07 outubro 2011

Credit Suisse avalia grupo Odebrecht em US$ 14,6 bi.

Considerando as demonstrações financeiras da Odebrecht Investimentos (Odbinv) de 31 de dezembro de 2010 e os eventos e projeções da companhia feitos até maio de 2011, as ações do grupo, um dos maiores do país, valem hoje US$ 14,62 bilhões.

Esse é o valor encontrado pelo banco de investimentos Credit Suisse First Boston ao avaliar, pela 11ª vez, as ações da companhia.

A nova avaliação da Odebrecht não estava prevista para ser realizada neste ano, por decisão da holding Odbinv. Diante do pedido da Graal Participações, que reúne a família Gradin, para ter acesso ao documento, a Odbinv informou que dispensou a realização da avaliação de 2011 “por considerá-la supérflua”.

A informação consta no processo travado na Justiça entre a Graal e a Kieppe Participações, holding dos Odebrecht que controla a Odbinv. Em uma petição anexada pela Odbinv ao processo em 5 de julho deste ano, a defesa da empresa afirma que “no ano passado foram exercidos todos os direitos de opção de compra e venda recíproca consagrados no acordo de acionistas”. A Odbinv ainda informa no processo que restaria uma única operação a ser finalizada, o que tornou desnecessária a realização da avaliação, “que importaria dispêndios de elevados custos, superiores a US$ 1 milhão”.

A operação ainda não finalizada a que a Odbinv se refere é a compra dos 20,6% de ações da Graal em meados de 2010. O exercício de opção de compra dos papéis teve sua validade contestada pela Graal, que pediu a instauração de um procedimento de arbitragem para resolver o impasse. Diante da negativa da Kieppe em instaurar a arbitragem, o caso foi parar na Justiça da Bahia e ainda está pendente de julgamento.

Mesmo assim, a avaliação foi realizada pelo Credit Suisse e apresentada em agosto em uma reunião na Odebrecht S.A., controlada da Odbinv e holding das empresas operacionais do grupo. O Valor tomou conhecimento dos valores atribuídos em 2011 ao conglomerado. De acordo com a avaliação, as ações da Odbinv valem hoje US$ 14,62 bilhões, valor 48% superior ao apontado no ano passado pelo banco. As maiores valorizações, segundo o relatório do Credit Suisse, ocorreram na Braskem, cujo valor das ações cresceu 126,93%, e na ETH, com valorização de 78,16%. À Odbinv ainda foi atribuída uma dívida de US$ 1,94 bilhão, referente ao devido pela compra, em 2010, das ações dos minoritários – entre eles a Graal.

Procurado pelo Valor, o Credit Suisse informou que não faz comentários sobre serviços prestados a clientes. A Odbinv, em nota enviada à reportagem, informou que “a Organização Odebrecht não teve seus ativos avaliados no ano de 2011 para efeitos do seu acordo de acionistas, porque tal avaliação se tornou desnecessária em razão dos exercícios de opção de compra e venda ocorridos em 2010″. A empresa ainda afirma que, “como amplamente divulgado, a Odebrecht implantou, neste ano, planos de incentivo de longo prazo, cujo acompanhamento pressupõe a realização de avaliações anuais” e que “os dados relativos às avaliações destinadas ao conhecimento dos sócios participantes dos planos são do exclusivo interesse destes e, portanto, confidenciais”.

Ao contrário das avaliações feitas desde 2001 pelo Credit Suisse, que tinham como escopo apurar o valor da participação dos acionistas minoritários para eventuais negociações com o controlador, a avaliação de 2011 teve o objetivo de apurar o valor das ações para definir o preço de aquisição e de saída do plano de incentivo de longo prazo. Mas, para a defesa da Graal, realizar a avaliação com o argumento de que ela foi feita para outros fins significaria dizer que ela não é feita de forma independente. “A existência de uma avaliação de Odbinv em 2011 desmente afirmações feitas pela controladora em juízo”, diz o advogado da Graal, Luís André de Moura Azevedo.

A avaliação realizada em 2010 pelo Credit Suisse é contestada pela Graal. Segundo sua defesa, enquanto o banco calculou o valor do grupo em US$ 9,8 bilhões em 2010, seu valor real seria de ao menos US$ 25,4 bilhões. A diferença teria reduzido o valor atribuído pela Kieppe às ações da família Gradin. Nas contas da Kieppe, os 20,6% da Graal valeriam US$ 1,5 bilhão, já deduzidos os 25% de desconto na compra de participações minoritárias ilíquidas. Nas contas da Graal, sua participação valeria no mínimo o dobro. Pela nova avaliação, suas ações valeriam US$ 3,01 bilhões.
Fonte: Valoronline07/10/2011

07 outubro 2011



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