Fatia de R$ 17,7 bi será usada para ampliar geração de energia renovável na região, puxada por contratos no mercado brasileiro
A italiana Enel, maior operadora privada do setor de energia no mundo, prevê investir € 28,7 bilhões, mais de R$ 130 bilhões, entre 2020-2022, segundo anúncio feito pela companhia na manhã desta terça-feira, em Milão. O montante representa um avanço de 11% em comparação ao plano para 2019-2021.
Metade deste total será utilizada para acelerar a geração de energia com fontes renováveis. Aquisições podem ser feitas, diz Francesco Starace, presidente da companhia.
— Estamos focados no crescimento orgânico. Mas queremos ter liberdade para usar nossos recursos para fazer aquisições como a da Eletropaulo (em 2018), para nos consolidarmos como um dos grandes players de energia do mundo. O Brasil é um potencial incrível para expansão de energia renovável – disse Starace, que comandou apresentação para investidores.
O Brasil vai receber € 5,1 bilhões, mais da metade do total previsto para a América Latina, onde a companhia atua também em Chile, Argentina, Colômbia e Peru. E mais da metade do total previsto para a região, de € 9,3 bilhões.
A expansão na capacidade em energia renovável é o carro-chefe dos investimentos, consumindo uma fatia de € 3,8 bilhões do total que será direcionado ao mercado latino-americano.
— O aumento da capacidade de renováveis na América Latina será puxado principalmente por contratos de compra de energia, sobretudo no mercado brasileiro – afirmou Alberto de Paoli, diretor financeiro da Enel. – Seguiremos atentos a oportunidades no mercado do Brasil.
A atenção dedicada ao mercado latino-americano se explica pela participação crescente que a região terá no desempenho da companhia globalmente, que deve subir de 30% para 34% do Ebitda (indicador de geração de caixa), em 2022. O Brasil deve ampliar sua colaboração para o Ebitda de 9% para 14%.
Para avançar na ampliação na capacidade em renováveis, a Enel planeja expansão de 5,4 GW com a substituiçao da geração tradicional por fontes limpas em Itália, Espanha e Chile, um investimento de € 5,6 bilhões.
Outra meta é alcançar outros 5,1 GW puxados pela demanda trazida por acordos de compra de energia, principalmente nos mercados do Brasil e dos Estados Unidos, com aporte de € 4,7 bilhões.
No Brasil, a companhia atua em geração, comercialização e distribuição de energia. Contando com a aquisição da antiga Eletropaulo, em 2018, passou a deter 18 milhões de clientes, incluindo distribuidoras em Rio, Goiás e Ceará.
Ao todo, conta com 2,4GW de capacidade instalada de fontes renováveis no Brasil. Vai chegar a 5,5 GW até 2022. E avança nesse segmento com dois novos projetos em construção no Piauí. Um deles é o parque de geração de energia solar de São Gonçalo, com capacidade instalada de 608 MW e previsão de começar a operar já em 2020.
O outro é o parque solar de Lagoa dos Ventos, com capacidade instalada de 717 MW e inicio das atividades previsto para 2021. Os dois serão os maiores em seus segmentos na América do Sul.
A meta da companhia é que o segmento renovável salte de uma fatia de 50% da produção global da Enel este ano para 60% já em 2022. É a estratégia para acompanhar a transição para uma matriz energética limpa e o aumento da demanda de consumo, que avança com veículos elétricos, ar-condicionado e outros fatores. Mas é também pilar central na sustentabilidade financeira, diz Starace.
— As mudanças que implementamos desde 2015, quando decidimos focar em um modelo de energia sustentável, mostra aumento de 4,4% ao ano no Ebitda da companhia entre 2015 e 2019 — disse o executivo, que frisou que a geração de energia em térmicas a carvão será desativada até 2030.
Starace diz que, apesar dos problemas enfrentados pela Enel em Goiás — num momento em que governador Ronaldo Caiado (DEM) defende a cassação da concessão da antiga Celg, argumentando haver falhas na prestação do serviço —- não vê riscos no mercado brasileiro. E que a companhia seguirá investindo.
— O Brasil conseguiu fazer uma reforma da Previdência como nunca se viu. Os resultados das reformas no país têm sido fenomenais. Esperamos agora a fiscal, que é muito importante, mas a mais difícil foi feita. O país não é uma preocupação. Já o Chile, sim, que vai ter um ano de mudanças na Constituição — destacou Starace.
O executivo reconhece que a América Latina está passando por um momento de contestação, em que cresce a importância do entendimento de que o governo tem de patrocinar o desenvolvimento social... Leia mais em epocanegocios 26/11/2019
26 novembro 2019
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terça-feira, novembro 26, 2019
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Ruy Moura
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