A financeira Omni, especializada no crédito para a compra de veículos usados, vai virar banco. A instituição fechou a compra do Banco Pecúnia, que era controlado pelo francês Société Générale. O valor do negócio não foi revelado, mas a Omni já havia adquirido no ano passado a carteira de crédito do Pecúnia, considerada o ativo mais valioso do banco.
Depois de mais de duas décadas atuando como financeira, Tadeu Silva, sócio e vice-presidente da Omni, diz que a intenção não é abrir agências na rua como os bancos de varejo tradicionais, mas atuar na bancarização dos clientes que recorrem à financeira em busca de crédito. Ele afirma que a estrutura também permitirá a redução nos custos de captação e ganhos de eficiência.
A decisão de montar o banco vem em um momento difícil para o crédito. A Omni registrou lucro líquido de R$ 11 milhões no ano passado, uma queda de 69% em relação a 2014. Para 2016, a meta é manter o resultado estável, diz Silva. O índice de inadimplência da instituição, historicamente superior à média do sistema, subiu de 9,29% para 11,02%.
A compra do banco faz parte da estratégia da financeira de ampliar as fontes de receita. Com a queda na demanda por financiamentos, a Omni decidiu investir, por exemplo, na aquisição de carteiras de crédito de outras instituições. No total, foram quase R$ 4,8 bilhões, a maior parte da Caixa Econômica Federal. Com as compras, o saldo da carteira de crédito da instituição dobrou e encerrou 2015 em R$ 3,165 bilhões. Em outra frente, a financeira comprou a Trigg, empresa de crédito pessoal on-line.
A Omni pretende manter a carteira de financiamento de veículos dentro da financeira num primeiro momento, mas usará o banco para reduzir custos e aumentar a eficiência dessas operações, segundo Silva. Ele deu como exemplo o aumento da "janela" diária para liquidar as operações de financiamento e cobrança. "Como hoje usamos a rede de outros bancos, precisamos mandar esses dados com uma antecedência de duas horas, o que nos dá uma perda de 40 horas por mês", afirma.
A estrutura do banco permitirá à financeira aumentar as concessões de crédito por meio de varejistas. A Omni quer crescer nesse segmento oferecendo empréstimos com garantia do lojista. Para ofertar esse produto hoje, a financeira precisa contratar o serviço de outro banco para a compensação diária das posições. Com atuação em 10 mil estabelecimentos, a instituição espera aumentar a participação nesse segmento de 5% para 7,5%, segundo Silva.
A compra do Pecúnia permitirá ainda a redução do custo de captação, afirma o sócio da Omni. Os instrumentos à disposição da financeira hoje são mais caros do que os tradicionais certificados de depósito bancário (CDB) que a Omni poderá emitir depois de obter a autorização para operar o banco, de acordo com o executivo. Questionado, Silva não precisa a intensidade dessa melhora.
O banco será o canal para a Omni desenvolver uma nova operação: o financiamento a microempreendedores, com foco na região Nordeste.
A aquisição do Pecúnia ainda está sujeita à aprovação pelo BC e pelo Cade. A expectativa da Omni é ter o aval dos reguladores e dar início à operação em janeiro de 2017. Fonte: Valor Econômico Leia mais em omni 22/03/2016
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