27 dezembro 2013

Vale arrecada mais R$ 355 milhões com venda de ativos não estratégicos

A mineradora Vale arrecadou ontem mais R$ 355,2 milhões com a venda de participação em ativos, dentro de sua estratégia de desinvestimento e foco no seu negócio principal: a produção de minério de ferro.

 A companhia anunciou a venda de 44,25% na empresa de fertilizantes Fosbrasil por US$ 52 milhões (ou R$ 112,7 milhões ao fechamento do câmbio de ontem) para a Israel Chemicals e arrecadou mais R$ 233 milhões ao se desfazer de sua fatia de 31,3% na empresa de transporte de cargas Log-In em leilão na BMF8cBovespa. Com as operações desta semana, a Vale já levantou este ano US$ 6,1 bilhões com os desinvestimentos.

 A Fosbrasil é maior produtora de ácido fosfórico purificado do Hemisfério Sul, insumo usado pela indústria de alimentos e bebidas, tratamento de metais, de águas e efluentes, na produção de açúcar, entre outros. O negócio de fertilizantes, porém, deixou de ser estratégico à companhia, tanto que o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, havia dito na semana passada que buscava sócios para desenvolver os seus projetos no setor. "Hoje o negócio de fertilizantes da Vale tem um sotaque muito brasileiro", disse, na ocasião.

 A Israel Chemicals é uma das principais produtoras de fertilizantes e especialidades químicas do mundo, com faturamento global de US$ 6,7 bilhões em 2012. A empresa já detinha uma fatia de 44% na Fosbrasil e, com o acordo com a Vale, aumentará a sua participação para 88,25%. A operação ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

 Mudança. A venda da participação na Log-In faz parte da estratégia da Vale de reduzir os seus investimentos na área de logística e também denota a mudança de rumo da empresa. A gestão anterior, de Roger Agnelli, foi caracterizada pela diversificação de investimentos.

 Na última segunda-feira, a mineradora já havia anunciado a alienação de 26,5% de sua participação no capital da VLI, companhia de logística integrada de carga geral, por R$ 2 bilhões para um fundo gerido pe- la Brookfield Asset Management. Em setembro passado, a Vale havia celebrado acordos para a venda de participação de 20% na VLI para a japonesa Mitsui e de 15,9% para o FI-FGTS.

 "Com a venda, a Vale consegue extrair um valor de certa forma não precificado em suas ações, uma vez que boa parte da capacidade de geração de caixa futura de suas operações da VLI não era considerada na avaliação de Vale pelo mercado", avaliou, em relatório, William Alves, daXP Investimentos.

 A venda de ativos agrada o mercado porque os analistas entendem que isso ajudará a empresa a financiar o seu maior projeto, o Serra Sul, no Pará, orçado em US$ 20 bilhões e que adicionará 90 milhões de toneladas à sua capacidade.

 Além disso, a percepção é de que o processo de desinvestimento pode permitir à Vale pagar dividendos adicionais em 2014, mesmo diante dos desembolsos para o pagamento do Programa de Recuperação Fiscal (Refis).

 Este ano, a empresa já efetuou um pagamento à Receita Federal de quase R$ 6 bilhões. Segundo o analista Andreas Bokkenheuser, do UBS, a estratégia da Vale é positiva, já que a companhia consegue levantar capital de forma a financiar projetos dentro de seu "core business" e criar espaço para o pagamento de dividendos. Por outro lado, o profissional destaca que o risco disso é a empresa : vender só os ativos que possuem valor de mercado, deixando, assim, apenas em seubalanço os de baixo valor. 

Além dos ativos em logística e fertilizantes, a Vale também tem revisto suas posições na área de energia. A mineradora vendeu 49% de sua participação acionária na hidrelétrica Belo ! Monte para a Gemig por R$ 206 milhões, diminuindo a sua fatia de 9% para 4,41%, no fim da semana passada, além de ter anunciado a criação de uma joint venture com a estatal mineira no qual a Vale aportou a sua participação em sete hidrelétricas.

 Histórico. Anteriormente, a Vale já havia vendido a sua participação de 20% em dois blocos de éxploração de gás natural na Bacia do Parnaíba para a GDF Suez, cujo valor não foi revelado. Outros dois grandes negócios realizados pela empresa em 2013 foram o seu desinvestimento na fabricante norueguesa de alumínio Norsk Hydro, por US 1,822 bilhão, e a venda à canadense Silver Wheaton, por US$ 1,9 bilhão,, de uma parcela da produção de ouro das minas de Salobo (PA) e Sudbury. Autor(es): Wellington Bahnemann / Fernanda Güimarães O Estado de S. Paulo - 27/12/2013
 Fonte:clippingmp 27/12/2013

27 dezembro 2013



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