23 agosto 2011

Mesmo com crise, apetite por fusões continua alto

Para escritórios de advocacia e butiques, interesse diversificado de investidores contribui para manter operações a todo vapor.

O agravamento da crise sacode bolsas, assusta investidores e azeda a relação entre líderes da Zona do Euro, mas ainda não foi capaz de atingir o mercado de fusões e aquisições brasileiro.

Duas semanas após a segunda-feira negra (8/8), que fez ações despencarem mundo afora, não há sinais de que empresas e fundos vão reduzir o apetite por ir às compras no país.

Ao contrário: o que se vê são intermediários de operações como escritórios de advocacia e butiques trabalhando a todo vapor. A paralisação de negócios, comum em tempos de estresse, não tem sido registrada.

Segundo especialistas, a esperança de que entrar no mercado brasileiro se torne mais barato aquece sondagens sobre aquisições.

Uma das explicações para o interesse em fusões é o fato de que as transações envolvendo empresas brasileiras não estão limitadas a um ou outro segmento econômico, explica Alexandre Pierantoni, sócio de finanças corporativas da PwC.

"Os setores de tecnologia da informação, química, petroquímica, bancos e alimentos registram a maior parte dos negócios, mas há operações em andamento em praticamente todas as cadeias produtivas", diz. Para ele, os meses de agosto e setembro devem confirmar a tese de que o ritmo do mercado doméstico de fusões é sustentável.

No que depender do volume de operações em andamento, há motivos para otimismo. Com contratos de investimentos em shoppings fechados nos dias de maior turbulência, o Mattos Filho está tocando 70 operações. Em diferentes estágios e de setores variados como agronegócio, serviços, saúde e empresas que oferecem birô de crédito.

"O investidor que estava interessado em ativos no Brasil e que busca o longo prazo continua disposto a vir. Os negócios demoram entre quatro a oito meses para serem finalizados. Não faz sentido desistir apenas por conta do cenário momentâneo", afirma Pedro Dias, sócio do escritório.

Espanhóis e italianos, alguns dos mais abatidos pela crise em seus países, estão entre os clientes que mais prospectam novos negócios em solo brasileiro. Já os investidores asiáticos - de chineses e coreanos passando por indianos a japoneses -, embora continuem animados, mudaram sua estratégia de investimento no Brasil.

"Antes, adquirir o controle era fundamental. Agora eles veem com bons olhos a possibilidade de joint ventures. Preferem chegar comprando um pedaço da empresa, mantendo o antigo dono que entende da operação", compara Shin Jae Kim, sócia do Tozzini Freire que comanda área responsável por atender clientes asiáticos. O escritório, que já fechou um total de 54 operações no ano, tem outras 83 no forno.

Crescimento sustentado

Outro fator que joga a favor do mercado local de fusões é o grande número de pequenas e médias empresas que precisam recorrer a aquisições para sobreviver ou ganhar escala. Auxiliando compradores ou vendedores de companhias com esse perfil - que faturam até R$ 500 milhões por ano - a Ernst & Young Terco não percebeu redução de apetite em aquisições.

"Nenhuma das 10 transações das quais participamos foi interrompida pela turbulência recente. Mesmo com muita incerteza no ar, os fundos estrangeiros que têm caixa continuam em busca de negócios", diz Ricardo Reis, líder de fusões e aquisições da empresa. A mesma sensação tem Luiz Felipe Alves, sócio da butique Cypress, com seis operações em andamento.

"Diferentemente do que aconteceu em 2009, quando o mercado para compras travou, o dinheiro que se prepara para chegar é de longo prazo."
Fonte:brasileconomico23/08/2011

23 agosto 2011



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