22 agosto 2015

Gestora RCB recebe aporte de empresa americana

Em tempos de retração da economia e perspectiva de alta da inadimplência, o mercado de compra de carteiras de crédito em atraso atraiu para o país mais um grande investidor estrangeiro. A americana PRA Group, uma das principais empresas internacionais que atuam no segmento, fechou um aporte na brasileira RCB Investimentos.

A empresa americana passa a deter o controle da gestora, uma das mais ativas do país entre as que não possuem ligação com instituições financeiras, com uma carteira total com R$ 16 bilhões de valor de face.

O valor do negócio não foi revelado, mas 100% dos recursos foram destinados para reforçar o capital da gestora.

Os sócios-fundadores da RCB, Alexandre Nobre e Renato Toledo, permanecem no comando da empresa, criada em 2008. Até a entrada dos novos sócios, a gestora atuava principalmente com recursos de terceiros, a maior parte investidores estrangeiros. “Com o balanço próprio criado após o investimento da PRA, capital não será um limitador para nós”, diz Nobre.

A RCB atua na aquisição de carteiras de financiamentos a pessoas físicas, incluindo linhas de crédito pessoal, de veículos e cartões, além de empréstimos a pequenas empresas. Em menor escala, a gestora avalia a compra de créditos concedidos a companhias de médio porte e pretende avaliar oportunidades no setor imobiliário.

Neste ano, o volume de vendas de carteiras inadimplentes pelos bancos deve atingir até R$ 25 bilhões, bem acima da média do mercado, que movimenta ao redor de R$ 15 bilhões ao ano, de acordo com o sócio da RCB. Além de instituições estrangeiras e de médio porte, a negociação de créditos da Caixa Econômica Federal deve contribuir para ampliar o volume.

Ao mesmo tempo em que as oportunidades aumentam com a maior quantidade de créditos no mercado, Nobre afirma que o momento econômico inspira cautela para quem está na ponta compradora das carteiras. “O percentual de recuperação de crédito deve se reduzir no curto prazo.”

Embora a conjuntura atual favoreça o investimento em ativos de créditos “podres”, a entrada da PRA no Brasil faz parte de um movimento mais amplo, segundo o executivo. “Um banco não vai tomar a decisão de vender uma carteira com 1 milhão de clientes só porque a inadimplência subiu num período”, diz.

As empresas já vinham discutindo oportunidades em conjunto desde o ano passado. A principal aposta, e que independe do cenário econômico, é que os bancos brasileiros passem a fazer da venda de carteiras de crédito em atraso uma prática recorrente, a exemplo do que já acontece nos mercados americano e europeu, onde a PRA atua. “A diferença é que o setor financeiro no Brasil é muito concentrado, o que vai demandar um volume alto de capital para as operações de compra”, afirma.

Além do dinheiro, a associação com a PRA, que tem capital aberto na Nasdaq, contribui e traz maior conforto nos negócios com os bancos locais. “A empresa atua nos mercados mais regulados do mundo”, diz Nobre. No segundo trimestre, a PRA registrou lucro líquido de US$ 51,4 milhões, alta de 37% em relação ao mesmo período do ano passado, com retorno sobre o patrimônio líquido de 23,5%. A empresa conta com uma carteira total da ordem de US$ 30 bilhões, de acordo com o executivo. Vinicius Pinheiro | Valor Econômico Leia mais em Buguelli 21/08/2015



22 agosto 2015



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