26 dezembro 2013

Bilionário chileno tenta salvar rede de supermercados

O bilionário Álvaro Saieh, presidente do conglomerado chileno CorpGroup SA, planeja passar boa parte do ano que vem num corredor de supermercado.

 No início deste mês, Saieh, de 64 anos, assumiu a presidência da conturbada rede de supermercados SMU SA para conduzir pessoalmente uma estratégia de virada e garantir que os problemas da empresa não contaminem o resto de seu império, que inclui o banco CorpBanca SA CORPBANCA.SN +1.94% e a holding de mídia Copesa SA. Enlarge Image image Cortesía El Mercurio Álvaro Saieh

"Os primeiros resultados da SMU no ano que vem estarão limpos e começarão a mostrar retornos operacionais", disse Saieh em entrevista ao The Wall Street Journal em seu escritório em Santiago. "Não haverá mais surpresas."

 Sua empresa, a CorpGroup, é acionista majoritária do CorpBanca, o quinto maior banco do Chile em ativos, da SMU e da Copesa, que é dona de um portfólio com várias publicações, incluindo o jornal "La Tercera".

 Alguns investidores e analistas chegaram a suspeitar que Saieh — filho de imigrantes palestinos de classe média, que construiu um patrimônio pessoal de cerca de US$ 3 bilhões — tinha perdido o seu toque de Midas depois da incursão malsucedida no setor de varejo de alimentos.

 A rede varejista, comprada pela empresa de Saieh em 2007, vem tendo dificuldades para obter lucros. A empresa fez mais de 60 aquisições no Chile e no Peru, que tiveram problemas de integração, e, segundo analistas, sua carga de dívida, que alcançava US$ 1,3 bilhão no fim de setembro, é pesada demais. Ela divulgou um prejuízo aproximado de US$ 720 milhões nos primeiros nove meses do ano, devido em parte a uma despesa não recorrente ligada a fechamentos de lojas e ajustes contábeis. A companhiua sacudiu os mercados em julho, quando anunciou que deixou de cumprir alguns contratos de dívida por causa desses prejuízos.

 A SMU é a terceira maior operadora de supermercados no Chile, atrás da Cencosud SA CENCOSUD.SN -1.85% e do Wal -Mart WMT +0.13% Chile, com uma participação de mercado de 25%. Ela tem mais de 600 supermercados, lojas de atacado e de conveniência em todo o Chile e Peru. 

Os problemas da SMU ocorrem num momento em que Saieh se aproxima de um acordo para vender uma participação de 50,1 % no CorpBanca. Os principais concorrentes são o Itaú Unibanco Holding SA ITUB4.BR +0.25% e o gigante espanhol Banco Bilbao Vizcaya Argentaria SA, BBVA.MC +0.41% de acordo com pessoas a par das negociações. O negócio pode render de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões para os acionistas do Corpbanca.

 O CorpBanca, a joia do império de Saieh, já foi afetado pelos problemas da SMU. Ele viu seu custo de captação saltar depois que os prejuízos da SMU começaram a aumentar este ano. No início deste mês, a dívida do banco foi rebaixada pela Moody's MCO -0.07% Investors Service porque tem o mesmo controlador que a SMU.

 Os problemas da SMU "nunca deveriam ter afetado os outros" ativos, disse Saieh, acrescentando que seus negócios operam de forma de independente uns dos outros.

 À medida que prejuízos surpreendentes se acumulavam, a SMU decidiu reagir com uma estratégia agressiva, planejando fechar 10% de suas lojas, abrir outras em locais mais estratégicos, vender ativos e demitir um total de 7.000 funcionários.

 Nas lojas, os executivos estão trabalhando para tornar o layout e a iluminação mais atraentes e lançando ofertas como as sugestões de refeições prontas para quatro pessoas por 4.000 pesos chilenos (US$ 7,50).

 Os executivos da SMU dizem que a rede está no caminho da recuperação. As vendas em suas lojas abertas há pelo menos um ano no Chile subiram 4,2% no terceiro trimestre, em comparação com 1,3% no segundo trimestre e um declínio de 0,8 % no primeiro. Saieh já injetou US$ 300 milhões na SMU e planeja captar outros US$ 200 milhões. Executivos dizem que a varejista vai pagar US$ 130 milhões em dívidas até o fim do ano.

 Soummo Mukherjee, diretor sênior de crédito da Moody's, diz que Saieh parece empenhado em salvar o negócio, mas "ainda há uma série de desafios de execução para mostrar que uma virada é possível". 

Saieh continua avaliando a viabilidade de cada loja, integrando outras e falando pessoalmente com equipes de gestão.

 O empresário disse que entrou para o setor de varejo de alimentos pelos benefícios cruzados que poderia extrair de um banco e supermercados. Um serviço de pagamento de contas nos supermercados ajuda o CorpBanca a crescer na gestão de finanças pessoais. O serviço, por sua vez, direciona tráfego para os supermercados SMU.

 Saieh rejeita a noção amplamente divulgada de que está buscando vender a participação do Corpbanca porque precisa de dinheiro para a rede de supermercados. Ele disse que começou a explorar a venda no início de 2012, antes da SMU ter problemas, e observou que o CorpGroup não receberá dinheiro com esse acordo, que seria todo em ações.

 "O objetivo é ter uma instituição bancária que seja mais forte e poderosa e que possa se expandir para o resto da América Latina", disse. Por SARA SCHAEFER MUÑOZ
Fonte: thewallstreetjournal 26/12/2013

26 dezembro 2013



0 comentários: