13 agosto 2015

CSN deve vender alguns ativos em curto espaço de tempo, diz Caffarelli

A venda de alguns ativos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), fora do rol do business principal, deverá acontecer em um curto espaço de tempo, disse nesta quinta, 13, em teleconferência com analistas, o diretor executivo, responsável pelas áreas corporativas da companhia, Paulo Caffarelli. Com a recém contratação de bancos de investimentos mandatários nesse processo, a CSN iniciou nesta semana os procedimentos para o programa de desinvestimentos.

Para poder ter mais tranquilidade para vender seus ativos sem a pressão de potenciais compradores, a CSN trabalhou inicialmente no alongamento de suas dívidas de mais curto prazo, com foco naquelas com vencimento em 2016 e 2017. Caffarelli destacou que essa medida coloca a CSN em posição mais forte na hora na negociação, já que não haverá pressa para as vendas dos ativos. Entre as opções do portfólio da companhia fora do core business e que estão na mesa para a venda estão os ativos de energia da companhia, o Tecon, a participação excedente que possui na MRS e a fatia detida na Usiminas, conforme antecipou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, em abril.

A expectativa de que algumas vendas podem ocorrer relativamente cedo está ancorada na demanda que já vem sendo observada pelos ativos da CSN, observou o executivo. "Começamos o processo nessas semanas, há demandantes em alguns ativos e já temos uma expectativa de que em um espaço curto já tenhamos vendido alguns deles", disse. Ele ponderou, por outro lado, que o processo pode "demorar um pouco para o encaminhamento da documentação".

O executivo exemplificou a procura pelo Tecon, o Terminal de Cointainers, que, segundo ele, está "muito grande" e com ofertas acima do valor econômico do ativo. "O Tecon é um investimento altamente estratégico em vários sentidos", afirmou.

Caffarelli frisou que a companhia "não medirá esforços para reduzir sua alavancagem". A alavancagem da empresa atingiu 5,61 vezes no segundo trimestre deste ano. O indicador, que é medido pela relação da dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), era de 2,71 vezes no mesmo período do ano passado e estava em 4,76 vezes nos três primeiros meses deste ano.

Caffarelli explicou que com o alongamento da dívida de 2016 e 2017 permitirá que a CSN venda ao longo desse período os ativos de forma tranquila. "Iremos conviver com uma alavancagem acima do ideal, mas o mais importante é a atividade que a empresa vem fazendo para reduzir esse indicador", afirmou. Passado esse prazo, o executivo disse que a companhia trabalhará, assim, para buscar alternativas de financiamento de longo prazo e adequadas para a sua atividade produtiva. "Não iremos aumentar nosso endividamento, mas trocar nosso perfil", explicou.Por Fernanda Guimarães | Estadão Leia mais em Yahoo 13/08/2015
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CSN VAI VENDER ATIVOS PARA ESTANCAR DÍVIDA

O quadro de deterioração financeira da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) piorou além do previsto e levou a empresa a apresentar ao mercado um plano de contenção da alavancagem. Benjamin Steinbruch, principal acionista e presidente do grupo, participou da teleconferência ontem com investidores e analistas durante a manhã - um fato raro - para assegurar que o foco está na recuperação da saúde financeira.

Nas palavras de Paulo Caffarelli, diretor corporativo da companhia, reduzir a alavancagem é a "palavra de ordem" na corporação agora. O executivo confirmou que nesta semana foi dado o pontapé oficial para a venda de ativos considerados não estratégicos e que podem ajudar na redução do endividamento. Os bancos foram contratados e há possibilidade de "venda imediata", disse ele ontem no evento.

"A desmobilização de ativos é agora o principal motivo de nosso trabalho, no sentido de reduzir a alavancagem. Acumulamos ótimos ativos ao longo do tempo, mas em função da mudança do quadro do custo do dinheiro, do preço do minério de ferro e do mercado interno pior, optamos por concentrar esforços em ativos 'core' [estratégicos]", explicou Steinbruch. As operações que estão disponíveis para alienação são o Tecon, terminal de contêineres da companhia em Sepetiba (RJ), e algumas unidades de energia. Além disso, a participação excedente na ferrovia MRS e as ações da concorrente Usiminas, estão na lista.

A fatia de 17,4% no capital social da Usiminas vale, a preço de bolsa, quase R$ 1 bilhão. Na MRS Logística, os 7,8% "excedentes" de ações ordinárias, acima dos 20% de limite em direito de voto, poderiam render cerca de R$ 155 milhões. Os papéis preferenciais valeriam R$ 504 milhões. Em energia, as operações cotadas para alienação são os 29,5% na hidrelétrica de Itá (SC) e os 18% de Igarapava (MG).

Para o BTG Pactual, a venda de ativos seria positiva, mas as condições atuais do mercado estão distantes das ideais. Para equilibrar as contas, seria necessário vender ao menos R$ 5 bilhões, "o que achamos difícil", diz o banco em relatório. A decisão de suspender o pagamento de dividendos, todavia, foi bem-vista. Já para o UBS, outro risco que a CSN corre é ter de fazer uma baixa contábil nos próximos trimestres em mineração, como fez a Usiminas.

As ações da companhia terminaram o pregão de ontem na BM&FBovespa em queda de 9,55%, cotadas em R$ 3,60. Além de ter figurado na maior perda do principal índice, esse patamar representou a pior avaliação do mercado para a CSN em quase uma década - desde outubro de 2005. Seu valor de mercado foi a R$ 5 bilhões, ou quase US$ 1,5 bilhão. Para efeito de comparação, quando vendeu a fatia de 40% da mineradora Namisa a seus atuais sócios asiáticos, o grupo recebeu US$ 3,1 bilhões. A Namisa representa uma fatia pequena da produção de minério, de 15%, e menos ainda dentro do resultado consolidado da CSN.

A companhia contabilizou prejuízo líquido de R$ 614,3 milhões no segundo trimestre, ante lucro de R$ 21,7 milhões um ano antes. A receita líquida caiu 9% também em comparação anual, para R$ 3,69 bilhões, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado atingiu R$ 801 milhões, queda de 38,5%. O desempenho fraco é fruto da baixa venda de aço no país e da depreciação do minério de ferro no último ano.

O problema da CSN é que a empresa convie com uma dívida bruta pesada - R$ 31,87 bilhões no fim de junho. E vem queimando caixa a cada trimestre. No segundo, alcançou praticamente R$ 1 bilhão, elevando endividamento líquido em 3,9%, a R$ 20,8 bilhões. O menor Ebitda, aliado ao avanço das obrigações líquidas, deixou a alavancagem da CSN, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, em 5,6 vezes. No fim de março, o índice era de 4,8 vezes. Há um ano - 2,7 vezes.

Pesou ainda sobre o desempenho da ação a declaração de Caffarelli, diretor corporativo, de que uma distribuição de dividendos não está atualmente na agenda da companhia. "Essa foi uma posição tomada pelo conselho de administração, pelo presidente-executivo e pela diretoria", declarou.

Outras siderúrgica do país também tiveram queda na bolsa - Usiminas PNA recuou 2,73% e Gerdau PN, 1,9%. No ano, as perdas da CSN alcançam 29,9%, ante 40% de Gerdau e 29,5% da Usiminas. Porém, em 12 meses, o desempenho da siderúrgica comandada por Steinbruch já é o pior.

Segundo a CSN, as três frentes adotadas para conseguir conter a deterioração em sua saúde financeira passam por maior eficiência operacional, foco na gestão financeira e entrega de novos projetos com investimentos mais centrados em operações mais rentáveis. No lado financeiro, a gestão de caixa, de custos, de capital de giro e de passivos financeiros. Os investimentos serão contidos: previsão de R$ 1,3 bilhão este ano e R$ 1,5 bilhão em 2016, ante R$ 2,24 bilhões em 2014. (Colaboraram Camila Maia e Daniela Meibak) Fonte: Valor Econômico/Renato Rostás | De São Paulo Leia mais em portosenavios 17/08/2015


13 agosto 2015



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