08 abril 2016

Em shoppings, 10% das lojas preocupam

Relatório recém-publicado pelo banco Credit Suisse revela o impacto da recessão em negócios instalados em shopping centers e, por tabela, mostra o nível de exposição das cinco maiores empresas de shoppings do país às operações de lojistas em pior situação financeira. A conclusão: quase 10% das 21,5 mil lojas existentes nos 104 shoppings pertencentes a Iguatemi, Multiplan, BRMalls, Aliansce e Sonae Sierra estão em situação financeira "frágil" ou "preocupante".

Foram considerados critérios como número elevado de títulos protestados e relação entre dívida líquida e lucro operacional.

Numa análise de 170 redes com mais de 20 lojas em operação, um terço apresenta problemas graves. Estas 170 redes somam seis mil lojas em segmentos como vestuário, calçados, eletrodomésticos, cosméticos e outros.

Situações mais delicadas, carimbadas como redes com bandeira vermelha, foram detectadas em quase 7% das 170 cadeias. Isso significa que poderiam ser enquadradas no "Chapter 11" da lei norte-americana de falências, equivalente ao regime de recuperação judicial no Brasil. Esse grupo de varejistas acumula títulos protestados acima de R$ 2 milhões.

O segundo grupo, que abarca 25% das 170 redes, recebeu bandeira amarela. Nele estão redes com uma "quantidade substancial" de contas protestadas - mais de cinco protestos com valor total superior a R$ 1,5 milhão. Também há caso de redes cujo valor da dívida líquida ultrapassa 2,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).

Conclui-se, portanto, que "cerca de um terço [ou uma em cada três redes de varejo] são consideradas bandeira vermelha ou amarela", escreve a equipe de análise liderada por Nicole Hirakawa, que avalia o número como "preocupante". O Credit Suisse não tem dados comparativos de anos anteriores.

Para se chegar a esse quadro, a equipe cruzou o total da base de lojas existentes nos shoppings das cinco empresas de capital aberto - e que publicam informações ao mercado trimestralmente - com dados de protestos judiciais de lojistas. Os protestos revelam o tamanho das dívidas.

"Existem 17 marcas no grupo de bandeiras vermelhas, equivalente a cerca de 400 pontos de venda no país. A sobrevivência dessas cadeias é mais questionável e, portanto, tem maior risco de vacância ou inadimplência, e podem ser forçadas a fechar", escrevem, sem identificar as redes. Entre as 17 marcas, 13 estão no segmento de vestuário (seis de roupas femininas, duas de roupas masculinas e cinco atende os dois públicos).

As lojas carimbadas com bandeiras amarelas mostram situação financeira "muito menos grave", diz o banco. "No entanto, acreditamos que elas terão que fechar mais lojas para tentar sair de seu moderado estresse financeiro", escrevem os analistas Nicole Hirakawa, Luis Stacchini e Vanessa Quiroga, do Credit Suisse.

No setor de moda e vestuário, os três analistas estudaram a situação de cerca de 45% do total de lojas desse tipo em operação em shoppings no país. Constataram que 36% delas estão em delicada situação financeira (são bandeiras vermelha e amarela). No varejo eletroeletrônico, cerca de 20% estão com problemas.

Lojas sob gestão familiar, que têm uma ou duas unidades, representam em média 30% do número total de pontos venda em shoppings. E costumam sofrer mas em crises econômicas, pelo limitado acesso a capital e baixa escala.

Pelos cálculos do presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, as lojas satélites (incluem redes de médio porte, franquias, mas não lojas âncoras) chegam a 60% do total de pontos dos shoppings. "Nesse grupo, há marcas mais desconhecidas que não conseguem sobreviver muito tempo a uma recessão econômica deste tamanho. Sobrevivem mais facilmente aquelas de segmentos em situação um pouco melhor, como pets e farmácias", diz Sahyoun,

Multiplan e Iguatemi têm, segundo o estudo do banco, a menor exposição a lojas familiares (um ou dois pontos), chamadas também de lojas independentes - esse tipo de negócio representa 22% e 26% da base de lojas das duas empresas, respectivamente. A média das cinco operadoras de shoppings avaliadas pelo Credit Suisse é de 29%. A mais exposta a esse tipo de loja é a Sonae, com 33%.

Na ponta oposta, as empresas com mais varejistas de maior porte na base - teoricamente, negócios com maior escala e liquidez - são Multiplan, Iguatemi e Sonae, nesta ordem. Na combinação dos dois aspectos - menos lojas pequenas e mais lojas maiores - o destaque é a Multiplan.

Entre as empresas com maior número de lojas muitas vezes administradas por famílias ou microempresários, com um a dois pontos, está a BR Malls, com 2,7 mil lojas para um total de 9 mil pontos. A Aliansce, com cerca de 5 mil lojas, tem pouco mais mil pontos desse tipo, de menor porte.

Os analistas do Credit Suisse, notaram que as taxas de vacância e inadimplência de lojistas estão altas, como reflexo da recessão, que reduziu vendas para os e a receita dos shoppings com aluguel. "Nesse cenário, estamos considerando um longo período de recuperação para o varejo. Os custos mais elevados de ocupação e menor produtividade (vendas por metro quadrado) nos fazem acreditar que um crescimento das vendas "mesmas lojas" [em operação há mais de 12 meses], quando vier, servirá para os varejistas colocarem os pés no chão", diz o relatório.Valor Econômico - Leia mais em abinee em 08/04/2016

08 abril 2016



0 comentários: