12 abril 2016

Estrangeiro olha para o Brasil com vontade de entrar, avalia Santander

O investidor estrangeiro tem monitorado o Brasil com objetivo de entrar no mercado, movido pela leitura de que há uma melhora institucional no país e também pelo ambiente internacional, mais favorável a ativos emergentes. Essa é a visão do diretor de tesouraria para as Américas do Santander, Roberto Campos.

Ele diz que, embora as questões políticas gerem uma série de dúvidas e sejam preocupantes, há uma percepção de que o Brasil passa por um avanço institucional, o que torna o investidor estrangeiro mais otimista com o país. "Há muitas incertezas e, enquanto elas estiverem aí, acredito que a dinâmica internacional é que vai prevalecer. E no contexto atual, os emergentes tendem a ter uma performance melhor".

Campos observa que os países centrais vêm mostrando uma expansão da atividade econômica mais anêmica do que se esperava, especialmente no caso do Japão e da Europa. Os Bancos Centrais têm agido para criar condições de recuperação e os mercados tendem a antecipar-se ao efeito dessas atuações. Foi o que explicou o forte entusiasmo dos investidores em março, quando as bolsas europeias e americanas tiveram forte alta.

Mas, agora, a dúvida que tem se refletido nos negócios é se os BCs "têm bala" para garantir essa recuperação. "É uma análise muito difícil de fazer, porque sem as atuações que já foram feitas, talvez a situação estivesse pior", observa Campos. "No fim das contas, o que temos visto são ciclos: os BCs atuam, geram euforia nos mercados e depois os mercados passam por correção", afirma. "Mas esses ciclos vão diminuindo, porque parece ficar claro que o crescimento vai acontecer de forma muito mais baixa. Se, há anos, soubéssemos das ações dos BCs, apostaríamos em um crescimento maior do que de fato ocorreu."

Esse ambiente sugere que, no médio prazo, as taxas de juros no mundo não subirão muito. E, embora haja sinais de crescimento nos Estados Unidos, "há outros motores mundiais com velocidade mais baixa, e o Fed olha para isso." "Não dá para esperar que os Estados Unidos cresçam 3% ao ano, mas se crescerem entre 1,5% e 2%, está bom", afirma. Campos acredita que esse cenário é compatível com uma ou duas altas de juros pelo Fed este ano. E a reação dos mercados a esse movimento dependerá de qual for o "guia" desse movimento.

"Se o mercado acreditar que o juro subiu por causa da alta da inflação, isso pode ser mais traumático", diz. Ele explica que tem havido uma elevação na inflação implícita dos títulos americanos. Se houver alguma indicação de que esse avanço dos índices justificou a ação do Fed, a interpretação dos agentes pode ser de que o Fed agiu tardiamente. "Mas o mais provável é que seja uma alta mais lenta e organizada. Se for assim, pode até haver alguma correção de preços globais, mas sem grande nervosismo." - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 12/04/2016 

12 abril 2016



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