Quem acompanhou os rankings de inovação deste começo de ano pode ter ficado surpreso ao ver nomes familiares, da fintech Nubank ao site de aluguel Quinto Andar. Mas esse não é um golpe de sorte ou reflexo instintivo ao surgimento dos nossos primeiros unicórnios, startups avaliadas em um bilhão de dólares ou mais.
Os negócios inovadores brasileiros conquistaram seu espaço nas listas internacionais após anos de amadurecimento, convencimento de investidores e, só então, as primeiras avaliações de valor de mercado em patamares globais.
A depender do crescimento desses indicadores nos últimos anos, a presença de startups nacionais nos rankings de inovação tende a aumentar a partir de 2019. E já dá para ter uma ideia de quais serão as preferidas dos especialistas.
As startups queridinhas
Na semana passada, a conhecida lista da revista Fast Company sobre as 50 empresas mais inovadoras do mundo colocou a fintech Nubank na 36ª posição.
No ranking global, a Fast Company destaca como o Nubank se tornou o maior banco digital fora do continente asiático, com 5 milhões de usuários, e a ampliação para serviços como conta salário e saque em caixas eletrônicos. Recentemente, a startup também anunciou que fará empréstimos pessoais. Atualmente, o Nubank acumula 707,6 milhões de dólares em aportes.
Na lista restrita à América Latina, negócios inovadores brasileiros dominam cinco das dez primeiras posições. Além do Nubank, estão os empreendimentos Grow, Magazine Luiza, Movile e PagSeguro.
A Grow nasceu da união entre a mexicana Grin e a brasileira Yellow. As empresas operam o aluguel de bicicletas e de patinetes elétricos compartilhados em cidades do Brasil e de outros seis países da América Latina, com 135 mil veículos disponíveis em 17 cidades. As startups levantaram um investimento adicional de 150 milhões de dólares com os fundos que já eram sócios das empresas com o objetivo de expandir a presença na América Latina e se preparar para uma eventual concorrência de startups americanas, que já sinalizaram que devem entrar no Brasil em 2019.
Magazine Luiza, Movile e PagSeguro já abandonaram a classificação de startup e são considerados empresas estabelecidas, ainda que inovadoras.
Sobre o comércio eletrônico conhecido pela assistente virtual Magalu, a Fast Company destaca iniciativas como a criação de marketplaces para vendedores terceiros e o laboratório de inovação LuizaLabs. A plataforma mobile “tudo em um” da Movile rendeu comparações com a gigante chinesa Tencent, assim como seu apetite por aquisições. Por fim, a empresa de pagamentos PagSeguro entrou para a lista pelo lançamento da Moderninha Smart, máquina de pagamentos portátil e entregada a um software que funciona com o sistema operacional Android.
Em outro ranking deste mês, elaborado pelo jornal The New York Times e pela empresa de análises CB Insights, há três negócios brasileiros entre os 50 “unicórnios do futuro”. A lista também cita a Grow e indica duas startups não mencionadas pela Fast Company: CargoX e Quinto Andar.
A Cargo X liga motoristas de caminhões autônomos a companhias que precisam transportar cargas, funcionando como uma espécie de Uber para mercadorias. A ideia do negócio surgiu ao perceber que havia transportadoras demais e muitos caminhões voltavam vazios das entregas. Em maio do ano passado, a startup contava com 250 mil caminhoneiros cadastrados, dos quais cerca de 7 mil são ativos na plataforma, e estimava uma receita anual de 650 milhões de reais.
O Quinto Andar, negócio focado em aluguel de casas e apartamentos residenciais, já recebeu 320 milhões de reais em aportes. O Quinto Andar atua como fiador para usuários com um histórico de crédito sólido e elimina burocracias e custos na hora de alugar, como seguro-fiança e outras garantias. Apesar de manter segredo sobre as informações mais estratégicas, o Quinto Andar confirma que, em outubro deste ano, a cada dois minutos agendou-se uma visita física a imóveis cadastrados na plataforma. Ou seja, seriam cerca de 21,6 mil visitas agendadas no mês.
Anos de preparação
Desde 2012, os investimentos em startups da América Latina quase triplicaram. O último ano foi o mais intenso em presença dos fundos de venture capital nessa série histórica, provando o amadurecimento do ecossistema de negócios inovadores na América Latina. Startups criadas por volta do ano de 2010 atingindo um estágio avançado e gerando retornos.
Foi um ano de mais investimentos, mais vendas de startups (exits) e mais valuations polpudos. Apenas entre setembro e outubro de 2018, os negócios inovadores da América Latina levantaram mais de 1 bilhão de dólares, mais do que o obtido durante todo o ano de 2017.
O Brasil é o queridinho da região, atraindo três vezes mais investimentos do que o México, o segundo colocado. Tivemos o surgimento dos primeiros unicórnios em 2018, como o aplicativo de mobilidade urbana 99 (comprado pela chinesa Didi Chuxing) e o próprio Nubank.
“Unicórnios não surgem do nada. É um movimento de anos de amadurecimento do ecossistemas que se concretizou: saltamos de cerca de duas mil startups em 2012 para dez mil delas pouco mais de seis anos depois”, analisa Luís Gustavo Lima, sócio de aceleradora brasileira ACE. “Mesmo assim, com essas notícias entramos no campo de visão dos investidores internacionais. Uma empresa e investidora do porte da Didi fazer uma aquisição por aqui é muito significativo, assim como a presença de fundo renomados aportando em nossos unicórnios e potenciais unicórnios. O interesse só tende a crescer.”
Outro movimento de destaque por aqui é o de megarodadas, ou investimentos de 100 milhões de dólares ou mais, como vimos com o serviço de entregas de comida iFood e com a startup de logística Loggi. Outros aportes notáveis foram os na startup de mobilidade urbana Yellow (três rodadas acumulando 75,3 milhões de dólares) e no negócio de logística para caminhões CargoX (60 milhões de dólares).
Mesmo assim, investidores ainda consideram que os negócios inovadores na América Latina não possuem a avaliação que merecem, mantendo vivo o interesse dos investidores nas startups da região para 2019.
“Nossa expectativa com o Brasil é positiva. Vemos setores de destaque, ainda que não sejam os únicos. É o caso do comércio eletrônico, que é gigante por aqui, e também das fintechs, edtechs, healthtechs, legaltechs e das startups de segurança digital. São mercados com grande tamanho e que apresentam diversas dificuldades no Brasil, o que se traduz em oportunidades”, afirmou anteriormente a EXAME Itali Collini, Itali Collini, diretora de operações da aceleradora 500 Startups no Brasil.
O clube dos unicórnios brasileiros está apenas começando. Fonte:Exame Online . Leia mais em portal.newsnet 26/02/2019
26 fevereiro 2019
Após megarodadas, startups brasileiras ganham reconhecimento internacional
terça-feira, fevereiro 26, 2019
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Ruy Moura
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