16 outubro 2011

Brasil é só o 97º no ranking de crescimento

Em 2010, País ficou no 31º lugar; projeções caíram de 5,5% no início do ano para 3,5%

O governo brasileiro reduz gradativamente as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desde o início do ano. As apostas já estão em 3,5%. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) também revisou para baixo as perspectivas de desempenho da maioria das economias. Para o órgão, o Brasil deverá crescer 3,8%, o que será a 97.ª alta entre 183 nações. No ano passado, o PIB de 7,5% garantiu ao País uma posição bem melhor nesse "ranking de crescimento": o 31.° lugar.

No recorte realizado com países integrantes do G-20, o Brasil melhora de posição. Entre as principais economias do mundo, a brasileira terá o nono maior crescimento, junto com o México. A China lidera com um PIB de 9,5% e será seguida por Argentina (8%) e Índia (7,5%). No ranking global, estão na frente do Brasil alguns países com economias pouco maduras e, por isso, com mais facilidade para crescer. O PIB mais alto este ano deverá ser o do Catar (18,7%). Na sequência, estarão Gana (13,5%) e Mongólia (11,5%).

No início do ano, a expectativa do governo brasileiro era de um crescimento de 5%. Havia até a aposta de que o PIB de 2011 seria o pior da gestão Dilma Rousseff. O Ministério da Fazenda previa um crescimento de 5,5% em 2012 e de 6,5% para os anos de 2013 e 2014.

Vários fatores explicam um crescimento menor do Brasil este ano. O primeiro é a alta base de comparação, já que o PIB do ano passado foi o maior desde 1986. A crise europeia e a necessidade de promover ajustes ficais por causa da inflação são outros fatores que pesam na redução do crescimento do País. No acumulado 12 meses, o IPCA -índice oficial de inflação - está em 7,31%, bem acima dos 6,5%, teto da meta prevista pelo governo.

"A crise sem dúvida obriga uma contenção de gasto com investimento e deixa a expectativa com o futuro mais incerto, fazendo com que as empresas e governo adiem os seus planos", diz Alexandre Chaia, professor do Insper. O tamanho da turbulência pode ser medido pelo desempenho previsto pelo FMI para alguns países. O PIB japonês vai cair 0,5%, o da Grécia 5% - o país só ficará na frente da Costa do Marfim, que terá um PIB negativo de 5,5%. Também em crise, a Espanha deverá crescer 0,8%.

Outro fator que trava o crescimento do País é a falta de mão de obra qualificada. Atualmente, para muitos especialistas, o Brasil vive uma situação de pleno emprego - em agosto, a taxa de desocupação ficou em 6%, segundo o IBGE. "Precisamos ter mão de obra disponível. Se isso for um obstáculo, como vamos abrir novas fábricas? Precisamos preparar o mercado de trabalho do lado da oferta", diz Celso Grisi, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA). Ele ressalta também os frequentes problemas de infraestrutura.

No longo prazo, o FMI prevê que o Brasil cresça 3,6% no ano que vem e 4,2% até 2016. "Para aumentar o nosso crescimento, o governo precisa ter uma política industrial mais clara e arrojada. Por exemplo, apontar quais os setores estratégicos que poderíamos incentivar e ocupariam um grande espaço na economia nacional", afirma Grisi. Se a previsão estiver correta, o Brasil terá o 90.° maior crescimento em quatro anos.

Na avaliação de Chaia, o grande problema não é crescer 3,5% este ano, mas o que "as pessoas percebem como futuro". "Eu acho que hoje o futuro está mais incerto do que estava antes. Talvez, com uma claridade maior sobre a crise, os investimentos possam retornar."

Brics e América do Sul. Na comparação com os países que formam o grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o País terá um crescimento maior apenas em relação à África do Sul. "Convém lembrar que, de todos os países do Brics, o Brasil é o mais democrático", disse Grisi. É importante ressaltar que a Rússia ainda se recupera de um PIB negativo de 7,5% em 2009, resultado da crise global.

Para Grisi, na América Latina, os dois países que mais se destacam são Chile e Peru. Neste ano, o FMI estima que eles deverão crescer 6,5% e 6,2%, respectivamente. "O Chile é um país profundamente educado e tem uma economia muito aberta ao mundo", diz Grisi. "Já o Peru fez reformas importantes no passado e obteve o grau de investimento antes do Brasil", completa.Por LUIZ GUILHERME GERBELLI
Fonte:OEstadodeSP16/10/2011

16 outubro 2011



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