13 setembro 2011

Aquisição abre mercados para Nokia Siemens

A compra da divisão de tecnologia de redes de telefonia móvel da Motorola redesenhou a estratégia da Nokia Siemens. A empresa que nasceu da fusão da finlandesa Nokia e da alemã Siemens, em 2007, tem hoje maiores chances nos mercados do Japão, Coreia do Sul e dos Estados Unidos, pois as possibilidades de penetração ampliaram-se após a compra, em abril, por cerca de US$ 1 bilhão da parte de infraestrutura celular da americana Motorola.

"O Japão e a Coreia do Sul estão entre os países que prevemos maior crescimento este ano para a Nokia Siemens", afirmou Rajeev Suri, principal executivo da companhia.
Com 60 mil empregados em 150 países, a sede do grupo continua na Finlândia. Pelo acordo, a Nokia Siemens não absorve a marca Motorola, mas Suri disse ontem ao Valor que para a empresa existem hoje sete blocos de países em desenvolvimento (Bric, na sigla em inglês) no que se refere às oportunidades de negócios em infraestrutura de telefonia celular. Além dos quatro que formam o acrônimo - Brasil, Rússia, Índia e China -, entram em cena os EUA, Coreia do Sul e Japão.

"Temos cerca de 600 milhões de usuários do mundo com a verdadeira banda larga móvel (de alta velocidade) e isso significa que iremos crescer para bilhões", disse Suri, lembrando que o tráfego de dados ainda tem muito a ser explorado. "O mercado vai continuar robusto." Com receita de € 3,642 bilhões no segundo trimestre, o crescimento da Nokia Siemens foi de 20% de abril a junho na comparação com igual período do ano anterior, e de 170% em relação ao primeiro trimestre do ano.

O Brasil é alvo de um plano estratégico específico. "Os brasileiros continuam aumentando o poder de compra. O cenário continua muito favorável", disse Eduardo Araújo, há quatro meses na Nokia Siemens. Sediado nos Estados Unidos, onde mora há 12 anos, o brasileiro é o principal executivo para o mercado latino-americano.

Suri entrou para a Nokia em 1995. Comandou a empresa em diversos países antes da fusão com a Siemens. Esteve na Ásia e África, e ocupava o comando da divisão de serviços na Finlândia quando foi convidado para assumir como executivo-chefe. Engenheiro eletrônico, formado e criado na Índia, está 22 anos no mercado de tecnologia da informação.

Segundo Suri, os dados estimados pela Nokia Siemens para o mercado até 2016 demonstram que a demanda por banda larga, por meio das redes celulares, tende a crescer de forma acelerada em todo o mundo. A tendência é cada vez mais o uso do móvel para diferentes serviços. Disse que pesquisa da companhia mostrou que a maior preocupação do cliente é com qualidade de rede.

"O serviço de voz é o quarto entre as prioridades dos usuários. Está na frente das necessidades dos clientes, qualidade, rapidez no acesso aos serviços e cobertura", afirmou. O executivo não vê efeito de crise econômica prejudicando o setor, mesmo nos EUA, embora o ritmo de investimentos pesados do passado não deva se manter. Em 2010, a venda de infraestrutura cresceu 20% nos EUA e India.

Para Araújo, a tendência das teles brasileiras é investir mais em infraestrutura, pois cresce a demanda por dados. Além disso, vão acontecer no país grandes eventos, como a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. Muitas operadoras já estão testando redes de nova geração (padrão LTE). É esperado um crescimento de 30% nos contratos de redes entre 2011 e 2012.

Com as novas gerações de redes celulares, o software a ser utilizado vai permitir maior capacidade sem ser necessário aumentar o número de antenas, um problema para as operadoras, especialmente nas grandes cidades.

Suri foi anfitrião ontem de encontro com 300 funcionários no Brasil. O vento, batizado por ele de "All hands meeting", é realizado em todas as subsidiárias visitadas pelo executivo, para apresentação das estratégias da empresa. À tarde, Suri esteve com clientes e hoje apresenta palestra na Futurecom.
Fonte:valoreconômico13/09/2011

13 setembro 2011



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