20 abril 2016

Novas seguradoras nascem digitais

De olho no público jovem que vive integrado às tecnologias, seguradoras no país vêm fazendo movimento para transformar um mercado conhecido como tradicional, lento e pouco digital.

Cada negócio com sua peculiaridade, mas um ponto em comum: a plataforma de internet como canal de distribuição e as vendas via celular em destaque. Ao menos duas novas companhias chegam para oferecer apólices próprias exclusivamente on-line. Ambas nascem com estrutura enxuta e dispostas a atuar com preços menores.

A Thinkseg promete facilidade ao público "antenado" e até meados do ano quer ofertar apólices nos ramos de automóveis, viagem, saúde, dispositivos eletrônicos e residência. A companhia também foca o setor empresarial usando canais, como tablet, desktop e dispositivos compatíveis com a telefonia móvel.

André Gregori, ex-presidente da BTG Seguridade e idealizador do negócio, afirma que usará as redes sociais como uma forma de captar o perfil dos clientes. Com isso, diz, será possível fazer produtos sob medida e ainda mensurar os riscos. Segundo ele, a empresa terá coberturas flexíveis de seguros, principalmente para veículos. "Pode fazer um seguro apenas para uma família com dez carros ou ainda pagar só se usar, enquanto o estiver em movimento, por exemplo." Como costumava ser no início do Orkut - rede social mais usada no país antes do estouro do Facebook -, a ideia é que os clientes venham por meio do convite dos corretores associados. "Thinkseg se baseia no relacionamento com o pequeno e médio corretor e são eles que vão formar a nova clientela", diz, ressaltando que, haverá um site aberto, mas, para fechar a venda, a plataforma vai direcionar a pessoa a um corretor.

Por trás dessa ferramenta de venda haverá uma seguradora, que aguarda a aprovação do órgão regulador brasileiro para atuar. Um fundo americano, formado com recursos de investidores dos Estados Unidos, Europa e Ásia destinará R$ 500 milhões em cinco anos para a companhia de seguros e a plataforma. A seguradora nasce com capital de R$ 100 milhões, enquanto a Thinkseg recebeu aporte de R$ 50 milhões.

A Youse é outra seguradora que nasce sob o conceito de vendas totalmente digital. Terá capital de R$ 500 milhões da Caixa Seguradora - da francesa CNP Assurances (50,75%) e Caixa (48%) -, mas atuará de forma totalmente independente, garante o presidente Eldes Mattiuzzo. No primeiro momento, quando estão sendo feitos testes de venda pelo site, as apólices para automóveis, residência e vida ainda saem via Caixa Seguradora. Mas, a partir de julho, todos os produtos serão Youse.

"Estamos voltados ao público que gosta de internet, que já faz tudo on-line", diz o executivo. Segundo Mattiuzzo, o sistema dá conforto e poder ao cliente porque ele escolhe como quer o seguro, e, não, o corretor. Considerando os três ramos oferecidos no início de atividades é possível chegar a 1 milhão de combinações de apólices.

O presidente da Youse tem perspectivas ousadas para o negócio: quer ocupar ao menos 30% do mercado de distribuição de seguros on-line nos próximos dez anos. Em cifras atuais, algo em torno de R$ 10 bilhões de faturamento ao ano, levando-se em conta a participação da venda direta em mercados onde a categoria é madura.

E não são apenas estreantes ingressando no ambiente on-line. A nova Chubb, companhia resultante da compra da Chubb pela Ace, também investe no desenvolvimento de plataforma para a venda de seguros.

"Mundialmente, estamos investindo fortemente em tecnologia com o objetivo de formar ampla base de dados para os canais não convencionais de negócios", disse o presidente para a América Latina, Jorge Luis Cazar, sem, entretanto, falar de números.

Segundo ele, haverá uma ferramenta global que funcionará no Brasil e em alguns mercados importantes do mundo que vai relacionar e integrar os negócios.

Muito forte na oferta de cobertura para os ramos de propriedades, responsabilidade civil, transportes de cargas, linhas financeiras e óleo e gás, a Chubb vai ampliar sua atuação em outras linhas, como o seguro viagem via on-line.

No entanto, a concretização da alta expectativa dos entrantes não está garantida. Marcelo Blay, há seis anos no mercado presidindo a corretora multicanal Minuto Seguros, afirma que sua experiência mostra que o cliente inicia a compra no ambiente on-line, mas, invariavelmente, busca o atendimento humano, por telefone.

"Em 100% dos casos nesse período não tivemos um processo 100% on-line, onde não houve interação humana. E isso a gente vê também nos mercados maduros", disse, lembrando que oferece interação com o cliente via chat, Whatsapp, telefone e redes sociais. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 20/04/2016

20 abril 2016



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