10 outubro 2013

Samsung busca aquisições para se fortalecer em software

A Samsung Electronics Co. está intensificando sua busca por aquisições e aumentando sua presença no Vale do Silício para tentar superar sua principal fragilidade: o software.

 A empresa sul-coreana se tornou a maior fabricante mundial de smartphones, com aparelhos atraentes que chegam ao mercado de forma rápida e barata. Mas para prosperar num mercado de dispositivos móveis cada vez mais dominado por especialistas em software como Apple Inc., AAPL +1.11% Google Inc. GOOG +1.34% e Microsoft Corp. MSFT +1.01% — que comprou a divisão de telefones da Nokia Corp. NOK1V.HE +3.77% no mês passado—, a Samsung quer se tornar também uma potência no software.

No início do ano, a Samsung estava entre as candidatas a adquirir a israelense Waze Ltd., serviço de mapeamento para celulares, segundo pessoas a par do tema. Em julho, o Google acabou comprando a Waze por cerca de US$ 1,1 bilhão, negócio que ainda está sendo analisado pela Comissão de Comércio Federal dos Estados Unidos. De acordo com uma fonte, antes de começar a negociar uma aquisição, a Samsung procurou a Waze para fazer um grande investimento e fechar uma parceria.

 A Samsung tem em vista muitas outras novas firmas de software, em especial nas áreas de jogos, buscas na internet em aparelhos móveis, redes sociais móveis e serviços de mapas, segundo funcionários da empresa e um documento interno analisado pelo The Wall Street Journal.

O documento, uma apresentação sobre fusões e aquisições preparada em fevereiro pela divisão da Samsung que trabalha com iniciativas de software, detalha as razões da empresa para ampliar sua presença em cada categoria e apresenta possíveis metas de aquisição e investimento.


Segundo o documento, a Samsung já avaliou firmas novatas como a Unity Technologies, que desenvolve plataformas para jogos, e a Green Throttle Games Inc., que fabrica controladores de jogos e software para conectar dispositivos móveis a televisores. Ela também considerou a Atari Inc., pioneira dos videogames, que a Samsung poderia ter usado para oferecer jogos clássicos como Asteroids e Pong com exclusividade em seus celulares. A Atari leiloou alguns de seus ativos este ano como parte de sua recuperação judicial, após rejeitar ofertas de empresas interessadas em seu portfólio de jogos.

 A Samsung também estudou a Glympse, empresa de Seattle que permite ao usuário compartilhar sua localização com os amigos — serviço que a Samsung acredita que pode ser integrado às funções de calendário e contatos já existentes em seus celulares, o que lhe permitiria diferenciar-se das concorrentes.

 Primeiro, a Samsung procurou a Glympse no início de 2012 e lançou a ideia de um investimento, embora as conversas ainda estejam em curso, segundo uma pessoa a par do tema. Em setembro, a Glympse apresentou um aplicativo para o relógio inteligente Galaxy Gear, da Samsung.

 Em outra parte do documento, a Samsung menciona como um possível alvo a Everything.me, de Tel Aviv, que desenvolve um motor de busca para celulares. Também estudou outra firma israelense, a Rounds, que faz aplicativos para bate-papo em vídeo e pode ajudar a Samsung a competir com o FaceTime, da Apple, e o Hangouts, do Google.

 A Samsung não quis comentar os planos de aquisição.

 Nos últimos meses, a Samsung iniciou as obras de um grande centro de pesquisas perto da sede da Apple e lançou uma incubadora para novas firmas de software, com sedes em Palo Alto, na Califórnia, e em Manhattan, Nova York. Ela fará investimentos iniciais em firmas jovens, em especial nas que desenvolvem software para aparelhos Samsung.

 A Samsung tem US$ 1,1 bilhão para investimentos em capital de risco e em firmas em estágio inicial nos EUA. Ela também tenta "roubar" engenheiros de software de suas rivais. Este mês, em San Francisco, ela realizará sua primeira conferência para desenvolvedores, um passo importante para criar um "ecossistema" de aplicativos exclusivos para seus celulares e tablets.

 Essa entrada agressiva no quintal das suas rivais não é típica da Samsung, empresa que sempre manteve suas operações muito centralizadas e evitou fazer negócios com firmas externas. A ênfase na autossuficiência é tão profunda que a Samsung fabrica cerca de 90% dos seus produtos dentro das suas próprias fábricas.

 Executivos da empresa qualificam a recente mudança como um complemento aos seus esforços de pesquisa e desenvolvimento, que continuam substanciais.

 No ano passado, a companhia gastou US$ 10,8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e manteve 67.000 funcionários dedicados a ajudá-la a manter a sua vantagem nos mercados mundiais de televisores, semicondutores e eletrodomésticos.

 Até agora, porém, suas tentativas de desenvolver um software próprio para seus celulares — que representam quase 70% dos lucros operacionais da Samsung — não acertaram o alvo.

 No Vale do Silício, a Samsung está desenvolvendo o Tizen em conjunto com a Intel Corp. INTC +2.06% Se esse novo sistema operacional se popularizar, ele poderia reduzir a dependência da empresa do Android, sistema do Google que é a base da grande maioria dos seus aparelhos móveis. Por JONATHAN CHENG, EVELYN M. RUSLI e MIN-JEONG LEE CONNECT
Fonte: thewallstreetjournal 10/10/2013

10 outubro 2013



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