11 novembro 2019

O teste de R$ 1 bilhão do grupo Martins que se tornou realidade

O marketplace do maior atacadista do Brasil se tornou bilionário na fase de projeto-piloto. Com sua estreia, ele deve representar 25% dos R$ 5,3 bilhões que o grupo deve faturar em 2019

Há 66 anos no mercado, o grupo Martins é praticamente desconhecido por boa parte dos brasileiros. Apesar de manter uma relação estreita com os consumidores locais. Diariamente, os caminhões da empresa entregam toda sorte de produtos a milhares de varejistas em todo o País. De parafusos e sabonetes a chinelos e tevês de 90 polegadas.

A partir dessa movimentação intensa, porém silenciosa, a companhia mineira traçou o roteiro para se tornar uma gigante do segmento de atacado e distribuição, com um faturamento de R$ 4,8 bilhões.

E foi justamente nos bastidores que o grupo começou a testar, em meados de 2018, uma nova frente de negócios: um marketplace para conectar varejistas e fornecedores.

Passado pouco mais de um ano, o piloto ganhou tração e se tornou uma verdadeira mina de ouro. Com uma receita de R$ 1 bilhão no período, a plataforma foi lançada oficialmente em outubro deste ano. E agora se consolida como uma das principais vias de crescimento do grupo.
“Somos uma empresa mineira. Nós já vínhamos fazendo isso quietinhos, sem contar para todo mundo”, diz, bem-humorado, Flávio Martins, CEO do grupo. “Saímos do laboratório. O que muda agora é a responsabilidade e o desafio.de crescer exponencialmente.”

Apesar do sobrenome, Martins não é parte do clã responsável pelo grupo, fundado em 1953, por Alair Martins. “Eu até pedi para ser adotado, mas não tive sucesso”, brinca o executivo, que está há 25 anos na empresa e é o terceiro presidente fora da família. E o primeiro “da casa”.

Depois de passagens por diversos cargos na operação, ele assumiu como CEO no início de 2018 e, desde então, vem acelerando uma série de iniciativas.

“O marketplace abre a possibilidade de vender qualquer produto, para qualquer comprador com um CNPJ”, diz Martins. “A projeção é de que essa frente represente 25% da receita em 2019.” Para 2020, ele acredita que a fatia chegue a 30%.

A nova plataforma amplia, de fato, o alcance do Martins. De um lado, ela traz produtos e categorias que não compunham o mix tradicional da empresa. Somente na largada, essa vertente já ampliou a oferta da companhia de 17 mil itens para mais de 25 mil produtos.

O portfólio de novidades inclui produtos como cervejas artesanais, colchões e até mesmo betoneiras. E passa, inclusive, pelas ofertas de concorrentes. Ao trazer a Giga Atacado para a plataforma, o Martins acrescentou a esse pacote a categoria de frutas, legumes e verduras, disponível, por enquanto, na cidade de São Paulo.

Grupo Martins conta com uma frota de 1,2 mil caminhões, sendo cerca de 900 deles próprios

A ferramenta também é a chave para mudanças de abordagem na logística da empresa, que hoje conta com uma frota de 1,2 mil caminhões, sendo cerca de 900 deles próprios. O grupo tem ainda seis centros de distribuição. E avalia uma nova unidade, ainda sem local definido, no segundo semestre de 2020.

....  Para impulsionar o desenvolvimento de novos recursos e obter mais insights, o Martins acaba de instalar um lab no InovaBRA, hub de inovação do Bradesco, em São Paulo. Inicialmente, a equipe conta com quatro cientistas de dados e trabalhará à parte do time interno de tecnologia da companhia.

Com essas e outras abordagens, a expectativa é fechar 2019 com uma receita de R$ 5,3 bilhões. O tamanho da operação, bem como a maturidade de sua governança corporativa, sugerem que uma abertura de capital poderia ser um próximo passo para o grupo.

Martins, no entanto, afirma que, apesar de sua posição e de sua longa relação com o clã e a empresa, essa é uma decisão que está fora de seu escopo. Apesar de ser favorável a esse caminho. “Esse é um tema que precisa ser discutido pela família, que detém 100% do negócio”, observa. “Por ora, não pensamos nisso.”

Não será surpresa, porém, se o percurso até o mercado de capitais estiver sendo construído sem grande alarde. E, com IPO ou não, tudo indica que o Grupo Martins, como bom mineiro, seguirá comendo pelas beiradas.  Moacir Drska.. Leia mais em NeoFeed 11/11/2019


11 novembro 2019



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