04 outubro 2011

Marcopolo tenta dobrar em cinco anos e avalia aquisições

A estratégia passará por aquisições e investimentos de 350 milhões de reais para aumentar capacidade e nível de automação das fábricas, diz o executivo Carlos Zignani

A Marcopolo, maior fabricante de carrocerias de ônibus no Brasil, quer dobrar sua receita nos próximos cinco anos, contra vendas estimadas de 3,25 bilhões de reais em 2011.

A estratégia passará por aquisições e investimentos de 350 milhões de reais para aumentar capacidade e nível de automação das fábricas da empresa, disse em recente entrevista à Reuters o diretor de Relações com Investidores da companhia, Carlos Zignani.

Segundo ele, a Marcopolo está avaliando potenciais alvos de aquisição que podem consumir parte do "excesso de caixa" que a empresa acumulou. "Nós temos interesse, já estamos vendo operações (...) Nossa estratégia é de sermos o primeiro ou segundo em cada mercado em que atuamos."

A companhia terminou o segundo trimestre com um caixa de 920 milhões de reais, uma expansão de 25,4 por cento sobre março, e uma dívida líquida de 526,4 milhões de reais.

"Temos hoje meio que um excesso de caixa e o Conselho tem cobrado que a empresa deveria até aumentar mais a dívida."

Ele evitou comentar detalhes sobre os planos de compra de ativos, mas disse que a estratégia de mercado da Marcopolo é estar presente em países com população elevada e com baixo poder aquisitivo.

Outra parte dos recursos em caixa será usada nos investimentos para ampliação de capacidade com foco em incrementar o uso de robôs nas fábricas.

Atualmente, a Marcopolo tem quatro fábricas no Brasil e sete no exterior --Colômbia, Argentina, México, Egito, Índia, África do Sul e China.

Além do Brasil, dessas unidades são destaque de crescimento Colômbia, Argentina e Índia.

A expectativa para Argentina é expandir a produção em 2011 em 33 por cento, para 2.400 ônibus.

Na Índia, onde a empresa tem 49 por cento de uma parceria com o grupo Tata, a previsão é elevar a produção de 12 mil unidades em 2010 para 13 mil este ano. Mas nos próximos cinco anos o volume pode chegar a 25 mil unidades, transformando a operação em uma das mais importantes para a Marcopolo no exterior.

Como um todo, a empresa espera aumentar sua produção em 2011 em 9,5 por cento, para 30.200 unidades.

Incentivo local
No Brasil, a empresa está pegando carona no financiamento ao setor pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para renovação de frota de ônibus --8 anos de prazo com juro fixo de 10 por cento ao ano. Além disso, o crescimento da renda tem impulsionado a demanda por transporte, como também tem garantido a geração de emprego.

"Em cerca de 10 anos, duplicamos a classe C, que é a que consome ônibus. As pessoas estão viajando mais, as frotas andam mais cheias e há uma necessidade maior de renovação", disse o executivo. Em 2010, a frota brasileira de ônibus somava 449,1 mil veículos, com idade média de 14,5 anos.

"O que estamos projetando é um crescimento da produção brasileira até 2014-2015 para próximo de entre 45 mil e 50 mil unidades ante 34 mil a 35 mil atuais. É um crescimento interessante do qual queremos participar."

Zignani afirmou que a cada 50 novos empregos gerados no país é preciso um ônibus para transportar os trabalhadores.

Dólar ajuda
Para 2012, no Brasil, o diretor da Marcopolo estima que a empresa poderá pelo menos manter o total de vendas deste ano de cerca de 20 mil unidades.

A dúvida por ora é o comportamento de fabricantes de chassis de ônibus no próximo ano, diante da entrada em vigor no início de 2012 da norma EURO 5, que determina menores emissões de poluentes.

De acordo com Zignani, as montadoras de chassis estão antecipando produção neste ano e os compradores estão aproveitando para também adiantar compras de veículos antes que o preço suba devido às novas regras.

Com o dólar cotado no fim de setembro no patamar de 1,88 real, o executivo também avalia potencial aumento das exportações das fábricas do grupo no Brasil em 2012.
"Com o câmbio de 1,70, 1,80 real por dólar voltamos a ser competitivos de novo... Em 2012, se o câmbio ficar como está, é possível ter mais apetite pelo mercado externo."
Fonte/exame04/10/2011

04 outubro 2011



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