03 fevereiro 2012

Tecnosolo recebe aporte do fundo americano GEM

Marcelo Carneiro, presidente da Tecnosolo, vai aproveitar a injeção de capital para disputar obras de até R$ 1 bilhão

Empresa tradicional do mercado de tecnologia de subsolo, consultoria, projetos e gerenciamento de obras, a Tecnosolo Engenharia começa este mês a receber os recursos da capitalização de R$ 65 milhões acertada em janeiro com o fundo americano Global Emerging Markets (GEM). O objetivo da empresa, que em 2004 passou a atuar também como construtora, é capacitar-se para disputar obras de grande porte, além dos serviços especiais de engenharia como os que virão após a privatização dos aeroportos de Brasília, Cumbica e Viracopos, os dois últimos em São Paulo, além das obras de subsolo para a construção do Trem Bala Rio-São Paulo.

O dinheiro servirá também para reduzir o endividamento de R$ 54 milhões, livrando a empresa da parte mais cara dessa dívida. A subscrição a ser feita pelo GEM, em ações ordinárias, levará três anos. A primeira parcela, de R$ 3 milhões, está prevista para este mês. Como a Tecnosolo, que é listada na Bovespa, tem dois terços do seu capital em ações preferenciais, a empresa lançará no mercado simultaneamente R$ 6 milhões em ações sem direito a voto. Segundo o vice-presidente da empresa, André Camacho, já está sendo negociada com investidores institucionais a subscrição desses papéis.

Fundada em 1957 pelo falecido engenheiro carioca Antonio José da Costa Nunes, a Tecnosolo ganhou prestígio por apresentar soluções para obras de contenção de encostas e de fundações. A partir da década de 70 passou a atuar também como consultora, projetista e gerenciadora de obras. ela realizou serviços importantes como a segunda pista do aeroporto de Brasília, o aeroporto de Salvador e a via expressa carioca Linha Amarela (exceto o túnel da Covanca).

O engenheiro Marnio Camacho é presidente do conselho de administração e líder de uma das duas famílias que controlam o capital votante da empresa (as famílias cariocas Camacho, majoritária, e Mosso detêm 62% do capital votante e cerca de 21% do total). Ele conta que a primeira grande virada da empresa foi em 1972, quando assinou contrato de alto risco para, em 30 dias, encontrar uma solução para realizar o teste de carga dos pilares do vão central da ponte Rio-Niterói antes da instalação da estrutura pré-construída.

A multa pelo não cumprimento do prazo dobrava a cada dia de atraso, mas estava também previsto um prêmio de sucesso que também dobrava a cada dia de antecipação. Os testes foram feitos em 14 dias e a empresa ganhou 16 dias de prêmio. Conforme acordo prévio, o dinheiro foi distribuído entre todos os empregados e, segundo Camacho, correspondeu a três anos e meio do salário de cada um.

A decisão de passar a ser também construtora veio com a chegada à presidência executiva da empresa do engenheiro Marcelo Carneiro, até hoje no cargo. Segundo Carneiro, a ideia foi: "Se somos líderes em serviços especiais de engenharia, quem sabe não aprendemos a fazer os serviços comuns?" A partir desse raciocínio, a empresa começou a disputar pequenas obras até "atingir a maioridade" em 2007, com a entrega em treze meses da arena multiuso para os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, obra de R$ 140 milhões concluída em 13 meses. O faturamento médio da empresa passou de R$ 60 milhões para R$ 150 milhões anuais, e se manteve nesse nível.

A ideia da capitalização, segundo o vice-presidente André Camacho, veio da encruzilhada na qual a empresa entrou após dar o salto de tamanho. "A empresa precisava ganhar escala, melhorar a estrutura". O executivo garante não lembrar de nenhuma outra operação de aumento do capital da empresa.

Com o aporte do GEM e a correspondência em ações preferenciais (R$ 130 milhões) para a qual busca sensibilizar investidores, a empresa pode ganhar uma injeção de recursos de R$ 195 milhões. Camacho disse que espera elevar o capital para em torno de R$ 100 milhões, permitindo à empresa disputar obras de até R$ 1 bilhão (dez vezes o capital).

De acordo com Carneiro, de todas as obras em negociação, a prioridade máxima é apresentar proposta ao grupo Saphyr para construir um shopping projetado para Sorocaba (SP), orçado em cerca de R$ 100 milhões. A empresa busca também parcerias para dar partida em contrato assinado com o Madureira, clube de futebol da zona norte do Rio, para construir um complexo esportivo comercial no local onde fica o atual estádio do clube. Por Chico Santos
Fonte:ValorEconômico03/02/2012

03 fevereiro 2012



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