Pode-se dizer que a carreira de Marcos Grasso, 49 anos, é marcada por transições: passou por empresas que foram compradas por outras e vivenciou três passagens de uma cultura organizacional para outra.
Há ano e meio comanda a gigante Kraft Foods no Brasil, após a multinacional americana comprar a inglesa Cadway, onde ele estava. Agora, a Kraft, segunda maior empresa de alimentos do mundo, prepara sua divisão entre uma unidade americana de alimentos para o varejo e outra de operação global com lanches.
Como foi sua trajetória?
Sou formado em administração de empresas pela Getúlio Vargas, em São Paulo. Logo que saí da faculdade, trabalhei na Heublein, que hoje é conhecida como Diageo, na área de marketing, já focado na área de gestão de produtos. Depois, em 1986, fui para a Warner Lambert como gerente de produtos e passei um ano nos Estados Unidos. Voltei ao Brasil para ser gerente de marketing. Em 1993, a empresa me ofereceu a oportunidade de ir para a Indonésia. Fui ser diretor de marketing no país. Mais tarde me tornei diretor regional de marketing da Ásia, cuidando das linhas de consumo. Em seguida, fui para Portugal, onde fui gerente geral da companhia.
Após dois anos, ela foi vendida para a Pfizer, no ano 2000. Passados outros dois anos, a Pfizer resolveu vender negócios e negociou a divisão Adams, da qual eu fazia parte.
Foi comercializada para a inglesa Cadway. Foi minha segunda transição de aquisição. Comecei a trabalhar para a Cadway e voltei ao Brasil em 2003, como presidente da América do Sul.
Até que, em fevereiro no ano 2010, a Cadway foi comprada pela Kraft Foods e aí me ofereceram a oportunidade de liderar a empresa no Brasil e fazer a integração das duas companhias.
Como se lida com as diferenças culturais resultantes das aquisições de uma empresa?
Há diversas práticas de aquisições.
Há aquelas em que uma companhia compradora simplesmente faz com que a adquirida se adapte a sua maneira de ser. A Kraft tem larga experiência em aquisições - comprou, por exemplo, a Lacta e a Nabisco - e tem a habilidade de incorporar as melhores práticas de cada uma dessas empresas.
São práticas, processos, sistemas, pessoas e líderes. O fato de ter me oferecido a liderança da organização no Brasil foi uma clara demonstração de que a companhia está disposta continuadamente a adotar as melhores práticas adquiridas.
Isso faz com que a companhia seja sempre avançada e dinâmica. Mas não é fácil ser adquirido, requer paciência, flexibilidade, adaptação e visão de longo prazo.
Que características o levaram a ascender na carreira?
Acho que são a vontade de aprender e um sentimento genuíno quanto a minha capacidade de influenciar mudanças.
Outro aspecto é a flexibilidade e adaptabilidade.
Passar por todas essas aquisições foi uma prova de se adaptar ao novo. Isso não foi só por meio das mudanças de empregos, mas também por causa das mudanças de países, que também representaram um crescimento. Acho que é isso.
São qualidades necessárias para quem pretende seguir na carreira?
Acho que cada um escolhe bem a carreira que quer ter. Outro aspecto que eu lembrei em relação à pergunta anterior é que eu nunca tive a carreira como destino. Ela sempre foi uma consequência do trabalho, dessa vontade de fazer um bom trabalho, sempre fiz aquilo que eu gostei.
E isso foi central no meu desempenho. E hoje eu vejo da mesma maneira, acho que um título, um cargo, não deve ser um ponto central. Acho que as pessoas devem buscar a sua satisfação pessoal, seu prazer.
Identificar sua paixão e encontrar as empresas que ofereçam a oportunidade para que esse seu interesse possa ser expresso, encontre as empresas que tenham os propósitos e os valores que melhor respondem ao estímulo e forma de cada um.
Ser CEO, então, dá prazer?
Dá prazer porque eu faço aquilo que eu gosto. Eu levo de uma maneira leve. O trabalho me realiza, porque tenho liberdade de atuação, de formar times num ambiente organizacional pautado pela competência, pela colaboração e pela confiança e, assim, também influenciar o destino da Kraft no mundo.
O programa de trainees da Kraft é uma aposta no jovem?
Estamos crescendo rapidamente. E para acompanhar esse ritmo de crescimento, precisamos cada dia mais fortalecer a nossa organização. Trazer jovens profissionais nos ajuda a inovar, a nos renovar como organização. O resultado tem sido fantástico: mais de 30 mil currículos. Acho que isso demonstra a identidade que esses candidatos estão tendo com o nosso propósito de fazer produtos deliciosos e com os nossos valores.Por Cláudio Marques
Fonte:estadao09/10/2011
09 outubro 2011
Ser CEO dá prazer, porque faço o que eu gosto
domingo, outubro 09, 2011
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Ruy Moura
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