08 fevereiro 2012

Stora Enso põe sede global no Brasil

Em um processo de reorganização global que resultou na escolha inédita de uma operação fora da Europa como sede de tomada de decisões, a sueco-finlandesa Stora Enso aumentou a aposta nos negócios de celulose e colocou o Brasil como centro de sua estratégia para a área.

A partir daqui, em um escritório moderno e recém-inaugurado no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, o executivo Juan Carlos Bueno comandará a nova área, que vai concentrar os negócios de Biomateriais de uma das maiores papeleiras europeias. Em 2012, apenas essa unidade de negócio deverá faturar € 1,1 bilhão.

Para se ter uma ideia da relevância do escritório brasileiro, aqui ficarão seis dos oito executivos com cargos-chave da nova unidade. Os dois postos internacionais ficam na Suécia e na Finlândia.

Sob o guarda-chuva da divisão de Biomateriais estão todas as fábricas de celulose de mercado da Stora Enso: Veracel (na Bahia), Montes del Plata (em construção no Uruguai), Skutskär (Suécia) e Sunila e Enocell (na Finlândia). Juntas, as fábricas podem produzir 4,74 milhões de toneladas por ano da fibra. A unidade também incorporou áreas florestais no Estado do Rio Grande do Sul e plantações experimentais no Laos e Tailândia. Unidades integradas de papel, que também produzem a matéria-prima, ficaram em outra divisão.

Reduzir a exposição à Europa e ao negócio de papel, que oferece rentabilidade inferior à alcançada em celulose, foi um dos vetores para a reorganização da tradicional indústria europeia. Isso não significa, contudo, que a companhia vá abandonar planos de expansão no negócio tradicional. O forte crescimento da demanda por tissue (papel higiênico) também foi levado em consideração no novo formato da corporação, que pretende avançar sobre esse mercado, especialmente em economias emergentes.

Atualmente, a área de Biomateriais responde por cerca de 10% das vendas da Stora Enso e por mais de 10% dos lucros. Com a entrada em operação da fábrica uruguaia, que está sendo erguida em parceria com a chilena Arauco, a participação no faturamento consolidado deve ultrapassar 15%. Em 2010, a companhia faturou € 10,3 bilhões.

"Essa é a primeira vez que uma área de decisão sai dos países escandinavos", ressalta Bueno. "E a maior presença na América Latina não vai parar com a fábrica no Uruguai", acrescenta. A operação em Montes del Plata, com capacidade para 1,3 milhão de toneladas anuais de celulose e investimento de cerca de US$ 2 bilhões, deve ser iniciada nos primeiros meses de 2013. Mais adiante, provavelmente em 2017, entraria em atividade a segunda linha da Veracel, joint venture com Fibria que produz celulose branqueada de eucalipto no sul da Bahia.

Entre um projeto e outro, a europeia não descarta a possibilidade de aquisições ou nova sociedade no modelo feito com Fibria e Arauco. "Temos uma posição de caixa sólida e planos de crescimento. Mas temos de avaliar se é um projeto que faz sentido para nossa estratégia, especialmente em termos de sustentabilidade", diz.

A nova área de negócios, contudo, não será exclusivamente voltada à celulose - daí o nome Biomateriais. Conforme Bueno, colombiano de 44 anos que foi contratado no ano passado para o cargo de diretor para a América Latina da Stora Enso, a companhia vai explorar outros compostos da madeira, como a lignina.

Até o fim do ano, a ideia é contar com uma equipe de pesquisa e desenvolvimento local, que trabalhará em sintonia com o grupo já em atividade na Europa. "Já começamos, inclusive, a produzir microcelulose (aplicada na indústria de cosmésticos, por exemplo) na Finlândia", afirma o vice-presidente da Stora Enso para América Latina, Otavio Pontes.

O processo de reestruturação dividiu a Stora Enso em quatro grandes áreas de negócio. Ao lado de Biomateriais, aparecem as unidades de Escrever e Imprimir, Embalagem Reciclável e Construir e Viver (negócios com madeira). Neste momento, papéis representam 50% dos negócios da companhia. "Esse é o mercado que menos cresce. Vamos nos voltar a outros mercados e outras geografias, e isso deve resultar em alteração nessa composição dos negócios", reitera Bueno.

Com 85 fábricas no total - a esmagadora maioria instalada em países europeus -, a Stora Enso opera ainda no Brasil uma unidade de produção de LWC, única fabricante de papel cuchê de baixa gramatura na América Latina. A unidade está localizada em Arapoti, no Paraná. Por Stella Fontes
Fonte:ValorEconômico08/02/2012

08 fevereiro 2012



0 comentários: