31 agosto 2011

Balanços acusam desaquecimento

A desaceleração da economia começou a deixar de forma clara seus reflexos nos balanços das empresas. Os resultados das cem maiores companhias abertas brasileiras no segundo trimestre confirmam que receita e lucro cresceram em um ritmo inferior ao verificado nos três primeiros meses do ano.

Além do aumento das vendas perder força, os custos e as despesas pressionaram os resultados. Para o terceiro e o quarto trimestres, a expectativa é que o desaquecimento continue e que o peso da inflação comece a diminuir. A dúvida é quando a esperada mudança na política monetária - com a possível redução dos juros - vai de fato se concretizar e ajudar os balanços.

O lucro líquido das maiores empresas não financeiras totalizou R$ 36,4 bilhões no segundo trimestre e subiu 14% na comparação com o mesmo período de 2010, em um ritmo bem menor que a expansão de 62% verificada no primeiro trimestre, em relação a igual intervalo do ano passado.

O resultado seguiu a trajetória da receita líquida, que avançou 14% no segundo trimestre, para R$ 284 bilhões, contra crescimento de 21% no primeiro. Os números são de levantamento do Valor Data, com dados informados pelas empresas em IFRS.
"A desaceleração nos resultados das empresas no segundo trimestre já estava no script", avalia Caio Megale, economista do Itaú Unibanco. Para ele, apesar de mais tímidos, os números ainda são vigorosos e, em certa medida, "o desaquecimento foi saudável".

Um vilão dos balanços foi o patamar de custos. Embora tenham subido menos que no primeiro trimestre, os custos ainda cresceram mais que as vendas das companhias, 17%. Por outro lado, o resultado financeiro foi favorável, com queda da despesa financeira líquida, mas ainda assim insuficiente para melhorar os números finais.

As margens brutas e operacionais (antes do resultado financeiro e de impostos), que haviam subido no primeiro trimestre, tiveram queda quase generalizada.

No setor siderúrgico, por exemplo, que sofre com a concorrência do aço importado, as companhias não conseguiram repassar o aumento do minério de ferro e do carvão aos produtos vendidos.

As construtoras e as companhias aéreas também sentiram os custos e as despesas. No primeiro caso, os insumos e a mão de obra tiveram grande aumento. Na aviação, o petróleo pesou, além de menor crescimento de demanda por voos devido à crise. Para controlar custos e fazer frente ao novo cenário, a TAM anunciou ontem, por exemplo, que fez um ajuste nos planos e desistiu de ampliar a frota doméstica no ano que vem.
Mais confortáveis estão companhias de varejo como Pão de Açúcar e Lojas Renner, que mantiveram tanto o ritmo acelerado de crescimento como as margens. Entre as que elevaram menos as vendas, mas aumentaram as margens estão a mineradora Vale e a companhia de bebidas Ambev.
Fonte:valoreconomico31/08/2011

31 agosto 2011



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