16 dezembro 2013

Odebrecht reforça caixa com aportes de fundos

A Odebrecht Ambiental receberá R$ 615 milhões de dois fundos, o que reforçará sua estrutura de capital para investimentos a partir de 2014. A companhia usará os recursos para estender sua presença nas três frentes em que atua: serviços de água e esgoto para residências; tratamentos de água e esgoto para indústrias, e resíduos diversos. Sua projeção é de chegar a 2014 com um faturamento de R$ 3,6 bilhões e, no ano seguinte, a mais de R$ 5,3 bilhões, mais do que o dobro dos R$ 2,1 bilhões estimados para este ano, diz Fernando Santos-Reis, presidente da companhia.

 Os recursos aportados na companhia virão de duas fontes. Pouco menos da metade do valor obtido - R$ 300 milhões - virá do Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. O aporte será feito na Odebrecht Utilities, empresa criada pela Odebrecht Ambiental para ser responsável pelo tratamento de água de uso na indústria e ativos industriais.

 Com a transação, o Funcef passa a ter 17,2% do capital da empresa, e os demais 82,8% continuam detidos pela holding. O acordo já foi assinado, após negociações que duraram cerca de um ano. Procurado, o fundo informou que o aporte já teve a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 A outra parte do aporte está em fase de contratação com o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Com R$ 315 milhões, o fundo elevará sua participação na Odebrecht Ambiental dos atuais 26,5% para 30%, mesma participação que já possui em outra empresa do grupo, a Odebrecht TransPort, controladora do terminal Embraport, no Porto de Santos, que já tinha o fundo como acionista. Do restante do capital da Ambiental, 69,5% permanecerão nas mãos do grupo Odebrecht e 0,5% em um fundo do Banco Espírito Santo.

 Criada em 2006, a empresa passou a ser chamada Odebrecht Engenharia Ambiental em 2008. Com quatro anos de vida, em 2009, faturava R$ 500 milhões. Com a mesma velocidade que aumentava sua receita, trocava de nome. Naquele mesmo ano, passou a se chamar Foz do Brasil. No fim de 2012, deixou o segundo nome e se tornou apenas Foz. A partir de outubro deste ano, porém, em uma decisão estratégica, retoma o nome do grupo e passa a ser Odebrecht Ambiental.

 Pequena quando comparada aos outros negócios - foi responsável no ano passado por 1,7% da receita bruta total do grupo, de R$ 84,4 bilhões - atua em um setor com crescimentos expressivos no país. No caso dos resíduos, por exemplo, o mercado vem avançando dois dígitos ao ano. Hoje, esta divisão corresponde por 15% das receitas da Odebrecht Ambiental, mas logo chegará nos 20%, diz Santos-Reis. Além dos resíduos urbanos e de dois aterros de resíduos de construção civil (RCC), a empresa atua na área industrial e tem entre seus clientes atuais a Petrobras e terminais da Transpetro.

 Na área de ativos industriais, que gera um quarto das receitas totais da companhia, seu portfólio atual tem oito ativos. A clientela é composta por Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da ThyssenKrupp, a Braskem, a Klabin, o Comperj, duas operações em Camaçari (BA), além do Projeto Aquapolo, em que está junto com a Sabesp, e a siderúrgica Vallourec, juntamente com a Copasa.

 A associação com as duas empresas públicas - Sabesp e Copasa - inclusive, é vista como positiva pelo presidente da empresa e é uma das quatro estratégias para alcançar suas ambiciosas metas de faturamento e geração de caixa e lucro. "Acho que temos uma boa complementaridade. Eles fazem o tratamento, enquanto nós investimentos em esgoto e na gestão comercial. Acreditamos nas PPPs e temos investido nelas", afirma Santos-Reis.

 As projeções de Ebitda da empresa são de R$ 350 milhões neste ano, R$ 600 milhões em 2014 e R$ 850 milhões no ano seguinte, diz Santos-Reis. Para o lucro, a expectativa é de R$ 180 milhões a R$ 190 milhões neste ano, pouco mais do que o dobro do resultado ano passado. Entre suas concorres na busca pelos milhões estão CAB Ambiental, Estre, Vital, Solví, a sul-coreana GS, Foxx Haztec e outras.

 A segunda estratégia da Odebrecht Ambiental também está ligada ao cliente industrial. É a busca de negócios no setor de petróleo, para identificação e tratamento de áreas contaminadas (remediação), diz o executivo. 

As duas outras apostas da companhia são a expansão no mercado internacional e esforços para elevar a participação em resíduos urbanos no Brasil. Recém-chegado de uma viagem ao Peru, Santos-Reis conta que a companhia concorrerá com outros grupos estrangeiros em uma licitação daquele país. "Não será grande, mas importante para a entrada no mercado peruano, para a nossa expansão e para aprendizado", disse.

 No México, a empresa tem um contrato fechado, segundo Santos-Reis, e está avaliando um projeto de reúso de água. Nos Estados Unidos, firmou um memorando de intenção para desenvolver um projeto com a Braskem em West Virginia. Também chamam o interesse da companhia operações em Angola e projetos de remediação na Argentina.  Por Olivia Alonso | Valor Econômico
Fonte: resenhaeconomica 16/12/2013

16 dezembro 2013



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