Nos últimos anos, empresas nacionais convenceram investidores a endossar a compra de rivais, defendendo que o crescimento via aquisições poderia gerar economias de custos e lucros robustos. Várias delas, entretanto, ainda não entregaram o prometido. E estão sendo severamente punidas pelo mercado.
É o caso de nomes como B2W, Marfrig, Gol, Santander Brasil, JBS, Hypermarcas, Fibria e Gafisa, que têm em comum o fato de suas ações estarem entre os piores desempenhos setoriais e do Ibovespa este ano.
Para especialistas, isso é reflexo do momento de maior aversão a risco na bolsa, que alveja principalmente as companhias com maior endividamento. É o caso de várias delas, que tomaram empréstimos justamente para financiar as compras.
"É esperado que essas empresas com maior alavancagem sejam as mais afetadas", disse o professor do Ibmec Eduardo Coutinho.
De fato, essa parece ser uma análise que se aplica adequadamente a companhias como Gol e Marfrig, as duas piores do Ibovespa, com quase 50 por cento de queda só em 2011, cujo endividamento bruto total no final de junho equivalia a mais de 7 vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda de um ano inteiro.
A título de comparação, o índice da Petrobras é 2, enquanto o da Vale é 0,67, segundo dados da Economatica.
Mas, ainda que tenha grande peso, a dívida sozinha nem sempre explica tudo. Itens como atraso no processo de integração --adiando ganhos de sinergias prometidas--, margens de lucro mais apertadas e aumento da competição têm transformado em pesadelo o horizonte outrora entusiasta.
O caso da empresa de comércio eletrônico B2W ilustra essa realidade. A combinação entre problemas de logística, integração de plataformas, insatisfação de clientes e aumento da competição tem feito a companhia amargar prejuízos e perda de market share, cenário bem diferente daquele previsto pela empresa em 2006, quando foi formada a partir da fusão de Submarino, Americanas.com e Shoptime.
"Adotamos medidas que limitaram o crescimento da companhia, mas solucionaram com agilidade os problemas", afirmou o diretor de Relações com Investidores da B2W, François Bloquiau, após a companhia decepcionar novamente o mercado no segundo trimestre deste ano, prejudicada por maiores custos decorrentes de atrasos em entregas de produtos.
PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS
Para especialistas, o cenário tende a piorar quando o mercado percebe que a companhia não vai conseguir atingir as metas que prometeu.
Vale citar o caso do Santander Brasil, que aterrisou na Bovespa em 2009 com um mega IPO (oferta pública inicial de ações) de 14 bilhões de reais, prometendo ser o banco mais eficiente do país. Dois anos depois, a instituição tem acumulado crescimento e rentabilidade menores em relação a seus pares.
"O banco tem performado abaixo de seus concorrentes, isso é um dado", disse recentemente o presidente-executivo, Marcial Portela. "Mas, se o investidor for paciente, vai recuperar um valor importantíssimo."
Por enquanto, o mercado não parece estar disposto a aceitar o convite, mesmo após o banco ter perdido um terço de seu valor desde a estreia no pregão.
"O investidor hoje parece estar mais rigoroso que no passado sobre promessas", afirma Alexandre Pierantoni, sócio da PricewaterhouseCoopers.
Nesse sentido, executivos das grandes consultorias de fusões e aquisições têm orientado os candidatos a novas megaoperações a serem mais cautelosos com as expectativas.
"É uma situação complicada porque a empresa tem que apresentar números para convencer que a operação faz sentido", diz Carlos Asciutti, sócio de Transações da Ernst & Young Terco. "O problema é que isso geralmente é feito rápido e por um grupo pequeno de pessoas. Em mais da metade dos casos, não se consegue os valores de sinergia esperados no início."
Por isso mesmo, o trabalho de planejamento vem tomando mais tempo e se tornou mais caro do que há alguns anos. Operações que costumavam ser anunciadas após três meses de conversações hoje podem ter de esperar um ano para sair do papel.
"Os envolvidos estão percebendo que pode levar mais tempo para tratar de questões como passivos, questões fiscais, trabalhistas e retenção de talentos", disse Luís Augusto Motta, sócio da KPMG.
A atividade em fusões corporativas disparou em 2010 no Brasil, que ao lado da China levou o mundo emergente a responder por um terço do movimento global do setor no período, um recorde. Dados da Thomson Reuters mostram que as operações anunciadas envolvendo empresas do país movimentaram 120,6 bilhões de dólares em 2010, um salto anual de 76,1 por cento.
Fonte:reuters16/09/2011
17 setembro 2011
Ações de protagonistas de fusões ficam no limbo em 2011
sábado, setembro 17, 2011
Alimentos, Compra de empresa, Contingências, Cosméticos, Fusões, Joint venture, Logística, Riscos, Saúde, TI, Transações MA
0 comentários
Postado por
Ruy Moura
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário