08 abril 2016

Crise é a pior em 100 anos, afirma presidente do Itaú

O Brasil atravessa uma recessão profunda e sem precedentes, que preocupa os bancos e empresas do país. O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, demonstrou inquietação com a piora no cenário econômico. Pelas estimativas da instituição financeira, o Produto Interno Brasileiro (PIB) encolherá 4% neste ano, depois de ter se reduzido 3,8% em 2015.

“O Brasil passa por um dos momentos mais desafiadores da história. Se o PIB recuar 4% neste ano, será a crise mais profunda do século”, afirmou Setubal. Na avaliação do banqueiro, nesse cenário desafiador, com “elevada incerteza” na economia e na política, há alguns poucos sinais “encorajadores”: a inflação parece finalmente ceder e as contas externas caminham para um “bom nível”.

“Desafios se apresentam assim como nossa disposição em superá-los. Somos parte da solução, apoiando clientes neste momento de dificuldade”, destacou Setubal na abertura do seminário Macro Vision, ontem em São Paulo.

Na sequência, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que o momento atual é crítico e admitiu que o maior desafio para o equilíbrio fiscal é conseguir consenso em torno das políticas estruturais de longo prazo. Ele citou como exemplo a reforma da Previdência, que vem sendo constantemente adiada pelo próprio governo, e a criação de um limite para o gasto público, que está dentro do Projeto de Lei Complementar (PLN) número 257, que trata da renegociação da dívida dos estados.

Novo governo

Diante da expectativa de pouco avanço das medidas que realmente importam para o ajuste fiscal de longo prazo pelo atual governo, o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco avisou que um novo governo teria mais chances nesse sentido. “O Brasil está mais maduro. Entende melhor o problema fiscal. E sabe que as coisas iam bem até que foram estragadas por velhas medidas populistas. Esses ventos favoráveis precisam ser aproveitados por um novo presidente”, disse. No entanto, ele lembrou que é possível que o PT, ao virar oposição, seja “o principal adversário para os avanços de propostas que ele mesmo tentou realizar”.

O economista Affonso Pastore, também ex-presidente do BC, ressaltou que a crise econômica atual exige ajuste estrutural das despesas, principalmente a reforma na Previdência, elevando a idade mínima da aposentadoria. Fazendo piada, Pastore destacou que a “Nova Matriz Econômica” do primeiro mandato de Dilma, idealizada com a ajuda de Barbosa, mostrou “o poder de destruição dos economistas”.

Impeachment

O ministro da Fazenda não vestiu a carapuça de responsável pela crise. Aproveitou o evento com empresários e economistas para criticar o processo de impeachment e reafirmou que não existe base legal para o afastamento da presidente. O ministro discordou do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que foi favorável à saída de Dilma.

“Eu respeito e discordo do relatório do deputado Jovair. A comissão agora vai analisar isso e a defesa do governo. O Congresso depois vai avaliar o resultado da Comissão e, mais importante, a história brasileira vai analisar todo esse processo no futuro”, afirmou Barbosa a jornalistas após participar da abertura do evento. Na avaliação dele, não houve crime de responsabilidade por parte da presidente da República. Correio Braziliense Leia mais em abinee 08/04/2016

08 abril 2016



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