25 agosto 2015

Galvão prevê obter R$ 550 milhões com CAB

A Galvão Engenharia espera obter R$ 550 milhões com a venda da companhia de saneamento CAB Ambiental. Esse é o preço mínimo pelo qual o controle da concessionária deve ser levado à leilão, conforme o apurou o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.

Os recursos serão usados no plano de recuperação judicial da empresa de construção civil, para abatimento de dívida. Do total, porém, pouco mais de 30% (um terço) serão usados como capital de giro para manutenção do negócio.

Com dívidas da ordem de R$ 2 bilhões, a Galvão Engenharia entrou em crise após o envolvimento na operação “Lava-Jato” do Ministério Público Federal (MPF). O pedido de recuperação judicial foi protocolado na Justiça em junho.

A companhia contabilizou receita consolidada de R$ 3,6 bilhões em 2014 e tinha, ao fim do ano passado, o equivalente R$ 6,7 bilhões de projetos em carteira.

Em 17 de agosto, teve início a assembleia de credores da companhia, mas foi suspensa a pedido dos próprios representantes da empresa. O plano é retomar o encontro na sexta-feira.

A Galvão detém 66,6% da CAB Ambiental. O restante está nas mãos da BNDESPar. Ao preço-mínimo de R$ 550 milhões pelo controle, o comprador deverá fazer um desembolso total de R$ 850 milhões, por conta dos direitos do acionista minoritário de também vender suas ações.

O valor pelo qual a empresa de saneamento será oferecida é inferior à expectativa inicial da Galvão, que embutia uma avaliação superior a R$ 1 bilhão à CAB – o que daria pouco mais de R$ 100 milhões adicionais pelo controle.

A soma a ser levantada, contudo, tecnicamente pode ser ampliada, uma vez que existem até quatro interessados na empresa e a venda é realizada em leilão. É comum que o preço-mínimo seja o valor pelo qual um comprador já aceitou assinar acordo vinculante, ou seja, compromisso de aquisição. Tende a ser, neste sentido, o melhor valor já oferecido pelo ativo.

“Os credores já estão confortáveis com esse valor de R$ 550 milhões pela CAB, a despeito de inicialmente termos projetado mais”, disse ao Valor fonte próxima à recuperação judicial.

A Aegea já confirmou interesse em disputar o ativo e fontes do mercado afirmam que o GP Investments continua nas negociações para comprar toda a participação do grupo. Antes de estourar a Lava-Jato, o fundo negociava a aquisição de uma fatia da participação detida pela Galvão. Com o início das investigações, no entanto, esse plano foi deixado de lado. A israelense Miya e a francesa Suez já foram citadas como estrangeiras que poderiam entrar no mercado brasileiro de concessões de saneamento por meio da CAB. A Suez, no entanto, disse que suspendeu os estudos para voltar a atuar como operador no Brasil, tanto por meio de aquisições como por novos contratos.

A Galvão ainda possui outros ativos a serem vendidos, mas nenhum tão cobiçado quanto a CAB. A concessionária atua em 36 municípios, nos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Alagoas, e atende a 3,6 milhões de pessoas. O resultado, porém, vem piorando rápido com a falta de investimento e as dívidas elevadas.

Sempre na comparação do primeiro semestre de 2015 sobre o mesmo período de 2014, a CAB acumulou receita líquida de R$ 248,5 milhões, queda de 15,7% sobre 2014. O prejuízo operacional, após as despesas financeiras, foi de R$ 10,2 milhões, ante lucro de R$ 15,8 milhões. A última linha do balanço marcou prejuízo líquido de R$ 8 milhões, frente a lucro de R$ 5,6 milhões. O resultado líquido atribuído aos acionistas controladores mostrou perda de R$ 5,8 milhões, revertendo lucro de R$ 6,4 milhões.

A expectativa da Galvão é obter até R$ 2,5 bilhões entre venda de ativos e recuperação de créditos. A empresa tem cerca de R$ 2 bilhões a receber da Petrobras.

Além do ativo de saneamento, o grupo decidiu incluir no plano a venda da Galvão BR-153, responsável pela gestão da concessão da rodovia que leva o mesmo nome, e da Pedreira, filial localizada no município de Arujá, no interior de São Paulo. A expectativa da empresa é de que o valor obtido com as vendas, somado aos direitos creditórios que ela tem contra clientes, em sua maior parte contra a Petrobras, sejam suficientes para quitar a dívida listada na recuperação.  Graziella Valenti e Victória Matoan |  Valor Econômico Leia mais em buguelli 25/08/2015


25 agosto 2015



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