Qualquer que seja o resultado da eleição presidencial deste mês, a expectativa de executivos de bancos de investimentos e advogados é que a fraca atividade de fusões e aquisições do Brasil destrave após a votação.
Pesquisa do Datafolha divulgada na noite da terça-feira mostrou o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, ampliando vantagem na liderança da corrida pelo Palácio do Planalto, contra o candidato do PT, Fernando Haddad.
Mesmo com uma eventual vitória de Haddad, que não é o preferido dos mercados, a definição do futuro governo deve servir de incentivo para a retomada de acordos de fusões e aquisições diante da redução de incertezas sobre as políticas a serem aplicadas no país.
Bolsonaro tem afirmado que o economista liberal Paulo Guedes, educado na Universidade de Chicago, será seu ministro da Economia. Já a equipe econômica de Haddad segue indefinida, mas uma escolha rápida de um ministro da Fazenda por ele poderia reduzir temores dos mercados, afirmaram executivos de bancos.
"A eleição de um novo presidente vai destravar os negócios", disse Alessandro Zema, diretor do banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil. "Multinacionais poderão decidir se compram ou vendem ativos no Brasil (dependendo do resultado da eleição)."
Acordos envolvendo empresas brasileiras no terceiro trimestre caíram 17,7 por cento sobre um ano antes, para 14,5 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv. Nos nove primeiros meses do ano, o valor total de operações caiu 21,5 por cento na comparação anual, para cerca de 43,8 bilhões de dólares.
O Morgan Stanley assessorou duas transações este ano nas quais empresas brasileiras compraram ativos no exterior: a compra pela Raízen de ativos de distribuição de combustível na Argentina e a compra da norte-americana National Beef Packing pela Marfrig .
O destino das duas maiores operações de empresas no Brasil também depende do resultado da eleição: a compra da divisão comercial da Embraer pela Boeing e a venda da Braskem para a europeia LyondellBasell . Haddad tem condenado o acordo da Embraer com a Boeing, e o PT tem defendido que a Petrobras interrompa seu programa de venda de ativos, que inclui a participação da estatal na Braskem.
VOLATILIDADE
A eleição de um presidente com políticas que inspirem confiança de longo prazo na economia pode impulsionar a atividade de aquisições e novos investimentos em infraestrutura, disse Hans Lin, responsável pelo banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch no Brasil.
O setor praticamente ficou paralisado depois dos escândalos de corrupção que envolveram companhias como a Odebrecht.
A volatilidade cambial durante a fase final da campanha eleitoral já afetou fusões e aquisições no Brasil, disse João Ricardo de Azevedo Ribeiro, sócio do escritório de advocacia Mattos Filho. "Estamos vendo as partes rediscutindo preços ou mesmo a suspendendo negócios por causa da questão do câmbio", disse Ribeiro.
As ofertas de ações, interrompidas no terceiro trimestre por causa da volatilidade do mercado, também podem rapidamente ser retomadas dependendo do resultado da eleição, disse Pedro
Juliano, diretor do banco de investimento do JPMorgan Chase.
Uma série de ofertas públicas iniciais de ações e de ofertas subsequentes deve ser retomada assim que a eleição for decidida. "As companhias estão se preparando para a abertura dos mercados de capitais se um novo presidente com políticas favoráveis ao mercado for eleito", disse Juliano.
O JPMorgan lidera o ranking de transações envolvendo empresas brasileiras até setembro e ampliou o tamanho de sua equipe em 16 por cento este ano, disse Juliano. Ele não revelou o número de funcionários da equipe do banco. Por Carolina Mandl e Tatiana Bautzer (Reuters) – Leia mais em ultimoinstante 03/10/2018
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Ruy Moura
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