26 novembro 2019

Verde aposta em varejo e saúde na bolsa brasileira

No auge da recessão brasileira, Pedro Sales estava com uma pilha de dinheiro no caixa de seus fundos de ações.

“A gente tinha um grau de convicção alto de que o fiscal era insolúvel e os fundos de ações chegaram a ter só 50% de exposição líquida no auge da crise, algo totalmente fora da curva” disse Sales, 42, sócio e gestor da estratégia de ações brasileiras da Verde Asset Management. Com o país se distanciando cada vez mais do desastre e a bolsa subindo cerca de 190% desde a mínima em dez anos de 2016, Sales deixou a defesa de lado e voltou a apostar pesado na bolsa do Brasil -- seu único arrependimento é não ter feito isso antes.

“Mesmo com toda a valorização que bolsa já teve, a gente ainda encontra várias ações com preços muito interessantes”, disse Sales, em uma entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo.

Sales, que tem cerca de R$ 6,5 bilhões sob gestão, tem preferido empresas dos setores de saúde e de varejo na bolsa. Os seus nomes favoritos incluem Hapvida e NotreDame Intermédica, duas operadoras de saúde chamadas verticalizadas, ou seja, que não só vendem planos de saúde, mas também são donas dos hospitais.

Segundo ele, essas empresas “serão os principais consolidadores do setor, absorvendo um grande crescimento”, pois sua capacidade de gestão de custos permite oferecer preços mais baixos para planos de saúde em um país em que apenas cerca de 25% da população tem acesso a planos privados.

Quanto às empresas de consumo, a Verde tem participação na varejista de roupas Cia. Hering, uma aposta que foi aumentada este ano depois que a empresa reestruturou sua alta administração para incluir Thiago Hering, filho do presidente da empresa. O gestor também comprou ações da C&A Modas na oferta pública inicial da empresa no início deste ano -- o IPO saiu no piso da faixa de preço e, desde então, a ação caiu 6,5%.

“C&A não é um caso óbvio”, disse Sales. Mas ele decidiu continuar com a empresa depois de ver sinais de que o varejista está dando mais independência ao seu conselho de administração. A empresa também reduziu custos ao diminuir importações para sua produção de roupas a um percentual semelhante à de seus pares, à medida que a moeda brasileira enfraquece.

O CSHG Verde Am Unique Long Bias FIC FIA, gerido por Sales, tem um retorno anualizado de quase 14% após taxas desde que foi criado em 2012. Isso se compara a um retorno médio de cerca de 9% no índice de referência do Ibovespa no mesmo período.

Outras apostas de Sales incluem concessionárias de serviços públicos, empresas de shopping centers e a BR Distribuidora, a maior distribuidora de combustíveis do Brasil, que foi privatizada em julho e desde então nomeou um conselho de administração “excepcional”, disse Sales.

O gestor de ativos está mais otimista do que a maioria dos investidores em relação às perspectivas de crescimento do Brasil e vê taxas de juros baixas por mais tempo na maior economia da América Latina -- um divisor de águas para a bolsa de valores do país, disse Sales. Ele também vê espaço para aumentar o tamanho dos ativos sob gestão em suas estratégias de ações em até R$ 2 bilhões nos próximos anos.

Há um setor que ajudou o fundo a enfrentar seus tempos mais difíceis, mas que vem perdendo gradualmente importância no portfólio: os bancos brasileiros. “Cinco anos atrás, considerávamos esse um setor excepcional a longo prazo, porque as barreiras competitivas eram muito altas”, disse ele. “Mas hoje o risco para os bancos é muito maior, pois a tecnologia permitiu que os concorrentes prosperassem”, disse, acrescentando que os bancos tradicionais terão que cortar custos se quiserem sobreviver.... bloomberg  Leia mais em yahoo 26/11/2019

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26 novembro 2019



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