos Fonseca. O resultado é que muitas empresas estão sendo vendidas a preços altos, com cinco ou seis fundos disputando o negócio.

O BTG planeja lançar um fundo este ano de R$ 3 bilhões só para investir em infraestrutura. 'A competição está bastante grande e os negócios estão um pouco caros', diz Fonseca.

Diversificação.
Com o aumento da competição, muitas gestoras estão procurando investimentos fora do eixo Rio/São Paulo. A inglesa 3i, que abriu escritório na capital paulista em abril de 2011, já avaliou, em pouco mais de seis meses, 240 empresas de médio porte para investir, segundo Marcelo Di Lorenzo, executivo responsável pela gestora no Brasil.

Essas companhias estão nos mais diversos lugares. No final do ano, a gestora anunciou seu primeiro investimento no País. Foram aplicados R$ 100 milhões em uma empresa de TV a cabo e banda larga que presta serviços em cidades do interior, a Blue Interactive Group.

Em meio ao aumento da competição, a tendência é que fundos se juntem para fazer investimentos na mesma empresa, avalia o gestor da Kinea (empresa que pertence ao Itaú), Cristiano Gioia Lauretti. Um exemplo recente foi o aporte conjunto da Kinea, da Gávea e da Vinci Partners na locadora de automóveis Unidas, no valor de R$ 300 milhões. As gestoras ficaram com 47% da empresa. Para Lauretti, 2012 tende a ser um ano de menor captação e mais investimentos, já que boa parte dos fundos estão bem capitalizados.

Depois de três anos sem anunciar novos negócios, a gestora Victoria Capital Partners, focada nos países da América do Sul, começou 2012 já fechando um novo investimento, com um aporte em uma empresa que deve ser anunciado em breve. '2012 será um ano de botar o dinheiro para trabalhar', afirma o gestor Mario Spinola e Castro. A Victoria administra US$ 700 milhões e vai captar este ano recursos para um novo fundo, de US$ 850 milhões.

'A maior dificuldade é conseguir bons ativos', avalia o gestor da NSG Capital, Luiz Eduardo Franco de Abreu. Gestores ouvidos pela Agência Estado destacam vários problemas encontrados nos processos de investigação das empresas (a due diligence). Algumas companhias têm problemas de informalidade, balanços irreais e controle familiar com pessoas avessas a mudanças.

Um gestor destaca que encontrou uma empresa no interior de São Paulo muito interessante. O problema, segundo ele, era que 90% das contas eram informais. Por ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, ALINE BRONZATI,
Fonte:estadao24/1/2012

24 janeiro 2012



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